Nos
Capítulos Anteriores:
* Clara ouve uma mensagem gravada na secretária eletrônica de Alfredo e
fica atônita. Tentar ligar pra Ignácio e se encontra com Alfredo.
* Tiago se encontra com Bruna, a
mulher do supermercado. Ele promete dar explicações do que está acontecendo no
Uruguai.
* Mayara, Andrés, Mark, Ronald, Amanda, Natália e Daniel continuam em
fuga.
* Samuel tem seu irmão Esdras e sua mães mortos por Samantha e ele vê
seu rosto.
* Gloria e Saulo marcam uma entrevista para ir ao vivo com Alfredo
depois de haver gravado várias mensagens das pessoas que estavam sendo
perseguidas pelo Governo.
CAPÍTULO XV
A ILHA
12:55h.
- Gente, preciso parar,
por favor... – Disse Amanda pondo a mão numa árvore.
- Eu também. – Disse
Mayara. – Precisamos comer algo.. Já estamos correndo a mais de duas horas...
Todos estavam cansados.
Os homens que eles tinham feito reféns haviam amarrado os quatro com suas
próprias roupas em algumas árvores ainda no princípio quando tinham escapado.
Estavam exaustos. Não sabiam em realidade para onde escaparem. Apesar do Sol
brilhando forte no céu, dentro daquela mata fechada estava frio. Corriam ao
léu. Estavam com armas com exceção de Natália que não podia segurar nada por
causa de sua mão machucada.
- Mas precisamos continuar...
– disse Ronald – Eles estão atrás de nós com certeza. Não podemos fazer nada. O
que podemos fazer é correr.
- E se prepararmos
armadilhas pra eles? – Perguntou Andrés.
- Como? Com o que? Eles
não são tolos! – Disse Ronald...
- E se nos dividirmos? –
Perguntou Mark.
- Não creio que seja uma
boa idéia. – Concluiu Natália – é bom que estejamos juntos. Podemos pensar
juntos e sair daqui.
- Mas essa ilha é
grande! – Disse Daniel.
- Mas temos que fugir de
algum modo!
A discussão continuava
enquanto eles pegavam algum fôlego. Estavam realmente muito cansados. Não
agüentariam correr mais. Entretanto, sabiam que a qualquer momento os homens
poderiam alcançá-los.
- Escutem! – Disse
Natália...
- O quê?
- Escute Amanda, você
não está ouvindo?
- Eu ouço! Parece som de
água! – Concluiu Mayara...
Ronald observou ao redor
a natureza e se meteu entre as moitas e gritou.
- Encontrei!
Todos acompanharam sua
voz e foram até onde ele estava. Um rio realmente estava ali. Claro como
cristal. Todos se alegraram. Todos estavam com sede e logo beberam do rio. O
rio era bem largo, mas não era fundo. Muitas pedras escorregadias. Árvores de
um lado e de outro. Olharam para a direção de onde vinha o rio. Perceberam que
todo o tempo que tinham corrido, eles tinham descido e não subido. Estavam em
constante declínio. O Sol brilhava. Soprava rajadas de vento que moviam as
folhas das árvores que o som das águas do rio se misturava ao balançar dos
galhos. Era algo descomunalmente lindo, apesar da perseguição que enfrentavam.
Eles se sentaram. Alguns se puseram a olhar para toda aquela natureza que
estava ao redor. Natália orava. Tentava entender tudo aquilo. Por que ela não
havia morrido até aquele momento? Deus a deixaria viva e depois a mataria logo?
Qual o propósito? Ela mergulhou na água depois de muitos dias sem banho, água
que vinha apenas da chuva. Daniel apareceu de repente com um cacho de
bananas.
- De onde você tirou
isso? – Perguntou Amanda.
- Achei ali! Disse
apontando para uma determinada direção.
Todos glorificaram a Deus.
Mark e Andrés foram até onde ele havia dito e perceberam que não somente tinha
bananas ali como caju. Eles ficaram extremamente felizes. Tinha muitas! Eles
comeram sentaram e descansaram. Andrés e Mayara conversavam separados de todos
junto ao rio.
- Eu não sei se quando
sairmos daqui, se sairmos daqui – Dizia Mayara – vou conseguir superar a morte
de Roberta e Edgar, ou até mesmo vou continuar como missionária.
- Primeiro May, nós
vamos sair daqui! Segundo, não importa o quanto você tenha que sofrer, ou eu,
ou qualquer um de nós. Precisamos prosseguir em Deus. Eu não sei o que está
acontecendo aqui ao certo, mas sei que somos privilegiados!
- Você está doido
Andrés? Privilegiados em sofrer?
- Creio que sim! Você
lembra dos apóstolos de Jesus que quando eles eram perseguidos, eles se
regozijavam pelo fato de que eles sofreram pela causa de Cristo e padeceram por
ele?
- Sim... Eu sei...
- Então? Eu não sei o
propósito de Deus nos trazer para esse lugar aqui. Mas um coisa eu sei. Não
importa o quanto eu sofra. Lutarei para sobreviver, mas se Deus for honrado com
minha morte, não escolherei outro caminho. Olhe pra nós Mayara. Eu perdi meu
melhor amigo. Ele era uma pessoa especial e sei que Ele deu testemunho disso.
Olhe para você! Você perdeu a sua melhor amiga. Ela também deu testemunho. Não
importa. Eu quero viver para Cristo e se preciso for, morrerei por Cristo!
Mayara reclinou seu
rosto no peito de Andrés.
- Você tem razão. –
Disse Mayara suspirando e pondo sua mão direita no ombro de Andrés passando seu
braço por trás e abraçando-o como se quisesse proteger-se.
Andrés meio sem jeito, a
abraçou também.
- Sabe Mayara. Se você
me permite dizer uma coisa. Eu não sei, na verdade pra que tudo isso, mas
conhecer você já valeu todo o sofrimento que passamos até agora. É claro que me
dói ainda a perda dos nossos amigos, mas sabemos onde eles estão agora. –
Mayara percebeu que seus olhos lacrimejaram. Ela suspirou. Seu coração batia
mais forte. Sentia o mesmo. – Entende o que digo?
- Sim.. Entendo Andrés.
Ao teu lado me sinto segura. Obrigada...
O vento soprava. O som
das águas tornava aquele momento mágico mesmo em meio a dor e ao desespero. Com
as palavras que ouvira, Andrés ficou orgulhoso e deu um leve sorriso a abraçou
mais firme em seus braços. Ele reclinou seu rosto na cabeça de Mayara.
- Eu te prometo que não
vou deixar acontecer nada a você. Estarei junto contigo aconteça o que
acontecer.
- Eu sei Andrés. Eu sei.
Mark de longe observava
os dois.
Várias maritacas voaram
gritando de repente. Aquilo assustou a todos. Mark se levantou ao mesmo tempo
que Ronald. Amanda abraçou a Daniel.
- Irmãos... É hora de
nos escondermos! – Disse Ronald prevendo que seus perseguidores estavam perto.
- Onde e como?
- Vão todos para trás
daquela pedra! – Disse Ronald apontando uma rocha grande.
- Mas como assim? Eles
devem estar atrás de nós e seguindo nossos passos! –Disse Daniel.
- Com certeza! Amanda,
Mayara, Andrés, Daniel e Natália irão lá pra trás. Mark e eu ficamos aqui com as armas.
- Como assim? – Perguntou
Andrés.
- Se eles chegarem até
aqui, nós os surpreenderemos.
- Isso significa que
vocês vão matá-los?
- Não sei Natália. Agora
infelizmente não tem outro jeito! Ou fazemos isso ou morreremos. – Disse
Ronald.
- Meu Deus! Onde
chegamos? – Exclamou Natália. Por que tudo isso? Por que?
Eles obedeceram.
- Eu vou ficar com
vocês! – Disse Andrés. – Eu não vou me esconder!
- Andrés, não! – Disse
Mayara segurando suavemente seu braço.
- Andrés, você precisa
ficar aí caso eu e Mark não consigamos. – Disse Ronald. – Eu não posso prever o
que eles podem fazer! Você precisa cuidar deles!
- Não! Vou ficar com
vocês! Eu posso ajudar!
- Não! – Disse Mark
enfaticamente. – Você ficará! Você cuidará deles. – Ele se aproximou mais de
Andrés e sussurrou – Se me acontecer algo você precisa cuidar de Mayara por
mim. Não quero que mais ninguém de minha equipe se perca. Perdi três. Não quero
perder outro! Por favor, atenda esse meu pedido.
Andrés olhou nos olhos
de Mark e baixou a cabeça entendendo o que ele sentia. Pensou logo em Mayara.
Olhou para ela, Natália,Amanda e Daniel que o observavam esperando sua decisão.
Andrés virou-se pra eles e disse...
- Vamos! Precisamos
estar juntos!
Mayara se aproximou de
Mark.
- Se cuida, por favor!
- Não se preocupe
Mayara. Vamos sair daqui juntos. Eu prometo. – eles se abraçaram. Mark sabia
que talvez não poderia cumprir tal promessa.
Eles seguiram o que
haviam combinado. Mark e Ronald se esconderam. Um em uma árvore e outro em
vários arbustos. Eles aguardariam por algo. O que aconteceria?
A b W
13:05h.
- Você precisa me fazer
entender Bruna, ou seja lá que nome for o seu. O que está acontecendo? Quem é
você? E o que você quer de mim?
- Antes de tudo Tiago,
quer você acredite ou não, eu estou do seu lado. Eu não posso te contar tudo,
mas saiba que há uma organização que está por trás de muita coisa que está
acontecendo nesse país.
- A Nova Ordem Uruguaia
do Governo Amarillo? Ou a APLA?
Bruna sorriu. Eles
estavam parados com o carro perto de uma estrada movimentada no acostamento.
- Tiago, Não sabemos nem
se é o governo Amarillo que está por trás disso. E se a APLA está mesmo
envolvida ela é apenas um pequeno braço de tudo isso.
- Tudo o que? Fazem dois
dias que estou fugindo como um louco. Pessoas morreram. Pessoas que nunca vi na
vida estão envolvidas fugindo de algo que elas nem sabem o que é. Meus amigos
sumiram. Você estava no mercado. Que loucura foi aquela?
- Eu também não tenho
todas as respostas. Vocês talvez estejam sendo enganados.
- Como assim? Não
entendo!
- Vamos por parte!
- Primeiro, a
organização da qual estamos falando não é o Governo do Uruguai ou qualquer
outro de qualquer país. Não é interessante para eles ter um nome ou um título.
Sabemos que é um império de terror como nunca jamais houve em toda a face da Terra.
Acreditamos que o objetivo deles é dominar tudo e todos. Mas não dominar como
te disse através de um título. Mas eles querem se infiltrar em cada parte de
organização de cada célula. Eles matam, eles desaparecem com os corpos. Eles
prendem pessoas. Eles causam mortes como se fosse acidentes.
- Tudo isso porque?
- Ainda não temos as
respostas que queremos!
- Mas por que se
infiltrar nessas organizações?
- Eles querem ter o
controle. Se eles tomam conta de um hospital por exemplo, eles podem fazer experiências
com pessoas como ou pior do que no tempo de Hitler. Se eles estão infiltrados
na polícia, eles podem forjar assassinatos, libertar culpados e prender
inocentes. Se eles estão na política, eles podem criar leis, conduzir o povo e
coisas piores! Eles não são como a Maçonaria. A Maçonaria tem um título. Tem
muita coisa dela que todos conhecem. Agora, esse império tem outras artimanhas.
Eles preferiram não ter títulos, mas estão demonstrando seu poder claramente.
Se a maçonaria fizesse o que eles estão fazendo logo teriam a quem culpar. Mas
o que eles estão fazendo aqui no Uruguai, como no hospital que mataram várias
pessoas, não deixam rastros, mas todos sabemos que são eles!
- Eles? Como assim?
- É o que te disse. Nós
chamamos de império!
- Até ai posso entender.
Mas por que a mim? Por que você escolheu a mim pra me contar essas coisas?
- Eu não te escolhi.
Simplesmente aconteceu!
- Como? Me conte como!
Não posso acreditar em você.
- Bem. O doutor Asaph.
Eu o investigava já há algum tempo. Acreditávamos que ele fazia parte disso,
pois pessoas que foram para seu hospital desapareceram. Pessoas que sabíamos que
estavam sendo perseguidas por esse império. Mas então descobrimos o que você já
sabe. Asaph é a apenas uma vítima. Como você, como Dr. Ignácio e tantos outros
que você não conhece. Mas eu não te conhecia, até o dia que você chegou com
Mateo no hospital.
- Você o conhecia?
- Sim! Eu o conheci. E
muito bem. Ele me ajudou muito durante um tempo. Não pense que sou religiosa,
mas ele me ajudou com algumas coisas que não vem ao caso agora. Foi doloroso e
difícil perdê-lo.
- Se você me viu
chegando com ele porque não fez nada para ajudá-lo?
- Eu não poderia. Como
não poderia estar aqui agora, falando com você. Eu não poderia me arriscar. Mas
faço parte de uma organização que luta para combater este império do mal. Como
eles, não temos nome. Como eles apenas queremos que eles não dominem.
- Por que vocês não
falam então com as autoridades? Autoridade Internacional ou coisas assim...
- Tiago. Eu sou da Espanha.
Estou aqui no Uruguai fazem três anos e sei o que é procurar ajuda e eles
estarem infiltrados justamente onde buscamos tal ajuda. Muitos dos meu amigos
morreram. Muitos estão desaparecidos. A maioria desses que trabalham como eu,
não conheço. Mas quando dizemos os nossos códigos, nós descobrimos quem é quem.
E como te disse, os que fazem parte desse império, estão por todos os lados. Estão no FBI dos
EUA. Estão no meio da Política do G8, Do Mercosul, da Aliança Européia, estão
com as polícias do Brasil, México, África do Sul, Espanha, Japão e tantos,
tantos, que praticamente perdermos as contas! Você não tem idéia.
- E vocês? Você estão
infiltrados?
- Sim! Como eles!
Aprendemos a lutar com as armas deles.
- Então vocês matam
também?
Bruna se calou. Desviou
o olhar por alguns segundos e virou-se para ele novamente e disse:
- Sim! Quando é preciso.
Matamos!
- E como vocês pensam em
desmascarar essa organização? Como vocês querem destruí-los? Como farão isso?
- Matando os líderes.
- E vocês sabem quem
eles são?
- Esses líderes, em sua
grande maioria, estão ocultos. Podem ser qualquer um. Um presidente, um
político, um líder influente de uma nação, a um mero transeunte.
- E quantos são?
- São vinte e seis
líderes ao total. Eles têm nome! Mas se denominam com as vinte e seis letras do
alfabeto grego! O porquê eu não sei! Porém, dos vinte e seis, nós sabemos que
um morreu no Brasil a um mês mais ou menos. Num evento que se denominou o
Seqüestro no Rio de Janeiro.
- Eu soube desse evento.
Meu amigo Ricardo me disse algo por telefone. Acho que foi quando sua esposa
morreu. Ele está aqui no Uruguai. Era pra eu estar esperando-o, mas depois de
tudo que aconteceu, não nos encontramos.
- Depois me fale desse
Ricardo.
- Sim.
- Nesse seqüestro, um
homem denominado Psi, morreu. Pegamos seu anel. Eles possuem anéis com as
letras em grego. Talvez uma espécie de pacto, de aliança ou coisa assim. Nossa
organização agora o possui.
- E vocês só possuem
este?
- Não! Infelizmente só
temos dois. Um nós adquirimos alguns anos atrás. E até agora, só tivemos
sucesso no Rio de Janeiro. Estamos investigando, mas nada mais conseguimos.
- E vocês não sabem onde
estão os outros?
- Apenas cinco! Sabemos
que os que se denominam Alfa e Ômega, estão na Península Arábica, mas não sabemos
quem são. O que se denomina Ômicron, está na Espanha e sabemos quem ele é. Sabemos quem é Lâmbda também! Este é o que
mais apareceu nesse cenário, mas ao passo que ele aparece ele desaparece. Ele é
o único que está sendo vigiado cem por cento, pois um homem que passou para
nosso lado está infiltrado junto à ele.
- E o quinto?
- Ele é o Beta! E está
aqui no Uruguai!
- Por que Uruguai?
- Não sei, mas estamos
tentando descobrir. Por que um país que de certa forma é tão pequeno e não tem
tanto armamento ou coisas que parecem ter algo para oferecer a eles. mas
sabemos que Beta está perto.
- Mas seria o Presidente
atual?
- Não! Quando ele
assumiu o poder, chegamos a observá-lo, mas já sabemos que não é!
- Tenho outras
perguntas. O que ocorreu no mercado? Não entendi até esse momento!
- Eles usam uma maneira
muito sutil de manipulação. Eles produziriam uma droga que ingerida ou aplicada
no corpo da pessoa poderá fazê-la obedecer ordens sem que ela queira.
- Ok, Posso até crer que
isso aconteceria, mas como a pessoa obedecerá aquele que a comanda? Ela não
teria que estar perto?
- Sim. Eles tem posto
uma chip na pessoas na mão direita ou na testa. Mais do que isso, eles fazem
com que esse chip transmita raios impossíveis de se ouvir mas que aquele que
está drogado ouça e obedeça.
- Mas aquelas pessoas
não tinham essa tal marca lá no Mercado.
- Mas elas com certeza
ingeriram a droga. E alguém pôs um som e música que fez despertar essa droga
inconscientemente e os fizeram obedecer.
- Mas como?
- Você já ouviu falar de
mensagem subliminar? Essa está sendo a arma do império. Eles podem transmitir
mensagens através da TV, através de músicas, ou outdoors. A pessoa que está
drogada os obedecerão. Isso é simples. Tendo esse domínio, eles poderão
alcançar o que quiser, até mesmo por um político qualquer no poder.
- E como drogar tantas
pessoas ao mesmo tempo?
- Lembra que te disse
que essa droga pode ser ingerida? Aqui no Uruguai eles estão envenenando algo
da cultura uruguaia. O mate*! Aqui a
maioria das pessoas tomam mate. Por isso que no mercado algumas pessoas lhes
atacaram e outras não! No Brasil, talvez eles usariam um refrigerante mais
usado.
- Se eles podem usar
isso, pra que a marca ou o chip que você falou então?
- Sinceramente não sei o
objetivo maior, mas o que sei, é que de alguma forma, as pessoas mais
importantes para eles são os cristãos. Para qualquer pessoa que não seja
religiosa, eles drogam normalmente, mas uma pessoa que é cristã parece que essa
droga não faz efeito se ele não abandona ou nega sua fé de alguma forma, no
caso dos que não são cristãos, eles só põem a marca se eles precisam fazer com
que a pessoa obedeça a longa distância. Os cristãos passam por torturas físicas
e psicológicas. Eu sei que os que aceitam sem tortura alguma recebem esta marca
em sua mão direita, e os que abandonam sua fé depois de muita tortura, a
recebem em sua testa. Como te disse, esse microship emite ondas que são
transmitidas até mesmo a longa distância.
A medida que Bruna
contava as coisas, mas assustado Tiago ficava. Parecia não acreditar que estava
ouvindo tudo aquilo ou se aquilo realmente era real.
- Agora me responda algo
e será a última coisa que vou te perguntar. Por que você escolheu a mim, ou
seja, por que me escolher para contar tudo isso?
- Estou te convidando a
participar conosco em nossa organização contra o império deles! Eu acompanhei
vocês durante algumas horas, Tiago, e percebi que talvez eu possa confiar em
você. Eu sei que você foi perseguido, mas não podia te ajudar até que eu
tivesse a certeza que eu poderia confiar em você. Certo ou não é a maneira com
a qual adquirimos novos adeptos – Bruna estendeu um celular para ele – Tome
isso. Pra que onde quer que você esteja eu possa me comunicar contigo através
desse celular que é via satélite. Se
você me diz que quer participar conosco nessa batalha, pegue esse celular, mas
se não quer, finja que nunca me conheceu e nunca mais você me verá.
Tiago olhou nos olhos e ficou pensando durante
alguns segundos olhando sua mão estendida com aquele celular um pouco maior que
o normal. Tiago pensou na visão que teve. Nos livramentos de morte. Naquela
garotinha. Mateo... O chamado de Deus quando ele escolheu ser missionário ainda
tão novo. Sabia que ao estender sua mão e pegar aquele celular, não seria
apenas um ato qualquer. Ele estaria assinando um pacto. Estaria entrando numa
caverna escura com apenas uma vela. Mas talvez seria essa uma grande
oportunidade de confiar totalmente em Deus?
Tiago estendeu sua mão e
pegou o celular. Ele respirou fundo. Bruna não esboçou nenhuma reação. Apenas
balançou a cabeça afirmativamente.
- Vou te fazer outra
pergunta então, quantas pessoas de vocês estão trabalhando aqui no Uruguai?
- Contanto contigo?
Duas!
- Hum...
Bruna olhou para frente
e partiu com o carro.
- Vou te levar para sua
casa...
- Estou num hotel!
- A propósito, meu nome
é Yolanda!
Tiago sorriu. Uma
explosão! O carro foi jogado longe com a força do impacto que teve com o
caminhão que atravessou a pista em direção a eles. Vidros estilhaçados. Lataria
amassada. O impacto!
A b W
Todos estavam assustados. Podiam ouvir o palpitar do coração do
companheiro ao lado. Ronald estava quase
no topo de uma árvore. Ele percebeu que dali podia ver vultos se movendo em
meio à mata. Logo então, viu um, dois, quatro, seis, vários homens! Ronald fez
sinal para Mark. Os que estavam atrás da pedra na cachoeira estavam com medo.
Já se podia ouvir as vozes daqueles homens se aproximando. Eles estavam bem
perto! Mark, em meio aos arbustos, logo se assustou tremendamente quando um
homem apareceu de repente. Ele estava urinando. Sua arma em suas costas. Todo
de preto.
- Já estou indo! – Disse o homem. Mark estava
a mais ou menos seis metros dele e agachado. Andrés também via. Ele fez sinal
de silêncio. Daniel se esticou para ver. Natália tentou puxá-lo. Tarde demais.
Ele escorregou. Caiu na água. O barulho. O homem que estava urinando gritou.
- Eles estão aqui! – Gritou. Tentou parar de
fazer o que estava fazendo para apontar sua arma, porém Mark foi mais rápido
dando-lhe uma coronhada. Ele caiu desmaiado. Ronald pulou da árvore.
- Corram! – Gritou Ronald para os
outros. Eles se meteram no meio da água. Se juntaram e começaram a correr.
Os homens escutaram e foram
atrás do som. Logo encontraram o amigo desmaiado. Eles começaram a atirar na
direção de onde eles estavam. O medo.
- Abaixem! – Gritava Ronald....
- Por aqui! – Gritou Andrés...
- Por aqui! – Gritou Ronald apontando para
outra direção. No desespero eles não perceberam. Mark e Mayara seguiram a
Andrés. Os outros seguiram a Ronald. Quando perceberam já era tarde demais. As
folhas e galhos de árvores batiam em seus rostos. Machucava, cortava, mas o
desespero de saírem logo daquele inferno era maior. O mais desesperador era não
saber para onde estavam indo. Queriam logo sair daquele lugar, mas como?
Corriam, olhavam para trás, apertam os passos. Ouviam tiros em sua direção.
Logo Ronald se viu só para proteger duas mulheres e um garoto. Os homens vinham
atrás. O que fazer?
- Continuem! – Gritou Ronald para eles. –
Se escondam ali! Disse apontando algumas árvores logo à frente. Ronald se
abaixou e apontou a arma para trás de onde tinham vindo. Suava. Podia ouvir o
palpitar do seu coração. Deus me ajude!
Era desesperador mas
teria que fazer algo. Precisava fazer algo. Não tinha escolha. A menor sombra
de alguém se aproximando, Ronald, em todo o seu nervosismo começou a atirar.
Percebeu que alguém caiu no chão. Viu
outros vultos se movimentando. Se escondendo. Ronald estava assustado. Natália,
atrás de uma árvores estava mais assustada ainda. Ela respirava fundo
tentando acalmar a si mesma, porém sabia
que não podia. Era demais para ela. Orava. Amanda ao seu lado.
- Você acha que vamos sair
daqui?
- Não sei, Amanda.
- Oro para que saiamos logo.
– Dizia Amanda tentando mostrar-se corajosa. Mas como para Natália era demais,
para ela também era. – Natália, se eu não sobreviver, por favor, procure meu
marido. Peça a ele para cuidar de nosso lindo bebê. – Amanda esboçou um
sorriso.
- Amanda, vamos sair daqui.
Deus nos tirará daqui! Seguramente que sim.
- Espero que sim.
Os movimentos haviam
terminado. Ronald não escutou nenhum tiro da parte deles. Esperariam com que
ele se movesse para atirarem? O que ocorreria se ele se movesse? Arriscaria!
Ronald foi até onde estavam os outros. Já estavam correndo desde que os homens
chegaram a mais ou menos vinte minutos.
- Vamos! Disse Ronald para
os três olhando segundo a segundo para trás.
- Onde eles estão?
- Acho que matei alguém!
Disse Ronald quase que
calmamente, Natália e Amanda se entreolharam. Daniel observava todo o local ao
redor.
- Estamos próximos ao mar. – Disse Daniel.
- Como você sabe? – Perguntou Amanda.
- Ouçam! Há som de ondas. A
direção é pra lá!
- Como você Sabe?
Daniel olhava para os
troncos das árvores.
- Olhem isso! Esses musgos
desse lado são mais abundantes deste lado do que deste. Isso significa que é
para lá que devemos ir. Eles buscam a direção de mais umidade, ou seja, a
direção do mar...
Eles se entreolharam. Ronald
sabia que o garoto estava certo.
Havia sim um som como de
vento em folhas mas parecia também som de águas, ou ondas batendo em pedras. Se
estavam mesmo perto do mar, como disse Daniel, então realmente poderiam estar
perto de uma praia ou coisa assim. Continuaram a correr. Não foi preciso muitos
metros para perceberem o que tinha dito Daniel. Amanda se deparou a um grande
desfiladeiro. Ao fim, as ondas batiam levemente em algumas poucas rochas. Era
mais ou menos quarenta metros de altura.
- Ou voltamos, ou não tem
mais para onde fugir. – Concluiu Amanda. Os quatro tinham se entretido por
alguns segundos olhando para baixo.
- Que Deus nos proteja e
proteja a Mayara e os rapazes. – Disse Natália.
- Precisamos voltar antes
que eles cheguem! – Disse Ronald fazendo um
sinal de “vamos”. Tarde demais! Um homem saltou sobre ele como um relâmpago.
Sua arma voou a alguns metros dele!
- Ronald! – Gritou Natália e Amanda quase juntas.
A b W
Mayara já cansada da corrida
se encostou em uma árvore.
- Amigos, já não posso mais!
Estou extremamente cansada.
- Vamos, May precisamos ir.
- Vamos gente! Nos perdemos
dos outros e não sei mais o que fazer. Aqueles homens, estão atrás de nós com
certeza.
- O que faremos agora, Mark?
– Perguntou Mayara.
- Continuar fugindo.
Andrés olhou para a direita
e viu uma gruta.
- Vamos pra lá!
Mark, ao olhar a gruta,
disse:
- E se não tiver saída?
- É melhor arriscarmos.
Um crack forte no meio do silêncio que se fez, interrompeu os
pensamentos de todos. Mark e Andrés aprontaram as armas. Esperariam o pior. E
quase acertaram. Outro homem apareceu para eles.
- Abaixem suas armas ou eu a
mato!
Apenas deu tempo de Mayara
dar um olhada de rabo de olho e sentir o cano da arma em sua cabeça. Andrés
ficou furioso em segundos. Queria atirar no homem. Mark não entendia e não
queria fazer o mesmo. Ainda mais se tratando de Anderson. O amigo que estava totalmente
diferente e havia jogado o corpo de Edgar no meio daquele inferno onde estavam
presos.
A b W
Com a pancada forte, Tiago levantou meio zonzo. Uma
dor horrível estava no seu braço esquerdo. Estava roxo. Pôs a mão no sua testa.
Sangue. Havia um corte. Mas não dava tempo de se examinar. Olhou aquela mulher
ao seu lado. Seu estado era pior. De onde viera aquele caminhão? Tinha tanto
ainda a saber. A mulher cheia de sangue. Olhos fechados. Vidros estilhaçados.
Metal retorcido. Fumaça ainda baixando. Tiago pôs a mão no pescoço dela. Não
havia pulsação. Não havia respiração. Estava morta? Olhou para o lado de fora.
O caminhão estava lá. A porta se abriu. “Meu Deus!”. Não! Não teria sido um
acidente. Foi proposital. Um homem descia.
Fechou a porta com toda ignorância. Tiago pensou
logo em uma arma. Mas procurou no carro não tinha nenhuma. Tiago tentou
destravar a porta, mas não estava abrindo. O homem vinha em sua direção
caminhando lentamente. O desespero tomou conta de Tiago. “Quero sair daqui!”. “Acorda
Yolanda!”. Dizia sussurrando. Ele mexia nela com um braço só. O outro
sentia muita dor. Achava que o tinha quebrado. Logo percebeu que estava
totalmente inchado. Tiago chorava nesse instante. Sentia que iria morrer. O
homem chegou perto de sua janela. Ele olhou para o homem. Sua expressão de ódio
era clara. Não foi acidente! A intenção foi matá-lo. O que fazer? Já não tinha
mais o que fazer! O homem apontou uma arma para Tiago. Seus olhares se cruzaram
e se encaravam. Logo a visão de Tiago se desviou para a arma. Ele fechou os
olhos. “Vou morrer!”. “Não ainda!” Dizia uma voz no mais íntimo
de seu ser.
- Largue a arma! – A voz de uma mulher vinda de outra parte, ao lado da estrada.
– Anda! Baixe sua arma! – Gritou
a mulher com voz imponente. Uma policial que justo passava por ali parou sua
viatura ao olhar o acidente. O homem a mirou por alguns segundos e como um
relâmpago ele mirou a mulher e atirou. Foram dois tiros quase simultâneos. O
homem caiu no chão. Morto! A policial também no chão, com um tiro na barriga.
Tiago não acreditava no que tinha visto. Ele soltou o cinto de segurança que
mesmo parado usava, e com as duas pernas juntas as encolheu e quebrou a janela
do seu lado. Ele olhou para Yolanda de novo. Achou estar ela morta. Ele abriu o
porta mala. Uma carteira. Seria a dela? Veria depois. Ele a olhou mais uma
vez... “Quem seria você de verdade hein?”.
Tiago saiu e viu a mulher se contorcendo de dor no chão. Ele foi até ela e
percebeu que não podia se levantar.
- Por favor... Chame a ajuda
no rádio!
Tiago sem saber muito o que
fazer ligou o rádio.
- Por favor.. Socorro!
Policial ferida... Policial ferida... Estrada... – Ele deu o endereço de onde
estava. Alguém respondeu e disse que já estava a caminho. Tiago olhou para
todos os lados. Sabia que não poderia estar ali. Ele correu até a policial. –
Ouça. Eles estão vindo. Obrigado. Me perdoe não poder te ajudar...
- Espere!
- Eu não posso. Se vierem
atrás de mim antes dos policiais eles matarão a mim e a você. – Tiago sabia que
não poderia ajudar. Sabia que se ficasse ali algo pior poderia acontecer.
- Não me deixe...
- Me perdoe... Deus te abençoe... Me perdoe. –
Tiago estava com um peso no coração muito grande, mas tinha que sair dali. Ele
olhou para a floresta que acompanhava um rio logo à sua frente. Ele foi. Correu
mesmo cheio de dor em seu braço e sangrando. Não queria mais ver tanta morte.
Como sair daquilo tudo? Pegou o celular que aquela mulher lhe deu e pegou no
seu bolso os números de telefone que tinha. Ligou para Ignácio. Nada. Estava
desligado. Então lembrou de ligar para o hotel. Tinha o telefone de lá.
- Alo!
- Alo! – Disse
Tiago no desespero de sua corrida. A voz que o atendeu do outro lado o
surpreendeu. A princípio não acreditou. Tanto, que o fez parar e caminhar
devagar.
- Alo, quem fala?
- Ricardo, é você? Não posso acreditar!
- Ti.. Tiago, é você?
- Amigo, Não acredito! Graças a Deus!
A b W
A briga
entre o homem e Ronald estava intensa. Amanda que estava com uma arma não sabia
o que fazer. Socos. Pontapés. Desespero. Natália olhou para trás, para o
desfiladeiro não sabia o que fazer. Daniel olhava os dois e também não fazia
nada. A arma havia caído aos pés de Daniel. Logo mais homens estariam ali
certamente. Ronald se colocou por cima do homem e socava seu rosto. Ronald
recebeu uma joelhada na boca do estômago. Ele caiu para o lado. Amanda
apontando para eles tremia. Daniel foi até Amanda.
- Me dê a arma Amanda!
Ela tremia.
- Me dê a arma! – Gritou Daniel. Amanda
tremendo deu para ele. Daniel apontou para ambos, Ronald e o homem.
- Pare com isso! – Gritou Daniel. – Parem já! – Nesse instante outros homens
chegaram e viram Daniel com a arma. Todos pararam. Ele apontava em direção ao
homem. Natália suava, mas se sentia um pouco mais aliviada de ver Daniel com
aquela arma apesar de ser apenas um garoto. – Se Afaste dele! – Disse Daniel para o homem. Ele
obedeceu olhando para a arma de Daniel. Nenhum dos outros homens estavam com
armas em mãos.
Ronald se levantou e foi para o lado de Daniel.
- Muito bem Garoto.
- Vocês são nossos. Vocês não escaparão daqui! – Disse
o homem.
- Isso é o que vamos fazer agora... – Disse
Ronald... – Vamos Daniel!
Um tiro. Um grito. Dor na perna direita de Ronald
que caiu no chão sem poder andar. – Ah!!!
Outro tiro. Perna esquerda. Ronald caiu ao chão. Amanda não acreditava no que
via. Natália não acreditava no que via. Ronald olhou para trás. Daniel estava
com a arma apontada para ele.
- Não! Vocês não sairão daqui!
O homem riu.
- Da.. Daniel... – Natália estava engasgada... Não conseguia falar...
Estava assustada. – Por que?
Amanda ajoelhou olhando para Daniel sem forças. Seu
fim havia chegado. Pensou.
- Vocês cristãos são uns tolos. – Disse Daniel –
Vocês acham que nossa organização somente trabalha com adultos?
Como um flash, passaram várias coisas na mente de
Natália. O momento em que Daniel atirou
no relógio. Um garoto de quinze anos ter
uma pontaria daquelas? Ele segurando a arma do jeito que segurou no
corredor quando fugiram. Ele estava
seguro do que estava acontecendo! Lembrou de quando ele disse que estavam
numa ilha! Quem lhe tinha dito aquilo?
Ele sabia justamente onde eles estavam! Quando os homens chegavam perto ele
caiu na água. Aquilo foi proposital!
E agora, tinha uma arma aos seus pés. Ele
preferiu tirar a arma que estava com Amanda para não arriscar!
- Daniel. Por que?
- Por que Natália? Você quer o porque? Daniel foi
caminhando até Ronald e pisou no seu ferimento a bala. Ele gritou. – Cada um de
vocês que estavam na nossa pequena jaula tem alguém muito importante e
influente que nos interessa. Vocês são filmados quando torturados....
..................
Marcelo e Susana assinaram a carta. Eles estavam em
frente ao lugar que haviam encontrado Dólios. A vida do filho deles estava nas
mãos deles.
..................
- ... Essas filmagens são passadas para
essas pessoas que em sua maioria, são seus familiares...
..................
Pastor Marcelo pôs a carta em baixo da
porta. Ele estava triste... Olhou para sua esposa no carro com o olhar ela
dizia: “Vamos!”.
..................
-... Então os persuadimos a trabalhar
para nós. Enganando. Mentindo e pregando o que queremos que eles pratiquem. Se
eles fazem, seu familiar que está preso aqui conosco é livre da morte...
..................
Dólios, que sabia que eles estavam ali,
pegou a carta e a leu. Ele riu. Logo pegou o celular e discou um número.
..................
- Se eles não o fazem,
matamos seu ente querido!
..................
- Eles já tomaram sua
decisão! – Disse Dólios. – Faça
o que deve ser feito.
..................
-... E não somente isso.
Exterminamos com aqueles que fizemos a proposta!
..................
Marcelo e Susana estavam
parados no sinal. Um homem de uma moto Kawasaki Ninja preta parou do lado
deles. Sacou uma arma e atirou! Apenas
se ouviu o grito de Susana. Ambos morreram. O homem tirou a bolsa de Susana e
partiu.
..................
-... E então forjamos toda a
cena para que pareça que tudo não passou de acidentes e incidentes!
..................
- Mate Andrés e traga o
corpo dele para sua casa. – Disse Dólios – Diremos que seus pais morreram num
assalto e que ele se matou depois. Quanto ao seu amigo. Ele terá morrido num
acidente! - E desligou o telefone.
..................
- É tão simples. Não sei por
que vocês insistem em sofrer por esta fé louca... Não sei por que ainda
continuar a crer em um Deus que não se importa com vocês!
- Se nossa fé é louca, então
por que vocês insistem para que a neguemos? –
Perguntou
Ronald em meio à sua dor.
- Você é um idiota mesmo
Ronald! – Disse Daniel. – Simplesmente por que vocês
serão nossa única pedra de tropeço.
- Senhor Gama, seu anel! – Disse um homem trazendo-lhe um anel com a letra grega “GAMA” (g) com a insígnia.
- Mas você é apenas um
adolescente. – Dizia Natália...
- Adolescentes crescem,
Natália. E logo serei um dos reis de todas as nações. Esse é meu destino. Eu
fui escolhido. – Dizia Daniel colocando um anel em seu dedo anelar na mão
direita. – Meu mestre me escolheu e seguirei meu propósito.
- Vocês são uns loucos! – Ronald. – Um dia Jesus Cristo Voltará e dará a paga que vocês merecem
se não se arrependerem!
- Arrepender-nos? Não cremos
nisso! Não existe pecado! Não existe Deus! Não existe Jesus Cristo! – Gritava
Daniel com uma voz grossa. Gritava mais e mais alto. Sua voz ecoava. Se
misturava com o som das ondas do mar! A face de um adolescente tranquilo mudava
para um ódio incrível.
Ronald olhou nos seus olhos.
- Eu já entendi tudo. – Ele,
apesar da dor, encheu seu pulmão de ar e gritou – Jesus Cristo é o Senhor! A
Terra está cheia da sua glória. Deus Triunfa e Triunfará. Deus o meu Senhor.
Jesus o meu Senhor! O Meu Senhor! Arrependam-se! Arrependam-se! Jesus Cristo!
Jesus Cristo!
Amanda olhando a situação,
chorava. Natália lembrava de um texto de Apocalipse que falava dos mártires.
Natália balbuciava o verso bíblico à medida que meio que inconsciente caminhava
para trás.
- Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles
que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunhos que deram...
– enquanto ela falava isso chorando, Daniel estendeu a mão para um daqueles
homens que observavam a cena. Aquele homem sabia o que Daniel queria. – eles clamavam em alta voz: ‘Até quando, ó
Soberano, Santo e Verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da Terra e
vingar o nosso sangue?’... – Ronald gritava ainda mais
alto “Jesus é o Senhor”. Havia tremendo ódio no olhar de Daniel. Ele tinha
agora uma espada em sua mão. – Então cada
um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que esperassem um pouco
mais, até que completasse o número dos seus conservos e irmãos que da mesma
forma deveriam ser mortos como eles foram mortos...”.
- Jesus é o Senhor! – Gritou Ronald.
- Teu Senhor não está aqui
Ronald! – Disse Daniel com ar de zombaria. Ronald olhou para ele e sorriu.
- Daniel, morrerei, mas
nunca esqueça: Jesus Cristo morreu por você. Ele te ama. Eu também te amo.
- Cale sua maldita boca! – Daniel com as duas mãos segurou a espada e com uma força descomunal,
num só golpe, cortou a cabeça de Ronald!
- Meu Deus! – Gritou Amanda.
O sangue espirrou no rosto
de Daniel. Ele olhou para Natália.
- Que o Senhor tenha piedade
de sua alma! – Disse Natália se arrastando
para trás. Ele olhou para ela mais dentro de seus olhos. – Eu não tenho medo de
você! Sei quem você é! – Gritou. – O Senhor é Soberano. – Num ato de fúria
Daniel correu até ela com a espada desembainhada como um louco. Natália não
sentia medo. Ela sabia que atrás dela não tinha mais chão. Era o desfiladeiro.
Ela deu um passo para trás, abriu os braços e se deixou cair com os olhos
fechados antes que Daniel chegasse até ela. Ele olhou de cima. Sabia que àquela
altura ninguém sobreviveria.
- Senhor Gama! E quanto
àquela – Perguntou
o homem que antes havia brigado com Ronald.
Amanda tremia ajoelhada no
chão.
Daniel caminhou até ela.
Aproximou-se do seu rosto.
- O que você quer que eu
faça com você? Eu posso te matar como fiz com Ronald ou te jogar no mar como
Natália. Aí, depois, eu vou até tua família e a mato. Ou você nega a Jesus! O
que vai ser?
Ela tremia. Ele agarrou seu
rosto e gritou:
- Ande logo sua vagabunda
desgraçada! Fala pra mim p...!
Ela sussurrou...
- Eu nego.
- O quê? Não ouvi! O que
disse! – Gritou.
- Eu nego, mas poupe minha vida e de minha família – Disse ainda tremendo e olhando pra a cabeça de
Ronald que estava fora do corpo logo à sua frente.
Daniel levantou e sorriu.
Então disse:
- Repita após mim: Deus,
eu te nego, portanto saia do meu corpo e da minha mente e nunca mais volte.
A mente de Amanda estava uma confusão terrível. Medo,
angústia. Aquelas palavras doíam sua mente, mas ela começou gaguejando, mas
repetiu palavra por palavra.
Daniel continuou:
- Jesus Cristo,
Filho de Deus, Você não é Deus e apenas habitou nessa Terra como homem.
Portanto, saia do meu corpo, da minha mente. Você nunca morreu numa cruz, e
você nunca ressuscitou! Portanto, saia do meu corpo, da minha mente e nunca
mais volte.
Ela chorando repetiu.
- Espírito
Santo, Você não é Deus. Portanto saia do meu corpo e da minha mente e nunca
mais volte.
Ela repetiu cada palavra.
Ele olhou para ela e sorriu.
Amanda estava estática. Um
homem veio por trás e deu uma coronhada nela que a fez desmaiar.
- Levem-na de volta. Ainda
temos outros três para matarmos! Amanda nos será útil. Quanto ao seu esposo e
filho dêem ordem para que os matem. Eles já não nos serão necessários. – Disse Daniel.
Os homens foram andando na
frente. Seguraram Amanda e a levaram. Daniel, ou Gama, um dos vinte seis, parou e ficou observando o corpo de
Ronald. Ele agachou ao seu lado. Seu sangue ainda escorria. Ele passou a mão no
sangue de Ronald e lembrou-se de quando havia pedido aos outros líderes para
acompanhar de perto como seria ver a tortura dos cristãos se passando como um
deles.
- Vocês são tolos! Nada
impedirá que reinemos. Nada! Nem Deus! - Daniel olhou para cima. Ele falava
como um louco. Seus olhos ficaram fitos em algo. Uma nuvem? Uma ave? Perdeu-se
minutos ali olhando para o mesmo ponto. O som das águas estavam ali, mais alto... Mais
alto... Por que estava parado ali? Queria sair dali, mas estava como que
petrificado. Olhou novamente o sangue de Ronald em suas mãos. aquele sangue
parecia queimar sua mão. o que estava havendo? Queria gritar, mas nem mesmo
conseguia abrir sua boca. Sua visão foi ficando turva e seus sentidos se
desvaneceram. Ele caiu ao lado de Ronald desmaiado.
A b W
A carta estava embolada
no canto da parede que o cruel Dólios havia jogado. O fatídico bilhete que marcara
a morte de Susana e Marcelo:
“Vocês
podem tirar nossa casa. Podem tirar nossos bens. Podem tirar nossa família.
Nosso filho. Posso tirar nossas vidas. Mas há algo em nós que jamais vocês
poderão tirar! Nossa fé em Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Senhor. Exaltado para
todo sempre. Nossaa mente é dEle. Nosso Corpo é Dele. Cremos nEle por que Ele é
mais real que vocês e cada um de nós! Nossa vida pertence ao Senhor Deus. Somos
guiados pelo Espírito Santo e amamos a Jesus Cristo. Oramos pra que Deus perdoe
as atrocidades de vocês e arrependam-se. Jesus ama vocês! Suzana e Marcelo.”
CAPÍTULO XVI
UMA GRANDE PERDA
- Eles já devem estar
mortos à essa altura!
- Por que?
- Daniel, o garoto, Ele
é um dos líderes dessa maldita organização.
- Anderson. Explique o
que está acontecendo aqui. – Disse Mayara.
Anderson baixou a cabeça
triste. Ele voltou-se à Mayara e a abraçou. Andrés se encheu de raiva, mas se
conteve.
- Me perdoe May...
Mark... Infelizmente permiti a morte de Edgar e Roberta. Eu não queria! Eu fui
obrigado! Me perdoem. – Ele caiu de joelhos expressando extrema vergonha. Mark
se agachou ao seu lado.
- Amigo, calma.
Conte-nos o que aconteceu. Por favor...
- Mark, Eles nos tiraram
de nossa casa como agentes do governo lembram? Mas no caminho eles nos drogaram
com alguma coisa. Por isso não lembrávamos da metade do caminho nem o que
realmente tinha acontecido. Ao chegarmos aqui. Eles pegaram a mim e a Edgar. Eles
me forçaram a negar a Cristo literalmente se não mataria a Edgar. Eu os via
espancando-o. Eles gritavam. Xingavam. Cuspiam nele. Eles pegaram lâminas
afiadas e começaram a cortá-lo. Ele gritava e chorava. Mas ele... Ele não
negava! Ele sofreu tanto! Em mim eles não encostaram o dedo. Me disseram que
somente eu poderia salvá-lo. Então... Então... Eu neguei a Cristo!
- Eu abandonei a Cristo
falando as piores coisas possíveis. Eu tive que confessar com minha boca que
Jesus Cristo não é Deus e que Deus é... Bem, não quero repetir. Eu tive que
dizer palavras de blasfêmias contra Deus! Eles diziam e eu repetia. Então eles
me levaram para uma sala, me aplicaram algo na veia. Logo vi tudo turvo e puseram
isso na minha mão. Não sei o que é isso – Disse mostrando sua mão inchada e roxa. Aquele
pequeno fragmento que estava em seu pulso era como um pequeno vidro e estava
quebrado