29 de junho de 2011

Diário Nº 25 – Vulnerável – 19 a 25 de Junho de 2011.

Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa ou pessoa, e o seu coração provavelmente será partido. Se você deseja mantê-lo intacto, não dê seu coração a ninguém. Evite qualquer envolvimento, mantenha-o trancado com segurança no caixão do seu egoísmo... O único lugar onde você pode estar perfeitamente seguro dos perigos do amor é no inferno.” C.S.Lewis

A frase acima, escrita por C. S. Lewis, talvez, exemplifique toda minha inconstância dessa semana. Se posso ser sincero com aqueles que lêem constantemente esse meu blog posso dizer que minha semana não foi uma das piores, entretanto, tampouco foi a das melhores. Foi uma semana, de certa forma, vazia.

Se essa vida que levo me leva a conhecer muita gente maravilhosa, também me leva a sentir falta dessas mesmas pessoas maravilhosas quando estou longe delas. E mesmo depois de todos esses anos, é algo que não consegui me acostumar. Na verdade não quero me acostumar com a idéia de estar longe de todos e se apático quanto a isso. Tampouco quero deixar a saudade tirar a alegria da solitude com o Senhor. Preciso aprender e reaprender sempre a achar o equilíbrio entre essas coisas ao passo de não me esquecer de estar com o Pai quando tenha a oportunidade e me acostumar ao ciclo que essa vida me propõe.

Depois que retornei do Pará, me senti estranho comigo mesmo. Assim como o Uruguai, creio que o Pará tem um forte “poder” de me deixar saudoso quando estou longe. No ano passado aconteceu isso e agora, o ciclo voltou. Creio que não é somente a saudade, mas também o próprio relacionamento com o Senhor quando dá alguma “baixa” por falta de investir tempo real com o Pai... Isso pode trazer grande influência.

E se há algo que tenho medo, mais do que qualquer outro medo que possua, é o estar longe do Senhor por minha causa. Creio que os outros medos podem ser vencidos de alguma forma. O estar longe do Senhor pode fazer com que nossa carne se agrade disso e se acostume de tal forma que se a misericórdia do Pai não vier sobre nós pode ser irreversível. Concordem ou não, esse é um caminho pelo qual não quero nunca percorrer.

19.06 – Domingo... E simplesmente um Domingo!

O primeiro dia da semana foi corriqueiro. Como não estava viajando ou trabalhando na base o que fiz foi simplesmente estar com as poucas pessoas que restavam na base. Foi um dos dias onde a saudade dos meus amigos e família veio de uma forma tão forte que houve momentos que quis me isolar um pouco mais e tentar orar. Nesses momentos parece que sua oração se torna vazia. Os sentimentos que te cercam parecem mais fortes que a própria fé de que o Pai está te ouvindo. Prometi a mim mesmo que mudaria e não lamentaria...


20 a 22.06 – De volta ao trabalho.

As questões corriqueiras da Base retornaram. Trabalhos no escritório, reuniões com obreiros de base, oração por situações específicas. A noite chegava e aquele sentir retornava e o pensar nos meus amados irmãos, amigos e famílias voltava como onda forte e arrasadora. Mas de qualquer maneira, de pé! Não é a primeira vez que isso ocorre e com certeza não será a última!

Na conversa com minha liderança, certas cobranças foram feitas e conselhos dados sobre meu futuro. Diante de todos os alvos a serem alcançados, vi o quanto pareço estar distante de suprir todas as necessidades, inclusive finaneiras, que se me aparecem, mas mais uma vez sou impelido a confiar. E o quão difícil é o confiar nessas horas!

Fred Berry, um ministro da Palavra da Rua Azuza, chegou e passou alguns dias conosco. Ele foi muito usado por Deus lá no Pará no ano passado e veio passar dias de descanso depois de intenso período de pregações desse ano.


23.06 – Base Vazia.

Na quinta-feira não tivemos culto pela manhã, já que à noite teríamos um culto, ministrado por Fred Berry na pequena vila de Monte Verde onde reuniria mais de 150 pessoas. Todos foram menos eu. Fiquei cuidando da base e durante umas 5 horas, o frio da noite cobria toda “nossa casa” enquanto sozinho assistia seu reinar. O frio estava demais naquela noite. Conversei com alguns irmãos pela net e nessa noite fui dormir bem tarde.


24 a 25.06 – Pedra Partida.

Lucas, Juarez, Tiago e eu fomos à Pedra Partida (2.050 metros) em Monte Verde onde passaríamos a noite. Deveria estar cerca de 02 graus ou menos no topo da montanha. Passamos à noite ali onde conversamos um pouco e esperaríamos o amanhecer para contemplar o espetáculo que produziria o nascer do Sol.
Ao som de Jesus Culture no celular de Juarez chorei ao ouvir uma das canções e reparar como estava meu coração naquele instante. Orei ao Pai. Na letra da canção em inglês uma frase dizia “uma palavra vem à minha mente: Santo”. Essa frase era o que minha alma necessitava naquele instante. Não tive como não chorar ao Pai.

O sábado amanheceu e a neblina nos cobria. Ainda sim vimos o espetáculo que a natureza nos trazia. Simplesmente maravilhoso! Sempre vejo Deus na natureza que nos cerca e quando minha alma está pesada pelas batalhas da vida que levamos, estar diante da natureza me faz ver Deus agindo em cada detalhe me mostrando o quanto Ele me ama.

À noite fui à vila com Juarez e Tiago e estive um pouco com a família de Humberto e Danúbia. Passamos um tempo bom juntos.


Extreme Unity.

Passei a semana também produzindo um vídeo sobre a aula que ministro para tentar levantar outros alunos, seja de igrejas ou empresas, para que de certa forma, também consiga recursos necessários para meu trabalho missionário. Batizei a aula de Vida em Equipe de Extreme Unity (unidade extrema) para que possa ter outros alunos, ainda que não sejam missionários.


Saudades.

Como disse C. S. Lewis, se nos fecharmos ao amor, realmente protegeremos nosso coração do Sofrimento ou da saudade que nos abate quando estamos longe dos amigos e família. As vezes essa nos deixa desnorteados ou nos faz sofrer devido a distância. Mas uma coisa é certa: prefiro a dor da saudade e do sentir falta ainda que me deixe sem chão por um período de tempo do que não ter o privilégio de amar. Amo minha família, amo meus amigos, amo aqueles que conheci nesse ministério. E continuarei amando e sentindo falta, mas ainda prefiro amar a “proteger” meu coração desse mesmo amor por não querer que ele sofra!


25 de Junho de 2011. Pedra Partida Monte Verde - MG às 06:45 da manhã.
2.050 metros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário