19 de janeiro de 2011

Diário Nº 05 - Chuvas - 09 a 15 de Janeiro de 2011


Quando as chuvas vêm, nós não sabemos o que elas vãos nos trazer. Na antiga canção de Guilherme Arantes, “planeta água”, ele já fazia esse paradoxo entre aquelas que trazem alegria ao agricultor na plantação e a tristeza na inundação.

Perto ou longe temos visto amigos e mesmo desconhecidos sofrerem nas últimas inundações, desabamentos, deslizamentos... Pessoas têm perdido seus pertences, suas casas, amigos, parentes, suas vidas. Assistimos na TV, sensibilizados, e, para os que conhecem alguém nesses lugares, esperamos notícias.

Tudo isso me fez pensar mais uma vez que não somos donos de nós mesmos e o poder da natureza, sempre de uma forma ou outra tem uma influência muito grande em nossas vidas, seja ela positiva, negativa ou ambas. Desde estar preso no trânsito de São Paulo, ou impedido de sair de casa, ou ter o carro atolado na lama de Monte Verde, ou a triste realidade da Região Serrana do Rio de Janeiro...

Cheguei à base missionária no domingo depois de ficar preso em Camanducaia pela falta de ônibus. Nas ruas de Monte Verde a lama, evidência das chuvas nessa época do ano. Reencontrei os amigos. Os poucos que estavam aqui na base da Missão. Na segunda um reencontro abençoado de um dos caras que mais me inspiraram às missões. Marco Leandro, filho do David Botelho. Nos conhecemos em 2001 e desde então estive apenas mais duas vezes com ele, mas sempre me foi inspiração para a Obra missionária. Foi bom estar com ele.

Passei essa semana tentando voltar minha agradável rotina de levantar-me as 5:30 da manhã para meus devocionais. Somei a isso a tentativa da prática de fazer exercícios físicos junto a esse meu amigo. Minhas meditações estiveram em I e II Timóteo nesses dias. Minhas mensagens, anotadas em meu caderno azul, data-se dessas passagens que muito tem me ensinado!

Trabalhos no escritório da Missão esses dias não faltou. Desde correção de textos de alunos de missões até reavaliação do curso de Missões Transculturais e suas respectivas provas. Num desses dias pela manhã, a notícia então das catástrofes ocorridas no Rio. Além da preocupação com os amigos, a preocupação com os parentes em Petrópolis. Ao ligar pra minha mãe, soube que minha tia estava em Juiz de Fora nessa época. Se alívio por um lado, a tristeza de saber que muitos não estão tendo a mesma “sorte”.

A rua que liga até a missão estava cheio de lama, então minha líder pediu para que com o carrinho de mão, pusesse entulhos para que os carros não derrapassem na lama. Fiz isso junto a um dos pedreiros que trabalham na missão. Ele, um amigo do evangelho. Sua família toda cristã, mas não ele. Depois de havermos colocado bastante entulho nos buracos, uma chuva forte começou a cair, e então nos “escondemos” debaixo de uma árvore. Claro que a tempestade que caía venceu nossa protetora.

Usei então o exemplo da chuva para fazê-lo entender um pouco do Evangelho naquele instante. Eu lhe disse que uma coisa é saber que a chuva cai lá fora. Outra coisa é molhar-se entrando de cabeça nela. Disse que conhecer a Deus é estar no meio da chuva e não apenas vê-la caindo do lado de fora. Claro que o sermão durou o tempo que a tempestade caía e que agora, já nos molhava. Agora, me resta orar por ele. E que o Senhor, através de Seu Espírito atue em seu coração.

A noite da sexta fiquei com meus amigos na missão e vimos um filme e quando deu Meia noite me deram os parabéns! Assim como meu amigo Josimar pelo telefone ao ligar exatamente à meia-noite pra me dar os parabéns.

Dizem que aos 30 o homem passa pela “Crise dos 30”. Demoraria explicá-la toda, mas esta, no meu caso, veio aos 27! Então acho que já to “calejado” com os 30 anos reais! No dia seguinte quis ficar no meu quarto. Nem entrei na Internet, mas sabia que meus amigos haviam postado recados no Orkut e Facebook e me enviado email.

Minha amiga Angelina também tentou ligar para mim! Mas o Sinal da Tim nos impediu de fazê-lo, mas Angel! Obrigado mesmo assim!

Margareth, Mark e Paulinha me levaram ao restaurante que mais gosto de todos os lugares que já fui como presente de aniversário. À noite revi meu amigo André e sua Família. E quando cheguei à base, Letícia, Aurélio, Nilton, Adriellen e Gaílton haviam feito um bolo de chocolate e com três palitos de fósforos comemoramos meus 30 anos! Minhas 3 décadas!

Voltei à casa do André onde tentei ver um filme... Mas dormi! Durante essa semana tanto o Marco como o André me ajudaram a dar algumas voltas de carro. Comecei a por a mão na massa daquilo que havia planejado nesse ano e um desses planejamentos é tirar minha carta de motorista. Foi bom andar de carro. Consegui inclusive a dar minha primeira ré em um carro. Isso me remeteu em 2002 quando meu amigo Marcelo tentava me ensinar a dirigir...

A chuva retornou... E com ela a lembrança que apesar do nosso dia a dia, apesar dos nossos afazeres e de alguns sorrisos por cumprir mais um ano de vida, muitos choram nesse momento! Essa mesma chuva tem trazido lágrimas, angústia, tristeza e solidão.

Nesse país católico-protestante muitos rezam e oram e estendem suas mãos aqueles que necessitam. Aqueles que não podem estender as suas mãos, então estendam seus joelhos ao chão e façam suas preces e peçam ao Único que as pode responder. Que Ele console aqueles que perderam seus entes queridos, seus amigos, suas posses. E que a Luz do Amor brilhe nesse tempo de angústia com carinho, fé e solidariedade.

"Na minha angústia clamei o Senhor, e Ele me respondeu; do inferno gritei e Tu ouvistes a minha voz." Jonas 02:02


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