27 de janeiro de 2012

Diário de um Missionário N° 55 - A Alegria de Ser Igreja - 08 a 14 de Janeiro de 2012


Amigos Irmãos da Mocidade Boas Novas. Como Foi bom estar com
essas pessoas tão maravilhosas que se tornaram minha família!


O que mais tenho sido recompensado em todas as minhas viagens, é o número de amigos que Deus tem me dado. Há lugares que chego que passo a conhecer pessoas que se tornam amigos tão próximos que eles passam a ser como se eu os conhecesse há anos.


Assim foi os dois dias que passei no sítio com o pessoal das Boas Novas essa mesma alegria estendeu-se por toda semana apesar dos infortúnios que tive. Deus realmente me abençoou com pessoas que se tornaram especiais por serem quem são e por me tocarem de maneira tão profunda...

08.01 - MOCIDADE BOAS NOVAS.

Roberto e eu no jantar dos jovens,
um cara simplesmente espetacular!
Como descrever estes jovens? Não há palavras! Eles são simplesmente incríveis e a alegria que tive ao compartilhar com eles pelo simples fato de estar ali, foi simplesmente demais. Além de Thiago e Ana Paula, Eduardo, Diego e Juliana que já eram especiais e pessoas raras como Talita, Valmir, Flávio entre vários outros irmãos e amigos que já conhecia... Felipe, Roberto, Flávio, Leandro e Bruna, e o grande Juliano, senti neles uma verdadeira Família. Passamos todo o dia no sítio e no final deixei o local com aquele sentimento de que nasce somente naqueles que realmente são servos do Senhor. Tantos, tantos que fica difícil inclusive, citá-los todos. Agradeço a Deus pela vida de todos eles...

09.01 - POR 20 MINUTOS

Tinha dormido no Diego e pela manhã fui embora. Por causa de 20 minutos atrasado perdi o busão e gastei o dia todo viajando. Campinas X Itatiba - Itatiba X Bragança - Bragança X Camanducaia - Camanducaia X Monte Verde. Quatro busão, com uma espera de 2 horas nas baldeações! Fiquei estressado, confesso! Ninguém teve culpa a não ser eu mesmo por não ter pesquisado os horários!  Mas enfim, acontece.

10-13.01 - CONVERSAS SOBRE O CASAMENTO.
Juliano se tornou um irmão pra mim.

Finalmente Driellen chegou de viajem. Começaram então nossas conversas sobre o casamento. Algumas coisas que não estavam nos planos, frustrações em parte, alegria em outras, mas em tudo a provisão de Deus tem se mostrado em cada detalhe. De pessoas que nos amam, de pessoas que nos conhecem. De pessoas que são especiais! Em tudo tenho agradecer...

Ao ver Driellen percebo o quanto quero estar com ela para sempre. O quanto preciso dela ao meu lado. O quanto ela é especial pra mim! Ela é o presente que Deus me deu. Eu quero estar com ela. Quero ser dela. Em nossas conversas e nossa convivência na base tem me mostrado isso. E quero realmente ser seu esposo! Quero ser um bom esposo, um bom pai. Um bom amigo! Um bom amante!

CASA

Estamos na busca por um aluguel de casa em Monte Verde. Essa até agora tem sido nossa maior dificuldade. Não vamos morar dentro da base da escola de missões já que queremos ter nosso canto nesses primeiros seis meses. Onde estaremos trabalhando na base durante o dia, mas à noite voltar pra nossa casa e receber nossos amigos e familiares. Gente que amamos e queremos perto. Mas está difícil. Até mesmo uma senhora que alugou casa pra mim durante 3 anos, depois que seu genro falecera, não quer alugar sua casa para nós. Estamos orando e o que o Pai nos ajude nesse tempo.

14.01 - CACHOEIRA

De repente as aflições que tememos, as preocupações dessa vida voltam como uma torrente em sua mente. Meu rosto se "fecha". Meus olhos ficam distante e as pessoas que mais amamos e que mais perto de nós estão percebem claramente e ficam apreensivas. Nesse momento é bom retirar-se um pouco e ir orar.
A Cachoeira perto e dentro da base tem sido meu refúgio. Orei ao Pai. Clamei a Deus. Chorei um pouco. Olhando pra cima, céu nublado, a araucária imponente sobre mim, gotas de orvalho caiam. O som do rio... O vento frio... Tudo ali era poesia. A natureza expressando a glória de Deus. O som da minha voz expressando minha angústia. Orei... Chorei... Sei que Deus me ouviu... E bastou! Sai dali outro. Sorrindo apesar dos pesares!

Compartilhei com Driellen sobre os fatos e foi bom estar com ela. À noite recebi a visita do meu amigo Samuel vindo de São Paulo. Ele Foi por causa do meu aniversário. Como fiquei agradecido a Deus por sua amizade. Terminamos o dia assistindo um filme.

Dia 14 foi meu Último dia com 30 anos de idade. E estava feliz...

26 de janeiro de 2012

IMPÉRIO II - Parte 17, 18 e 19


Nos Capítulos Anteriores:


* Clara ouve uma mensagem gravada na secretária eletrônica de Alfredo e fica atônita. Tentar ligar pra Ignácio e se encontra com Alfredo.

*  Tiago se encontra com Bruna, a mulher do supermercado. Ele promete dar explicações do que está acontecendo no Uruguai.

* Mayara, Andrés, Mark, Ronald, Amanda, Natália e Daniel continuam em fuga.

* Samuel tem seu irmão Esdras e sua mães mortos por Samantha e ele vê seu rosto.

* Gloria e Saulo marcam uma entrevista para ir ao vivo com Alfredo depois de haver gravado várias mensagens das pessoas que estavam sendo perseguidas pelo Governo.





CAPÍTULO XV

A ILHA



12:55h.



- Gente, preciso parar, por favor... – Disse Amanda pondo a mão numa árvore.

- Eu também. – Disse Mayara. – Precisamos comer algo.. Já estamos correndo a mais de duas horas...

Todos estavam cansados. Os homens que eles tinham feito reféns haviam amarrado os quatro com suas próprias roupas em algumas árvores ainda no princípio quando tinham escapado. Estavam exaustos. Não sabiam em realidade para onde escaparem. Apesar do Sol brilhando forte no céu, dentro daquela mata fechada estava frio. Corriam ao léu. Estavam com armas com exceção de Natália que não podia segurar nada por causa de sua mão machucada.

- Mas precisamos continuar... – disse Ronald – Eles estão atrás de nós com certeza. Não podemos fazer nada. O que podemos fazer é correr.

- E se prepararmos armadilhas pra eles? – Perguntou Andrés.

- Como? Com o que? Eles não são tolos! – Disse Ronald...

- E se nos dividirmos? – Perguntou Mark.

- Não creio que seja uma boa idéia. – Concluiu Natália – é bom que estejamos juntos. Podemos pensar juntos e sair daqui.

- Mas essa ilha é grande! – Disse Daniel.

- Mas temos que fugir de algum modo!

A discussão continuava enquanto eles pegavam algum fôlego. Estavam realmente muito cansados. Não agüentariam correr mais. Entretanto, sabiam que a qualquer momento os homens poderiam alcançá-los.

- Escutem! – Disse Natália...

- O quê?

- Escute Amanda, você não está ouvindo?

- Eu ouço! Parece som de água! – Concluiu Mayara...

Ronald observou ao redor a natureza e se meteu entre as moitas e gritou.

- Encontrei!

Todos acompanharam sua voz e foram até onde ele estava. Um rio realmente estava ali. Claro como cristal. Todos se alegraram. Todos estavam com sede e logo beberam do rio. O rio era bem largo, mas não era fundo. Muitas pedras escorregadias. Árvores de um lado e de outro. Olharam para a direção de onde vinha o rio. Perceberam que todo o tempo que tinham corrido, eles tinham descido e não subido. Estavam em constante declínio. O Sol brilhava. Soprava rajadas de vento que moviam as folhas das árvores que o som das águas do rio se misturava ao balançar dos galhos. Era algo descomunalmente lindo, apesar da perseguição que enfrentavam. Eles se sentaram. Alguns se puseram a olhar para toda aquela natureza que estava ao redor. Natália orava. Tentava entender tudo aquilo. Por que ela não havia morrido até aquele momento? Deus a deixaria viva e depois a mataria logo? Qual o propósito? Ela mergulhou na água depois de muitos dias sem banho, água que vinha apenas da chuva. Daniel apareceu de repente com um cacho de bananas. 

- De onde você tirou isso? – Perguntou Amanda.

- Achei ali! Disse apontando para uma determinada direção.

Todos glorificaram a Deus. Mark e Andrés foram até onde ele havia dito e perceberam que não somente tinha bananas ali como caju. Eles ficaram extremamente felizes. Tinha muitas! Eles comeram sentaram e descansaram. Andrés e Mayara conversavam separados de todos junto ao rio.

- Eu não sei se quando sairmos daqui, se sairmos daqui – Dizia Mayara – vou conseguir superar a morte de Roberta e Edgar, ou até mesmo vou continuar como missionária.

- Primeiro May, nós vamos sair daqui! Segundo, não importa o quanto você tenha que sofrer, ou eu, ou qualquer um de nós. Precisamos prosseguir em Deus. Eu não sei o que está acontecendo aqui ao certo, mas sei que somos privilegiados!

- Você está doido Andrés? Privilegiados em sofrer?

- Creio que sim! Você lembra dos apóstolos de Jesus que quando eles eram perseguidos, eles se regozijavam pelo fato de que eles sofreram pela causa de Cristo e padeceram por ele?

- Sim... Eu sei...

- Então? Eu não sei o propósito de Deus nos trazer para esse lugar aqui. Mas um coisa eu sei. Não importa o quanto eu sofra. Lutarei para sobreviver, mas se Deus for honrado com minha morte, não escolherei outro caminho. Olhe pra nós Mayara. Eu perdi meu melhor amigo. Ele era uma pessoa especial e sei que Ele deu testemunho disso. Olhe para você! Você perdeu a sua melhor amiga. Ela também deu testemunho. Não importa. Eu quero viver para Cristo e se preciso for, morrerei por Cristo!

Mayara reclinou seu rosto no peito de Andrés.

- Você tem razão. – Disse Mayara suspirando e pondo sua mão direita no ombro de Andrés passando seu braço por trás e abraçando-o como se quisesse proteger-se.

Andrés meio sem jeito, a abraçou também.

- Sabe Mayara. Se você me permite dizer uma coisa. Eu não sei, na verdade pra que tudo isso, mas conhecer você já valeu todo o sofrimento que passamos até agora. É claro que me dói ainda a perda dos nossos amigos, mas sabemos onde eles estão agora. – Mayara percebeu que seus olhos lacrimejaram. Ela suspirou. Seu coração batia mais forte. Sentia o mesmo. – Entende o que digo?

- Sim.. Entendo Andrés. Ao teu lado me sinto segura. Obrigada...

O vento soprava. O som das águas tornava aquele momento mágico mesmo em meio a dor e ao desespero. Com as palavras que ouvira, Andrés ficou orgulhoso e deu um leve sorriso a abraçou mais firme em seus braços. Ele reclinou seu rosto na cabeça de Mayara.

- Eu te prometo que não vou deixar acontecer nada a você. Estarei junto contigo aconteça o que acontecer.

- Eu sei Andrés. Eu sei.

Mark de longe observava os dois.

Várias maritacas voaram gritando de repente. Aquilo assustou a todos. Mark se levantou ao mesmo tempo que Ronald. Amanda abraçou a Daniel.

- Irmãos... É hora de nos escondermos! – Disse Ronald prevendo que seus perseguidores estavam perto.

- Onde e como?

- Vão todos para trás daquela pedra! – Disse Ronald apontando uma rocha grande.

- Mas como assim? Eles devem estar atrás de nós e seguindo nossos passos! –Disse Daniel.

- Com certeza! Amanda, Mayara, Andrés, Daniel e Natália irão lá pra trás.  Mark e eu ficamos aqui com as armas.

- Como assim? – Perguntou Andrés.

- Se eles chegarem até aqui, nós os surpreenderemos.

- Isso significa que vocês vão matá-los?

- Não sei Natália. Agora infelizmente não tem outro jeito! Ou fazemos isso ou morreremos. – Disse Ronald.

- Meu Deus! Onde chegamos? – Exclamou Natália. Por que tudo isso? Por que?

Eles obedeceram.

- Eu vou ficar com vocês! – Disse Andrés. – Eu não vou me esconder!

- Andrés, não! – Disse Mayara segurando suavemente seu braço.

- Andrés, você precisa ficar aí caso eu e Mark não consigamos. – Disse Ronald. – Eu não posso prever o que eles podem fazer! Você precisa cuidar deles!

- Não! Vou ficar com vocês! Eu posso ajudar!

- Não! – Disse Mark enfaticamente. – Você ficará! Você cuidará deles. – Ele se aproximou mais de Andrés e sussurrou – Se me acontecer algo você precisa cuidar de Mayara por mim. Não quero que mais ninguém de minha equipe se perca. Perdi três. Não quero perder outro! Por favor, atenda esse meu pedido.

Andrés olhou nos olhos de Mark e baixou a cabeça entendendo o que ele sentia. Pensou logo em Mayara. Olhou para ela, Natália,Amanda e Daniel que o observavam esperando sua decisão. Andrés virou-se pra eles e disse...

- Vamos! Precisamos estar juntos!

Mayara se aproximou de Mark.

- Se cuida, por favor!

- Não se preocupe Mayara. Vamos sair daqui juntos. Eu prometo. – eles se abraçaram. Mark sabia que talvez não poderia cumprir tal promessa.  

Eles seguiram o que haviam combinado. Mark e Ronald se esconderam. Um em uma árvore e outro em vários arbustos. Eles aguardariam por algo. O que aconteceria?



A b W



13:05h.

- Você precisa me fazer entender Bruna, ou seja lá que nome for o seu. O que está acontecendo? Quem é você? E o que você quer de mim?

- Antes de tudo Tiago, quer você acredite ou não, eu estou do seu lado. Eu não posso te contar tudo, mas saiba que há uma organização que está por trás de muita coisa que está acontecendo nesse país.

- A Nova Ordem Uruguaia do Governo Amarillo? Ou a APLA?

Bruna sorriu. Eles estavam parados com o carro perto de uma estrada movimentada no acostamento.

- Tiago, Não sabemos nem se é o governo Amarillo que está por trás disso. E se a APLA está mesmo envolvida ela é apenas um pequeno braço de tudo isso.

- Tudo o que? Fazem dois dias que estou fugindo como um louco. Pessoas morreram. Pessoas que nunca vi na vida estão envolvidas fugindo de algo que elas nem sabem o que é. Meus amigos sumiram. Você estava no mercado. Que loucura foi aquela?

- Eu também não tenho todas as respostas. Vocês talvez estejam sendo enganados.

- Como assim? Não entendo!

- Vamos por parte!

- Primeiro, a organização da qual estamos falando não é o Governo do Uruguai ou qualquer outro de qualquer país. Não é interessante para eles ter um nome ou um título. Sabemos que é um império de terror como nunca jamais houve em toda a face da Terra. Acreditamos que o objetivo deles é dominar tudo e todos. Mas não dominar como te disse através de um título. Mas eles querem se infiltrar em cada parte de organização de cada célula. Eles matam, eles desaparecem com os corpos. Eles prendem pessoas. Eles causam mortes como se fosse acidentes.

- Tudo isso porque?

- Ainda não temos as respostas que queremos!

- Mas por que se infiltrar nessas organizações?

- Eles querem ter o controle. Se eles tomam conta de um hospital por exemplo, eles podem fazer experiências com pessoas como ou pior do que no tempo de Hitler. Se eles estão infiltrados na polícia, eles podem forjar assassinatos, libertar culpados e prender inocentes. Se eles estão na política, eles podem criar leis, conduzir o povo e coisas piores! Eles não são como a Maçonaria. A Maçonaria tem um título. Tem muita coisa dela que todos conhecem. Agora, esse império tem outras artimanhas. Eles preferiram não ter títulos, mas estão demonstrando seu poder claramente. Se a maçonaria fizesse o que eles estão fazendo logo teriam a quem culpar. Mas o que eles estão fazendo aqui no Uruguai, como no hospital que mataram várias pessoas, não deixam rastros, mas todos sabemos que são eles!

- Eles? Como assim?

- É o que te disse. Nós chamamos de império! 

- Até ai posso entender. Mas por que a mim? Por que você escolheu a mim pra me contar essas coisas?

- Eu não te escolhi. Simplesmente aconteceu!

- Como? Me conte como! Não posso acreditar em você. 

- Bem. O doutor Asaph. Eu o investigava já há algum tempo. Acreditávamos que ele fazia parte disso, pois pessoas que foram para seu hospital desapareceram. Pessoas que sabíamos que estavam sendo perseguidas por esse império. Mas então descobrimos o que você já sabe. Asaph é a apenas uma vítima. Como você, como Dr. Ignácio e tantos outros que você não conhece. Mas eu não te conhecia, até o dia que você chegou com Mateo no hospital.

- Você o conhecia?

- Sim! Eu o conheci. E muito bem. Ele me ajudou muito durante um tempo. Não pense que sou religiosa, mas ele me ajudou com algumas coisas que não vem ao caso agora. Foi doloroso e difícil perdê-lo.

- Se você me viu chegando com ele porque não fez nada para ajudá-lo?

- Eu não poderia. Como não poderia estar aqui agora, falando com você. Eu não poderia me arriscar. Mas faço parte de uma organização que luta para combater este império do mal. Como eles, não temos nome. Como eles apenas queremos que eles não dominem.

- Por que vocês não falam então com as autoridades? Autoridade Internacional ou coisas assim...

- Tiago. Eu sou da Espanha. Estou aqui no Uruguai fazem três anos e sei o que é procurar ajuda e eles estarem infiltrados justamente onde buscamos tal ajuda. Muitos dos meu amigos morreram. Muitos estão desaparecidos. A maioria desses que trabalham como eu, não conheço. Mas quando dizemos os nossos códigos, nós descobrimos quem é quem. E como te disse, os que fazem parte desse império,  estão por todos os lados. Estão no FBI dos EUA. Estão no meio da Política do G8, Do Mercosul, da Aliança Européia, estão com as polícias do Brasil, México, África do Sul, Espanha, Japão e tantos, tantos, que praticamente perdermos as contas! Você não tem idéia.

- E vocês? Você estão infiltrados?

- Sim! Como eles! Aprendemos a lutar com as armas deles.

- Então vocês matam também?

Bruna se calou. Desviou o olhar por alguns segundos e virou-se para ele novamente e disse:

- Sim! Quando é preciso. Matamos!

- E como vocês pensam em desmascarar essa organização? Como vocês querem destruí-los? Como farão isso?

- Matando os líderes.

- E vocês sabem quem eles são?

- Esses líderes, em sua grande maioria, estão ocultos. Podem ser qualquer um. Um presidente, um político, um líder influente de uma nação, a um mero transeunte.

- E quantos são?

- São vinte e seis líderes ao total. Eles têm nome! Mas se denominam com as vinte e seis letras do alfabeto grego! O porquê eu não sei! Porém, dos vinte e seis, nós sabemos que um morreu no Brasil a um mês mais ou menos. Num evento que se denominou o Seqüestro no Rio de Janeiro.

- Eu soube desse evento. Meu amigo Ricardo me disse algo por telefone. Acho que foi quando sua esposa morreu. Ele está aqui no Uruguai. Era pra eu estar esperando-o, mas depois de tudo que aconteceu, não nos encontramos.

- Depois me fale desse Ricardo.

- Sim.

- Nesse seqüestro, um homem denominado Psi, morreu. Pegamos seu anel. Eles possuem anéis com as letras em grego. Talvez uma espécie de pacto, de aliança ou coisa assim. Nossa organização agora o possui.

- E vocês só possuem este?

- Não! Infelizmente só temos dois. Um nós adquirimos alguns anos atrás. E até agora, só tivemos sucesso no Rio de Janeiro. Estamos investigando, mas nada mais conseguimos.  

- E vocês não sabem onde estão os outros?

- Apenas cinco! Sabemos que os que se denominam Alfa e Ômega, estão na Península Arábica, mas não sabemos quem são. O que se denomina Ômicron, está na Espanha e sabemos quem ele é.  Sabemos quem é Lâmbda também! Este é o que mais apareceu nesse cenário, mas ao passo que ele aparece ele desaparece. Ele é o único que está sendo vigiado cem por cento, pois um homem que passou para nosso lado está infiltrado junto à ele.

- E o quinto?

- Ele é o Beta! E está aqui no Uruguai!

- Por que Uruguai?

- Não sei, mas estamos tentando descobrir. Por que um país que de certa forma é tão pequeno e não tem tanto armamento ou coisas que parecem ter algo para oferecer a eles. mas sabemos que Beta está perto.

- Mas seria o Presidente atual?

- Não! Quando ele assumiu o poder, chegamos a observá-lo, mas já sabemos que não é!   

- Tenho outras perguntas. O que ocorreu no mercado? Não entendi até esse momento!

- Eles usam uma maneira muito sutil de manipulação. Eles produziriam uma droga que ingerida ou aplicada no corpo da pessoa poderá fazê-la obedecer ordens sem que ela queira.

- Ok, Posso até crer que isso aconteceria, mas como a pessoa obedecerá aquele que a comanda? Ela não teria que estar perto?

- Sim. Eles tem posto uma chip na pessoas na mão direita ou na testa. Mais do que isso, eles fazem com que esse chip transmita raios impossíveis de se ouvir mas que aquele que está drogado ouça e obedeça.

- Mas aquelas pessoas não tinham essa tal marca lá no Mercado.

- Mas elas com certeza ingeriram a droga. E alguém pôs um som e música que fez despertar essa droga inconscientemente e os fizeram obedecer.

- Mas como?

- Você já ouviu falar de mensagem subliminar? Essa está sendo a arma do império. Eles podem transmitir mensagens através da TV, através de músicas, ou outdoors. A pessoa que está drogada os obedecerão. Isso é simples. Tendo esse domínio, eles poderão alcançar o que quiser, até mesmo por um político qualquer no poder.

- E como drogar tantas pessoas ao mesmo tempo?

- Lembra que te disse que essa droga pode ser ingerida? Aqui no Uruguai eles estão envenenando algo da cultura uruguaia. O mate*! Aqui a maioria das pessoas tomam mate. Por isso que no mercado algumas pessoas lhes atacaram e outras não! No Brasil, talvez eles usariam um refrigerante mais usado.

- Se eles podem usar isso, pra que a marca ou o chip que você falou então?

- Sinceramente não sei o objetivo maior, mas o que sei, é que de alguma forma, as pessoas mais importantes para eles são os cristãos. Para qualquer pessoa que não seja religiosa, eles drogam normalmente, mas uma pessoa que é cristã parece que essa droga não faz efeito se ele não abandona ou nega sua fé de alguma forma, no caso dos que não são cristãos, eles só põem a marca se eles precisam fazer com que a pessoa obedeça a longa distância. Os cristãos passam por torturas físicas e psicológicas. Eu sei que os que aceitam sem tortura alguma recebem esta marca em sua mão direita, e os que abandonam sua fé depois de muita tortura, a recebem em sua testa. Como te disse, esse microship emite ondas que são transmitidas até mesmo a longa distância.

A medida que Bruna contava as coisas, mas assustado Tiago ficava. Parecia não acreditar que estava ouvindo tudo aquilo ou se aquilo realmente era real.

- Agora me responda algo e será a última coisa que vou te perguntar. Por que você escolheu a mim, ou seja, por que me escolher para contar tudo isso?    

- Estou te convidando a participar conosco em nossa organização contra o império deles! Eu acompanhei vocês durante algumas horas, Tiago, e percebi que talvez eu possa confiar em você. Eu sei que você foi perseguido, mas não podia te ajudar até que eu tivesse a certeza que eu poderia confiar em você. Certo ou não é a maneira com a qual adquirimos novos adeptos – Bruna estendeu um celular para ele – Tome isso. Pra que onde quer que você esteja eu possa me comunicar contigo através desse celular que é via satélite.  Se você me diz que quer participar conosco nessa batalha, pegue esse celular, mas se não quer, finja que nunca me conheceu e nunca mais você me verá.

 Tiago olhou nos olhos e ficou pensando durante alguns segundos olhando sua mão estendida com aquele celular um pouco maior que o normal. Tiago pensou na visão que teve. Nos livramentos de morte. Naquela garotinha. Mateo... O chamado de Deus quando ele escolheu ser missionário ainda tão novo. Sabia que ao estender sua mão e pegar aquele celular, não seria apenas um ato qualquer. Ele estaria assinando um pacto. Estaria entrando numa caverna escura com apenas uma vela. Mas talvez seria essa uma grande oportunidade de confiar totalmente em Deus?

Tiago estendeu sua mão e pegou o celular. Ele respirou fundo. Bruna não esboçou nenhuma reação. Apenas balançou a cabeça afirmativamente.

- Vou te fazer outra pergunta então, quantas pessoas de vocês estão trabalhando aqui no Uruguai?

- Contanto contigo? Duas!

- Hum...

Bruna olhou para frente e partiu com o carro.

- Vou te levar para sua casa...

- Estou num hotel!

- A propósito, meu nome é Yolanda!

Tiago sorriu. Uma explosão! O carro foi jogado longe com a força do impacto que teve com o caminhão que atravessou a pista em direção a eles. Vidros estilhaçados. Lataria amassada. O impacto!



A b W



Todos estavam assustados.  Podiam ouvir o palpitar do coração do companheiro ao lado.  Ronald estava quase no topo de uma árvore. Ele percebeu que dali podia ver vultos se movendo em meio à mata. Logo então, viu um, dois, quatro, seis, vários homens! Ronald fez sinal para Mark. Os que estavam atrás da pedra na cachoeira estavam com medo. Já se podia ouvir as vozes daqueles homens se aproximando. Eles estavam bem perto! Mark, em meio aos arbustos, logo se assustou tremendamente quando um homem apareceu de repente. Ele estava urinando. Sua arma em suas costas. Todo de preto.

- Já estou indo! Disse o homem. Mark estava a mais ou menos seis metros dele e agachado. Andrés também via. Ele fez sinal de silêncio. Daniel se esticou para ver. Natália tentou puxá-lo. Tarde demais. Ele escorregou. Caiu na água. O barulho. O homem que estava urinando gritou.

- Eles estão aqui! Gritou. Tentou parar de fazer o que estava fazendo para apontar sua arma, porém Mark foi mais rápido dando-lhe uma coronhada. Ele caiu desmaiado. Ronald pulou da árvore.

- Corram! Gritou Ronald para os outros. Eles se meteram no meio da água. Se juntaram e começaram a correr.

Os homens escutaram e foram atrás do som. Logo encontraram o amigo desmaiado. Eles começaram a atirar na direção de onde eles estavam. O medo.

- Abaixem! Gritava Ronald....

- Por aqui! Gritou Andrés...

- Por aqui! Gritou Ronald apontando para outra direção. No desespero eles não perceberam. Mark e Mayara seguiram a Andrés. Os outros seguiram a Ronald. Quando perceberam já era tarde demais. As folhas e galhos de árvores batiam em seus rostos. Machucava, cortava, mas o desespero de saírem logo daquele inferno era maior. O mais desesperador era não saber para onde estavam indo. Queriam logo sair daquele lugar, mas como? Corriam, olhavam para trás, apertam os passos. Ouviam tiros em sua direção. Logo Ronald se viu só para proteger duas mulheres e um garoto. Os homens vinham atrás. O que fazer?

- Continuem! Gritou Ronald para eles. – Se escondam ali! Disse apontando algumas árvores logo à frente. Ronald se abaixou e apontou a arma para trás de onde tinham vindo. Suava. Podia ouvir o palpitar do seu coração. Deus me ajude! Era desesperador mas teria que fazer algo. Precisava fazer algo. Não tinha escolha. A menor sombra de alguém se aproximando, Ronald, em todo o seu nervosismo começou a atirar. Percebeu que alguém caiu  no chão. Viu outros vultos se movimentando. Se escondendo. Ronald estava assustado. Natália, atrás de uma árvores estava mais assustada ainda. Ela respirava fundo tentando  acalmar a si mesma, porém sabia que não podia. Era demais para ela. Orava. Amanda ao seu lado.

- Você acha que vamos sair daqui?

- Não sei, Amanda.

- Oro para que saiamos logo. – Dizia Amanda tentando mostrar-se corajosa. Mas como para Natália era demais, para ela também era. – Natália, se eu não sobreviver, por favor, procure meu marido. Peça a ele para cuidar de nosso lindo bebê. – Amanda esboçou um sorriso.

- Amanda, vamos sair daqui. Deus nos tirará daqui! Seguramente que sim.

- Espero que sim.

Os movimentos haviam terminado. Ronald não escutou nenhum tiro da parte deles. Esperariam com que ele se movesse para atirarem? O que ocorreria se ele se movesse? Arriscaria! Ronald foi até onde estavam os outros. Já estavam correndo desde que os homens chegaram a mais ou menos vinte minutos.

- Vamos! Disse Ronald para os três olhando segundo a segundo para trás.

- Onde eles estão?

- Acho que matei alguém!

Disse Ronald quase que calmamente, Natália e Amanda se entreolharam. Daniel observava todo o local ao redor.

- Estamos próximos ao mar. – Disse Daniel.

- Como você sabe? Perguntou Amanda.

- Ouçam! Há som de ondas. A direção é pra lá!

- Como você Sabe?

Daniel olhava para os troncos das árvores.

- Olhem isso! Esses musgos desse lado são mais abundantes deste lado do que deste. Isso significa que é para lá que devemos ir. Eles buscam a direção de mais umidade, ou seja, a direção do mar...

Eles se entreolharam. Ronald sabia que o garoto estava certo. 

Havia sim um som como de vento em folhas mas parecia também som de águas, ou ondas batendo em pedras. Se estavam mesmo perto do mar, como disse Daniel, então realmente poderiam estar perto de uma praia ou coisa assim. Continuaram a correr. Não foi preciso muitos metros para perceberem o que tinha dito Daniel. Amanda se deparou a um grande desfiladeiro. Ao fim, as ondas batiam levemente em algumas poucas rochas. Era mais ou menos quarenta metros de altura.

- Ou voltamos, ou não tem mais para onde fugir. – Concluiu Amanda. Os quatro tinham se entretido por alguns segundos olhando para baixo.

- Que Deus nos proteja e proteja a Mayara e os rapazes. – Disse Natália.

- Precisamos voltar antes que eles cheguem! Disse Ronald fazendo um sinal de “vamos”. Tarde demais! Um homem saltou sobre ele como um relâmpago. Sua arma voou a alguns metros dele!

- Ronald! Gritou Natália e Amanda quase juntas.



A b W



Mayara já cansada da corrida se encostou em uma árvore.

- Amigos, já não posso mais! Estou extremamente cansada.

- Vamos, May precisamos ir.

- Vamos gente! Nos perdemos dos outros e não sei mais o que fazer. Aqueles homens, estão atrás de nós com certeza.

- O que faremos agora, Mark? Perguntou Mayara.

- Continuar fugindo.

Andrés olhou para a direita e viu uma gruta.

- Vamos pra lá!

Mark, ao olhar a gruta, disse:

- E se não tiver saída?

- É melhor arriscarmos.

Um crack forte no meio do silêncio que se fez, interrompeu os pensamentos de todos. Mark e Andrés aprontaram as armas. Esperariam o pior. E quase acertaram. Outro homem apareceu para eles.

- Abaixem suas armas ou eu a mato!

Apenas deu tempo de Mayara dar um olhada de rabo de olho e sentir o cano da arma em sua cabeça. Andrés ficou furioso em segundos. Queria atirar no homem. Mark não entendia e não queria fazer o mesmo. Ainda mais se tratando de Anderson. O amigo que estava totalmente diferente e havia jogado o corpo de Edgar no meio daquele inferno onde estavam presos.



A b W



Com a pancada forte, Tiago levantou meio zonzo. Uma dor horrível estava no seu braço esquerdo. Estava roxo. Pôs a mão no sua testa. Sangue. Havia um corte. Mas não dava tempo de se examinar. Olhou aquela mulher ao seu lado. Seu estado era pior. De onde viera aquele caminhão? Tinha tanto ainda a saber. A mulher cheia de sangue. Olhos fechados. Vidros estilhaçados. Metal retorcido. Fumaça ainda baixando. Tiago pôs a mão no pescoço dela. Não havia pulsação. Não havia respiração. Estava morta? Olhou para o lado de fora. O caminhão estava lá. A porta se abriu. “Meu Deus!”. Não! Não teria sido um acidente. Foi proposital. Um homem descia.

Fechou a porta com toda ignorância. Tiago pensou logo em uma arma. Mas procurou no carro não tinha nenhuma. Tiago tentou destravar a porta, mas não estava abrindo. O homem vinha em sua direção caminhando lentamente. O desespero tomou conta de Tiago. “Quero sair daqui!”. “Acorda Yolanda!”. Dizia sussurrando. Ele mexia nela com um braço só. O outro sentia muita dor. Achava que o tinha quebrado. Logo percebeu que estava totalmente inchado. Tiago chorava nesse instante. Sentia que iria morrer. O homem chegou perto de sua janela. Ele olhou para o homem. Sua expressão de ódio era clara. Não foi acidente! A intenção foi matá-lo. O que fazer? Já não tinha mais o que fazer! O homem apontou uma arma para Tiago. Seus olhares se cruzaram e se encaravam. Logo a visão de Tiago se desviou para a arma. Ele fechou os olhos. “Vou morrer!”. “Não ainda!” Dizia uma voz no mais íntimo de seu ser.

- Largue a arma! A voz de uma mulher vinda de outra parte, ao lado da estrada. – Anda! Baixe sua arma! Gritou a mulher com voz imponente. Uma policial que justo passava por ali parou sua viatura ao olhar o acidente. O homem a mirou por alguns segundos e como um relâmpago ele mirou a mulher e atirou. Foram dois tiros quase simultâneos. O homem caiu no chão. Morto! A policial também no chão, com um tiro na barriga. Tiago não acreditava no que tinha visto. Ele soltou o cinto de segurança que mesmo parado usava, e com as duas pernas juntas as encolheu e quebrou a janela do seu lado. Ele olhou para Yolanda de novo. Achou estar ela morta. Ele abriu o porta mala. Uma carteira. Seria a dela? Veria depois. Ele a olhou mais uma vez... “Quem seria você de verdade hein?”. Tiago saiu e viu a mulher se contorcendo de dor no chão. Ele foi até ela e percebeu que não podia se levantar.    

- Por favor... Chame a ajuda no rádio!

Tiago sem saber muito o que fazer ligou o rádio.

- Por favor.. Socorro! Policial ferida... Policial ferida... Estrada... – Ele deu o endereço de onde estava. Alguém respondeu e disse que já estava a caminho. Tiago olhou para todos os lados. Sabia que não poderia estar ali. Ele correu até a policial. – Ouça. Eles estão vindo. Obrigado. Me perdoe não poder te ajudar...

- Espere!

- Eu não posso. Se vierem atrás de mim antes dos policiais eles matarão a mim e a você. – Tiago sabia que não poderia ajudar. Sabia que se ficasse ali algo pior poderia acontecer.

- Não me deixe...

- Me perdoe... Deus te abençoe... Me perdoe. – Tiago estava com um peso no coração muito grande, mas tinha que sair dali. Ele olhou para a floresta que acompanhava um rio logo à sua frente. Ele foi. Correu mesmo cheio de dor em seu braço e sangrando. Não queria mais ver tanta morte. Como sair daquilo tudo? Pegou o celular que aquela mulher lhe deu e pegou no seu bolso os números de telefone que tinha. Ligou para Ignácio. Nada. Estava desligado. Então lembrou de ligar para o hotel. Tinha o telefone de lá.

- Alo!

- Alo! Disse Tiago no desespero de sua corrida. A voz que o atendeu do outro lado o surpreendeu. A princípio não acreditou. Tanto, que o fez parar e caminhar devagar.

- Alo, quem fala?

- Ricardo, é você? Não posso acreditar!

- Ti.. Tiago, é você?

- Amigo, Não acredito! Graças a Deus!



A b W



 A briga entre o homem e Ronald estava intensa. Amanda que estava com uma arma não sabia o que fazer. Socos. Pontapés. Desespero. Natália olhou para trás, para o desfiladeiro não sabia o que fazer. Daniel olhava os dois e também não fazia nada. A arma havia caído aos pés de Daniel. Logo mais homens estariam ali certamente. Ronald se colocou por cima do homem e socava seu rosto. Ronald recebeu uma joelhada na boca do estômago. Ele caiu para o lado. Amanda apontando para eles tremia. Daniel foi até Amanda.

- Me dê a arma Amanda!

Ela tremia.

- Me dê a arma!  Gritou Daniel. Amanda tremendo deu para ele. Daniel apontou para ambos, Ronald e o homem.

- Pare com isso! Gritou Daniel. – Parem já! – Nesse instante outros homens chegaram e viram Daniel com a arma. Todos pararam. Ele apontava em direção ao homem. Natália suava, mas se sentia um pouco mais aliviada de ver Daniel com aquela arma apesar de ser apenas um garoto. – Se Afaste dele!­ Disse Daniel para o homem. Ele obedeceu olhando para a arma de Daniel. Nenhum dos outros homens estavam com armas em mãos.

Ronald se levantou e foi para o lado de Daniel.

- Muito bem Garoto.

- Vocês são nossos. Vocês não escaparão daqui! – Disse o homem.

- Isso é o que vamos fazer agora... – Disse Ronald... – Vamos Daniel!

Um tiro. Um grito. Dor na perna direita de Ronald que caiu no chão sem poder andar. – Ah!!! Outro tiro. Perna esquerda. Ronald caiu ao chão. Amanda não acreditava no que via. Natália não acreditava no que via. Ronald olhou para trás. Daniel estava com a arma apontada para ele.

- Não! Vocês não sairão daqui!

O homem riu.

- Da.. Daniel... – Natália  estava engasgada... Não conseguia falar... Estava assustada. – Por que?

Amanda ajoelhou olhando para Daniel sem forças. Seu fim havia chegado. Pensou.

- Vocês cristãos são uns tolos. – Disse Daniel – Vocês acham que nossa organização somente trabalha com adultos?

Como um flash, passaram várias coisas na mente de Natália.  O momento em que Daniel atirou no relógio. Um garoto de quinze anos ter uma pontaria daquelas? Ele segurando a arma do jeito que segurou no corredor quando fugiram. Ele estava seguro do que estava acontecendo! Lembrou de quando ele disse que estavam numa ilha! Quem lhe tinha dito aquilo? Ele sabia justamente onde eles estavam! Quando os homens chegavam perto ele caiu na água. Aquilo foi proposital! E agora, tinha uma arma aos seus pés. Ele preferiu tirar a arma que estava com Amanda para não arriscar!

- Daniel. Por que?

- Por que Natália? Você quer o porque? Daniel foi caminhando até Ronald e pisou no seu ferimento a bala. Ele gritou. – Cada um de vocês que estavam na nossa pequena jaula tem alguém muito importante e influente que nos interessa. Vocês são filmados quando torturados....

..................

Marcelo e Susana assinaram a carta. Eles estavam em frente ao lugar que haviam encontrado Dólios. A vida do filho deles estava nas mãos deles.

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     - ... Essas filmagens são passadas para essas pessoas que em sua maioria, são seus familiares...

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     Pastor Marcelo pôs a carta em baixo da porta. Ele estava triste... Olhou para sua esposa no carro com o olhar ela dizia: “Vamos!”.

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      -... Então os persuadimos a trabalhar para nós. Enganando. Mentindo e pregando o que queremos que eles pratiquem. Se eles fazem, seu familiar que está preso aqui conosco é livre da morte...

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        Dólios, que sabia que eles estavam ali, pegou a carta e a leu. Ele riu. Logo pegou o celular e discou um número.

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- Se eles não o fazem, matamos seu ente querido!

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- Eles já tomaram sua decisão! Disse Dólios. Faça o que deve ser feito.

..................

-... E não somente isso. Exterminamos com aqueles que fizemos a proposta!

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Marcelo e Susana estavam parados no sinal. Um homem de uma moto Kawasaki Ninja preta parou do lado deles. Sacou uma arma e atirou!  Apenas se ouviu o grito de Susana. Ambos morreram. O homem tirou a bolsa de Susana e partiu.

..................

-... E então forjamos toda a cena para que pareça que tudo não passou de acidentes e incidentes!

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- Mate Andrés e traga o corpo dele para sua casa. – Disse Dólios – Diremos que seus pais morreram num assalto e que ele se matou depois. Quanto ao seu amigo. Ele terá morrido num acidente! - E desligou o telefone.

..................

- É tão simples. Não sei por que vocês insistem em sofrer por esta fé louca... Não sei por que ainda continuar a crer em um Deus que não se importa com vocês!

- Se nossa fé é louca, então por que vocês insistem para que a neguemos? Perguntou Ronald em meio à sua dor.

- Você é um idiota mesmo Ronald! Disse Daniel. – Simplesmente por que vocês serão nossa única pedra de tropeço.

- Senhor Gama, seu anel! Disse um homem trazendo-lhe um anel com a letra grega “GAMA” (g) com a insígnia.

- Mas você é apenas um adolescente. – Dizia Natália...

- Adolescentes crescem, Natália. E logo serei um dos reis de todas as nações. Esse é meu destino. Eu fui escolhido. – Dizia Daniel colocando um anel em seu dedo anelar na mão direita. – Meu mestre me escolheu e seguirei meu propósito.

- Vocês são uns loucos! Ronald. – Um dia Jesus Cristo Voltará e dará a paga que vocês merecem se não se arrependerem!

- Arrepender-nos? Não cremos nisso! Não existe pecado! Não existe Deus! Não existe  Jesus Cristo! Gritava Daniel com uma voz grossa. Gritava mais e mais alto. Sua voz ecoava. Se misturava com o som das ondas do mar! A face de um adolescente tranquilo mudava para um ódio incrível.

Ronald olhou nos seus olhos.

- Eu já entendi tudo. – Ele, apesar da dor, encheu seu pulmão de ar e gritou – Jesus Cristo é o Senhor! A Terra está cheia da sua glória. Deus Triunfa e Triunfará. Deus o meu Senhor. Jesus o meu Senhor! O Meu Senhor! Arrependam-se! Arrependam-se! Jesus Cristo! Jesus Cristo!

Amanda olhando a situação, chorava. Natália lembrava de um texto de Apocalipse que falava dos mártires. Natália balbuciava o verso bíblico à medida que meio que inconsciente caminhava para trás.  

- Quando ele abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas daqueles que haviam sido mortos por causa da palavra de Deus e do testemunhos que deram... – enquanto ela falava isso chorando, Daniel estendeu a mão para um daqueles homens que observavam a cena. Aquele homem sabia o que Daniel queria. – eles clamavam em alta voz: ‘Até quando, ó Soberano, Santo e Verdadeiro, esperarás para julgar os habitantes da Terra e vingar o nosso sangue?’... Ronald gritava ainda mais alto “Jesus é o Senhor”. Havia tremendo ódio no olhar de Daniel. Ele tinha agora uma espada em sua mão. – Então cada um deles recebeu uma veste branca, e foi-lhes dito que esperassem um pouco mais, até que completasse o número dos seus conservos e irmãos que da mesma forma deveriam ser mortos como eles foram mortos...”.

- Jesus é o Senhor! Gritou Ronald.

- Teu Senhor não está aqui Ronald! Disse Daniel com ar de zombaria.  Ronald olhou para ele e sorriu.

- Daniel, morrerei, mas nunca esqueça: Jesus Cristo morreu por você. Ele te ama. Eu também te amo.

- Cale sua maldita boca! Daniel com as duas mãos segurou a espada e com uma força descomunal, num só golpe, cortou a cabeça de Ronald!

- Meu Deus! ­ Gritou Amanda.

O sangue espirrou no rosto de Daniel. Ele olhou para Natália.

- Que o Senhor tenha piedade de sua alma! Disse Natália se arrastando para trás. Ele olhou para ela mais dentro de seus olhos. – Eu não tenho medo de você! Sei quem você é! ­  Gritou. – O Senhor é Soberano. – Num ato de fúria Daniel correu até ela com a espada desembainhada como um louco. Natália não sentia medo. Ela sabia que atrás dela não tinha mais chão. Era o desfiladeiro. Ela deu um passo para trás, abriu os braços e se deixou cair com os olhos fechados antes que Daniel chegasse até ela. Ele olhou de cima. Sabia que àquela altura ninguém sobreviveria.

- Senhor Gama! E quanto àquela  Perguntou o homem que antes havia brigado com Ronald.

Amanda tremia ajoelhada no chão.

Daniel caminhou até ela.

Aproximou-se do seu rosto.

- O que você quer que eu faça com você? Eu posso te matar como fiz com Ronald ou te jogar no mar como Natália. Aí, depois, eu vou até tua família e a mato. Ou você nega a Jesus! O que vai ser?

Ela tremia. Ele agarrou seu rosto e gritou:

- Ande logo sua vagabunda desgraçada! Fala pra mim p...!

Ela sussurrou...

- Eu nego.

- O quê? Não ouvi! O que disse! – Gritou.

- Eu nego, mas poupe minha vida e de minha família – Disse ainda tremendo e olhando pra a cabeça de Ronald que estava fora do corpo logo à sua frente.

Daniel levantou e sorriu.

Então disse:

- Repita após mim: Deus, eu te nego, portanto saia do meu corpo e da minha mente e nunca mais volte.

A mente de Amanda estava uma confusão terrível. Medo, angústia. Aquelas palavras doíam sua mente, mas ela começou gaguejando, mas repetiu palavra por palavra.  

Daniel continuou:

- Jesus Cristo, Filho de Deus, Você não é Deus e apenas habitou nessa Terra como homem. Portanto, saia do meu corpo, da minha mente. Você nunca morreu numa cruz, e você nunca ressuscitou! Portanto, saia do meu corpo, da minha mente e nunca mais volte.

Ela chorando repetiu.

- Espírito Santo, Você não é Deus. Portanto saia do meu corpo e da minha mente e nunca mais volte.

Ela repetiu cada palavra.

Ele olhou para ela e sorriu.

Amanda estava estática. Um homem veio por trás e deu uma coronhada nela que a fez desmaiar.

- Levem-na de volta. Ainda temos outros três para matarmos! Amanda nos será útil. Quanto ao seu esposo e filho dêem ordem para que os matem. Eles já não nos serão necessários. Disse Daniel.

Os homens foram andando na frente. Seguraram Amanda e a levaram. Daniel, ou Gama, um dos vinte seis, parou e ficou observando o corpo de Ronald. Ele agachou ao seu lado. Seu sangue ainda escorria. Ele passou a mão no sangue de Ronald e lembrou-se de quando havia pedido aos outros líderes para acompanhar de perto como seria ver a tortura dos cristãos se passando como um deles.

- Vocês são tolos! Nada impedirá que reinemos. Nada! Nem Deus! ­- Daniel olhou para cima. Ele falava como um louco. Seus olhos ficaram fitos em algo. Uma nuvem? Uma ave? Perdeu-se minutos ali olhando para o mesmo ponto.  O som das águas estavam ali, mais alto... Mais alto... Por que estava parado ali? Queria sair dali, mas estava como que petrificado. Olhou novamente o sangue de Ronald em suas mãos. aquele sangue parecia queimar sua mão. o que estava havendo? Queria gritar, mas nem mesmo conseguia abrir sua boca. Sua visão foi ficando turva e seus sentidos se desvaneceram. Ele caiu ao lado de Ronald desmaiado.



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A carta estava embolada no canto da parede que o cruel Dólios havia jogado. O fatídico bilhete que marcara a morte de Susana e Marcelo:

 Vocês podem tirar nossa casa. Podem tirar nossos bens. Podem tirar nossa família. Nosso filho. Posso tirar nossas vidas. Mas há algo em nós que jamais vocês poderão tirar! Nossa fé em Jesus Cristo. Jesus Cristo é o Senhor. Exaltado para todo sempre. Nossaa mente é dEle. Nosso Corpo é Dele. Cremos nEle por que Ele é mais real que vocês e cada um de nós! Nossa vida pertence ao Senhor Deus. Somos guiados pelo Espírito Santo e amamos a Jesus Cristo. Oramos pra que Deus perdoe as atrocidades de vocês e arrependam-se. Jesus ama vocês! Suzana e Marcelo.





CAPÍTULO XVI

UMA GRANDE PERDA



15:30h.

- ...Você tem certeza disso, Clara? Perguntou Alfredo numa conversa que já durava bastante tempo. Clara estava quieta. Ela não dizia nada. Apenas olhava para o nada. Um carro de repente cruza o estacionamento. Alfredo sabia quem era. – Fique aqui, já volto... – Ele sorriu.

Alfredo saiu do carro. Seu segurança ficou logo aposto. No carro saíram Glória e Saulo. Alfredo foi até eles. Ele os havia reconhecido.

- Senhor, Alfredo!

- Sim. Vocês são Glória e Saulo não?

- Sim. Viemos Gravar.

- Sim eu sei. Clara me disse. Ela quer que gravemos logo.

- Então o senhor aceitou? Perguntou Saulo eufórico.

Alfredo olhou para o lado. Pensou um pouco antes de responder...

- Talvez sim, mas preciso ver as outras antes mensagens antes. Minha preocupação é que esta gente esteja correndo risco de vida. Vamos ao carro. Clara estava falando com seu esposo ao telefone. Ela acha que precisamos estar mais precavidos. Está alarmada com um telefonema que recebeu. Eles disseram que matariam acho que estava na secretária e eletrônica e....

Uma explosão! Pedaços do carro voaram por todos os lados. Fogo. Vidro. Pneus. Alfredo, Glória e Saulo se jogaram ao chão. O segurança que estava em pé não teve a mesma sorte. Um pedaço de metal o atravessou jogando-o longe. Clara não teve a mesma sorte! Clara estava no carro...

- Claraaaaaaaaaaaaa! Gritou Alfredo desesperado...

Ele fez menção de ir até ela. Glória o impediu.

- Não! Não há nada mais a fazer...

- Clara! Não! Clara está lá dentro do meu carro! Não! Não pode ser! Ele chorou... Glória também chorou. Dois homens vieram correndo. Eram os seguranças de Alfredo. Glória não acreditava no que estava presenciando. Sua amiga estava morta.



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Moisés foi o primeiro a entrar no apartamento quando viu um homem estranho lá dentro. Não hesitou em pegar sua arma e apontou para ele. Asaph e Ignácio que vinham logo atrás se assustaram...

- Calma, calma, por favor! Eu sou amigo de Tiago!

- Ok! Conta outra história! Disse Moisés.

- Calma Moisés. – Disse Ignácio. – com certeza ele estaria com uma arma ou coisa assim, ele não viria pra cá desarmado.. – Falava observando-o.

- Sim. Com certeza. Estou sofrendo como vocês. Sou brasileiro e estou no meio de toda essa situação também. Escutem. O irmão de Samuel, creio que vocês conheceram, foi assassinado. Tiago acabou de me ligar e pediu para que o encontrássemos a mais ou menos vinte quilômetros daqui, creio, ele tentou ligar para um de vocês chamado Ignácio, mas parece que apenas caía na caixa postal.

Nesse caso, ele tinha razão. O telefone de  Ignácio estava desligado devido a falta de bateria.

- Ok. Meu nome é Ignácio. – Disse ele estendendo a mão. Ricardo retribuiu.

- Meu nome é Asaph. – O mesmo gesto.

Moisés continuava com a arma apontada para ele.

- Moisés!?

- Diga, Asaph!

- Abaixe essa arma! Ele está conosco.

- Ah, sim! Moisés baixou sua arma. – Meu nome é Moisés.

- Ricardo!   Se apresentou   É melhor irmos até seu amigo e no caminho você nos explica o que aconteceu com você. Nós explicaremos o que aconteceu conosco.

- Vamos então...

Os quatro então saíram. O telefone tocou. Era Glória tentando se comunicar com Ignácio. Mas ele não estaria. Infelizmente!



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- Tirem as blusas! Disse Anderson para os três e com a arma apontada para Mark, Mayara e Andrés.

- Por que isso meu amigo? O que houve com você?

- Anda! Tirem as blusas! Sem conversas!

Andrés e Mark tiraram sem problemas. Mas para Mayara foi constrangedor.

Anderson gritou mais uma vez para que eles o fizessem. Eles o obedeceram.

- Joguem as blusas para mim! Disse ele. Eles o fizeram. Nenhum deles entendia sua atitude. Mark pedia para que ele recordasse que eles eram. Anderson escutava calado. Não tinha reações em seu olhar. Enfim, pegou as blusas e as jogaram no chão. Anderson acendeu um isqueiro e as queimou. Anderson tirou sua própria blusa e deu à Mayara. Ela a pegou, vestiu, não entendendo muito.

- Vamos embora. – Disse Anderson

Mark olhou para Mayara e não entendeu nada. Ele virou às costas para eles. Ele sabia que eles estavam com armas nas mãos. Ao menos, Andrés e Mark. Andrés não esperou nada e apontou a arma para Anderson. Se ouviu o click do engatilhar de sua arma. Anderson parou.

- Andrés. Se eu quisesse matar vocês eu já o teria feito – Disse Anderson sem ao menos olhar para trás. – Não vim aqui para matar vocês, mas para tirá-los dessa ilha!

- E o que faz com que acreditemos em você?

- Eu queimei as blusas de vocês! Elas tinham um pequeno chip que mostrava para eles exatamente onde vocês estavam. Vocês não perceberam desde que chegaram aqui que a roupa que usavam não era a de vocês.

- Se você é nosso amigo então. – Dizia Andrés – nos ajude a encontrar os outros.

- Eu não posso!

- Como assim, “não pode”? Perguntou Mayara.

- Eles já devem estar mortos à essa altura!

- Por que?

- Daniel, o garoto, Ele é um dos líderes dessa maldita organização.

- Anderson. Explique o que está acontecendo aqui. – Disse Mayara.

Anderson baixou a cabeça triste. Ele voltou-se à Mayara e a abraçou. Andrés se encheu de raiva, mas se conteve.

- Me perdoe May... Mark... Infelizmente permiti a morte de Edgar e Roberta. Eu não queria! Eu fui obrigado! Me perdoem. – Ele caiu de joelhos expressando extrema vergonha. Mark se agachou ao seu lado.

- Amigo, calma. Conte-nos o que aconteceu. Por favor...

- Mark, Eles nos tiraram de nossa casa como agentes do governo lembram? Mas no caminho eles nos drogaram com alguma coisa. Por isso não lembrávamos da metade do caminho nem o que realmente tinha acontecido. Ao chegarmos aqui. Eles pegaram a mim e a Edgar. Eles me forçaram a negar a Cristo literalmente se não mataria a Edgar. Eu os via espancando-o. Eles gritavam. Xingavam. Cuspiam nele. Eles pegaram lâminas afiadas e começaram a cortá-lo. Ele gritava e chorava. Mas ele... Ele não negava! Ele sofreu tanto! Em mim eles não encostaram o dedo. Me disseram que somente eu poderia salvá-lo. Então... Então... Eu neguei a Cristo!

- Eu abandonei a Cristo falando as piores coisas possíveis. Eu tive que confessar com minha boca que Jesus Cristo não é Deus e que Deus é... Bem, não quero repetir. Eu tive que dizer palavras de blasfêmias contra Deus! Eles diziam e eu repetia. Então eles me levaram para uma sala, me aplicaram algo na veia. Logo vi tudo turvo e puseram isso na minha mão. Não sei o que é isso   Disse mostrando sua mão inchada e roxa. Aquele pequeno fragmento que estava em seu pulso era como um pequeno vidro e estava quebrado

- Além disso descobri o porque eles nos pegaram. Eles nos mantiveram presos aqui para mostrar a familiares nossos influentes na sociedade cristã para atuar para eles. No nosso caso, eles nos pegaram por causa de Ricardo. Eles nos manteriam aqui e faria com que Ricardo trabalhasse para eles lá. – À medida que Anderson falava sobre isso, Andrés lembrou-se de seus pais e entendeu o motivo de estar ali então! – Como disse aqueles que aqui negam a Cristo eles fazem isso – Mostrou-lhes novamente a mão – Quanto aos que estão fora eu não sei o que ocorre.

- Mas como?

- E como você fazia tudo o que fez? Você queria nos matar! - Disse Andrés.

- Não era eu! Eu não sei como explicar a vocês. Eu ouvia vozes. Não tinha forças para não dizer ao contrário ou fazer ao contrário. Era como se aquilo que eles puseram em minhas veias me fizesse fazer tudo o que eu não queria.

- Isso parece um microship. – Disse Andrés pegando a mão de Anderson e observar por alguns segundos.

- Irmãos, precisamos ir! Não podemos ficar mais aqui, logo estarão atrás de nós. – Disse Mayara – Anderson, seja o que for que aconteceu, não importa agora. O Senhor Jesus Cristo tem perdão para ti e pra mim. Você sabe disso, não é? – Ela o abraçou. – Senhor Deus, precisamos de ti mais do que tudo. O Senhor sabe das aflições de Anderson. Peço a Ti o Teu Perdão... – Mayara orava e chorava junto a Anderson. Ele orava com ela também pedindo perdão. Oraram, assim, alguns minutos.

- Vamos embora! Disse Mark.   A qualquer hora eles podem chegar aqui!

Anderson olhou para os lados e disse:

- Venham comigo. Eu vi o mapa da ilha. Creio que estamos perto de algo que nos ajudará. Mas precisamos ficar juntos!

Todos concordaram e partiram.



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18:48h.

Tiago estava em uma casa onde lhe haviam dado água. Era uma família simples do interior. Daquele tipo de família que não se importa se é desconhecido ou não. Ele estava numa região chamada Las Vegas. Um carro para na porta. O rapaz que sai do carro faz com que Tiago se encha de alegria. Ricardo!

Ambos se abraçaram. Tiago tinha a sensação de alívio.

- Amigo! Como é bom te ver outra vez!

- Sim, irmão! É muito bom te ver outra vez.

- Acho que você já conheceu meus amigos!

- Sim, Já sim.

- Estamos em dias de terror, Ricardo.

- Eu sei amigo. Deixa eu te dizer algo. Esdras e sua mãe foram mortos!

- O que?

- Sim, irmão. Eles foram mortos.

- E Samuel?

- Nesse momento ele deve estar resolvendo as coisas com Aline para o enterro, essas coisas. Infelizmente.

- Mas por que tudo isso? Tiago pôs a mão na cabeça. Estava com um braço enfaixado de uma maneira caseira e com alguns esparadrapos na cabeça.

- O que aconteceu contigo meu amigo? Perguntou Asaph.

- Outra perseguição. Mas descobri coisas. Uma mulher me contou determinadas coisas. Eu preciso contar a vocês.

- Antes de tudo, há telefone por aqui por perto Tiago? Perguntou Ignácio.

- Ignácio, não há não, mas eu tenho um celular via satélite que essa tal mulher me deu. Liga dele.

- Eu preciso ligar para Clara. Meu celular acabou a bateria.

- Toma, liga dele.

Eles se sentaram. A senhora que estava lá dentro lhes ofereceu um mate mas nenhum deles aceitou. Nenhum deles tomava mate.  Tiago contou o que Yolanda lhe contou. Ricardo então contou para Tiago e para os outros toda a sua jornada no Brasil. Tudo que tinha ocorrido. Falou então do seu propósito de ir ao Uruguai. Ele queria descobrir os planos do tal Império para ele. Tiago foi juntando as hipóteses em sua mente sobre tudo que a mulher lhe contou, o CD que tinha visto com eles lá no hotel, o que Mateo lhe havia dito e lembrou de um fato ocorrido a mais ou menos um tempo. Um determinado homem se dizendo pastor líder das Igrejas Batistas do Uruguai, foi até a casa de Tiago convidar a Ricardo para ser um dos líderes da Igreja mesmo sem conhecê-lo e um mês antes dele chegar com Júlia na data prevista. Isso realmente assustou a Ricardo. Mas talvez responderia parte de todos os seus questionamentos. Ignácio se mantinha preocupado. Queria entender por que Clara não atendia o celular.

- Amigos, eu tenho uma idéia. Espero que vocês estejam de acordo.

- Diga Moisés!

- Precisamos ir contra o tempo. Sei que já está anoitecendo. Mas precisamos fazer algo. Será o melhor horário agora. Poderíamos ir ao porto de Montevidéu, pegar uma lancha e tentar ir até a tal ilha.

- Você diz, como se fosse fácil, Moisés, pegar uma lancha e sair por aí assim.

- Bem Asaph, primeiro, se não formos atrás deles, eles virão atrás de nós. Segundo, eu sou policial e posso pegar uma lancha a qualquer hora em nome da Lei...

- Que lei, Moisés? Você é um policial aposentado. – dizia Asaph.

- Sim, eu sei, mas tenho os meus métodos.

- Bem, e quem vai pilotar a tal lancha?

- Bem, Eu não tinha pensado nisso... Ainda...

- Eu posso! Disse Ricardo. – O que temos que fazer?

- Ir à Montevidéu –  disse Moisés.

- Eu acho loucura! Disse Asaph. Está escuro. É quase noite. Será um perigo!

- Estou de acordo com Moisés.. – Disse Ignácio. – Precisamos partir o quanto antes. Não podemos esperar que eles nos achem. Precisamos descobrir o que está naquela ilha. Acredito que os amigos de Tiago estão lá.

- Mas eu precisava interrogar uma mulher antes. Eu precisava de Aline para isso. – Dizia Ricardo.

- Quem? Perguntou Asaph.

- Uma mulher que foi secretária do último presidente chamada Clara. Eu...

- O que? Ela é minha esposa!

- Mas...

- E como você sabe dela?

- Eu fui com Aline e Esdras até o presídio e falei com Maurício. Ele disse que ela acreditaria nele. Que ele era inocente. E eu acredito nele. Ele foi manipulado como disse pra vocês que esse Império faz.

- Então se é isso mesmo como você diz, se explica o mercado, se explica a morte do presidente e o controle dos Amarillos. Alfredo era para assumir mas negou logo depois por causa que eles tinham fotos que estava traindo sua esposa. Eles mataram sua esposa e filho.

- É o que eles fazem. Eles matam quem eles querem e forjam tudo! Concluiu Ricardo.

- Bem... Já que temos respostas de algumas coisas. Precisamos ir a essa tal ilha. – Insistia Moisés. – Nós iremos armados. Não sabemos o que vamos encontrar lá. Vamos. Eu arrumarei tudo.

- Moisés, faremos isso. Mas antes me leve até a casa do senhor Humberto. Lembra daquele endereço que Mateo disse?

- Sim! Lembro sim. Por favor, é minha dívida com ele.

Eles compraram algo para comer e fariam tudo como o planejado. O único lugar que tinha para procurarem era a tal ilha. Esperavam encontrar respostas naquele lugar.

Eles se preparavam para ir-se quando Tiago chamou Ricardo num canto e perguntou-lhe algo.

- Amigo. Depois de tudo que ouvi sobre a marca, sobre tudo que lhe aconteceu... Me responde uma coisa, por que você usa essa luva o tempo todo... – Tiago era muito observador.

Ricardo baixou a cabeça.

- Não sei amigo. olhe isso! Disse mostrando-lhe a marca do tiro que tinha tomado. – Eu só sei que fui parar no hospital. Passei dois dias em coma segundo meu irmão. Eu não sei o que houve nesses dois dias. Tenho vários pesadelos de uma mulher colocando algo na minha mão. E isso está por dentro de minha pele. – Disse tirando a luva. – Eu não sei o que é isso. Não sei se neguei a Cristo. Literalmente não sei o que fiz. Se eu de alguma maneira ir contra vocês para fazer-lhes algo. Seja machucá-los ou qualquer coisa desse tipo. Por favor, não pense duas vezes em me ferir.

- O que você quer dizer com isso?

- Me mate! Não esqueça. Eu tenho medo de ter negado a Deus e isso ter uma grande influência em minha vida agora! Eu sei do que eles são capazes Tiago. Não sei como essa droga que eles fazem as pessoas serem controladas terá efeito em mim através dessa marca. Só sei que não quero servi-los!

- Eu também amigo! Ele apertou firme a mão de Ricardo. – Eu também...

Os cinco partiram. Queriam logo acabar com tudo o que ocorria, mas parecia que tudo aquilo não teria fim.



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19:22h.

A Lua brilhava. O frio caía em meio a floresta. Eles não acenderam nenhuma fogueira pois sabiam que assim seriam vistos. O jeito era ficar o mais próximo possível um do outro. Anderson se mostrava muito arrependido. Mark ainda tinha medo de confiar completamente, mas tinha medo de não confiar também. Mayara acreditava cem por cento nele. Andrés dormia. Estava extremamente cansado. Mark e Anderson conversavam mais. Mayara abraçou suas próprias pernas e pensava. Olhava para Andrés e estava extremamente grata por ele. Ele a protegeu como um grande amigo. Na verdade sentia que ele a protegia como algo a mais do que isso. Ela se achou muito próxima a ele. Mais do que ela imaginava. Mais do que talvez queria permitir a si mesma. Andrés balbuciava palavras. A única que conseguiu escutar bem foi “mãe”. Ela percebeu uma lágrima escorrer pelo seu rosto. Ela se aproximou dele e pôs as mãos no seu rosto. Ela enxugou sua lágrima. Andrés sentiu algo em seu rosto e se assustou abrindo os olhos... Mas logo parou ao ver Mayara pois se levantaria.

- Desculpa!

Andrés sorriu.

- Não, não tem problema. Eu... Eu estava tendo um pesadelo.

- Com sua mãe?

- Sim. Como sabe?

- Você a chamou por uns segundos. E chorava...

Ele olhou para o lado triste.

- Sabe May, tenho medo de não sair daqui!

- Eu também.

- Sonhei que minha mãe acenava pra mim. Como se despedisse de mim. Eu chorava tanto no sonho!

- Fico me perguntando o porquê viemos parar aqui nesse lugar. Por que Deus permitiu tudo isso acontecer.

- Uma coisa aprendi May, não importa o quão adversas pareçam ser as coisas, os problemas. Deus tem sempre o controle de tudo. Às vezes o mal pode pensar estar triunfando. Nós mesmos pensamos que o mal triunfará às vezes. Mas Deus é maior do que tudo. Essa coisa de que pregam do mal medindo forças com Deus é pura mentira. Deus tem o controle de tudo.

- Então por que o mal acontece?

- Eu não sei, mas já parou para pensar que Deus escolheu a provação para nos tornar melhores? Eu não sei por que Ele faz isso, mas Ele escolheu esse caminho para nós. O próprio Filho sofreu. Imagine nós?

- Eu tenho tanto medo sabe, medo de negar a Ele quando chegar a hora!

- “SE” chegar a hora. Você não o negou até agora Mayara, não negará depois...

- Espero. Oro para que isso não me ocorra.

- Não vai. Quero te dizer uma coisa...

- Diga...

- May, não sei se vou sair vivo daqui. Não podemos ter essa certeza agora. Mas se não sairmos quero que saiba uma coisa: conhecer você foi um privilégio.

Mayara sorriu e ficou envergonhada.

- May, sei que é difícil nesse lugar tenebroso, no meio do vale da sombra da morte ver algo bom, mas eu vi você. Deus colocou você como meu alento, sabe. Eu não sei se é hora de dizer algo assim, mas é isso! É o que estou sentindo. – Os lábios de Andrés tremia de vergonha. Estava nervoso. Mas precisou mais coragem para falar a Mayara do que para enfrentar aqueles homens armados.

- Eu sinto o mesmo quando olho você, Andrés. Me sinto segura ao seu lado.

Andrés sorriu. Ela se aproximou dele. Seus corações pulsavam acelerados. Eles se abraçaram. Se permitiram estar assim, juntos, um sendo a segurança do outro em meio àquela escuridão iluminada pela lua crescente e pelas estrelas. O som da noite era um pouco assustador, e não importaria talvez o que acontecesse depois, aqueles minutos valeriam por uma vida. Os olhos de Mayara, mesmo na penumbra, fitava os olhos de Andrés.

Sentia agora, não somente o palpitar de seu coração como também o respirar de Andrés. Seus rostos, como ímã foram se atraindo. Logo Andrés sentia os lábios quentes de Mayara aos seus. A Lua parecia querer estar naquele momento tão sublime, tão mágico. Andrés sentia que Mayara era a melhor coisa que surgira em toda a sua vida.

Mayara logo adormeceu nos fortes braços de Andrés. Ele a acariciava. Andrés sussurrou em seu ouvido mesmo sabendo que ela não o ouviria. “Foi um prazer estar com você. Obrigado”. Andrés pensava no que Anderson tinha dito. Sabia que se tentassem usá-lo para forçar sua mãe e pai a servirem aquela organização, eles não cederiam. Temia por isso. Mas Andrés estava disposto a tudo por Cristo. Ele já tinha decidido isso em seu coração.

Olhou novamente para Mayara e estava agradecido e percebia que mesmo nas mais densas trevas, encontrava o amor de sua vida. Não importasse o quanto durasse sua vida. Anos, meses, dias ou minutos. Estava disposto a fazer cada segundo valer  à pena. Ele a abraçou mais forte, e mesmo dormindo, ela o abraçou forte também. Ele percebeu um lindo sorriso naquele menina. Ele a acariciou mais uma vez.

- Obrigado Deus pelo sofrimento. Pois sem ele talvez jamais teria ganho o maior presente que poderia ter nessa Terra... – E assim ele orou.



Continua...