17 de novembro de 2011

Diário Nº 46 – Morrer é Preciso – 06 a 12 de Novembro de 2011

A questão não é se morremos, mas se morremos de modo a produzir muito fruto” John Piper.

Para mim Deus é o grande desconhecido. Acredito nEle, mas não o encontro.” Adoniram Judson.

No meio cristão evangélico há o sofisma de que temos super-heróis da fé; homens que oram e fogo cai do céu. Oram e pessoas levantam dos túmulos. Sim, pode até existir esses homens que no poder de Deus o fazem, mas não podemos pensar que esses caras não possuam algum tipo de luta dentro de si. Eles lutam, sim, contra alguma escuridão. Eles lutam, sim, contra alguma dor.
Cada homem na face dessa Terra, cristão ou não, está diante de situações que o fere. Algo que quer deixá-lo no chão. O “passageiro sombrio” como, na ficção, o Serial Killer Dexter chama sua escuridão.
Existe também na luta do cristão de saber que pra fazer a vontade de Deus precisa morrer pra que os frutos apareçam. Seja na metáfora. Seja literalmente. É a guerra interior que aparece diante das dores como na vida do missionário Adoniram Judson ao perder sua família mesmo fazendo a obra de Deus.
A luta de querer ser melhor e a angústia que nos puxa pra baixo fazendo aparecer a tentativa de esconder tal guerra na máscara da religiosidade.  É a noite escura da alma de São João da Cruz. São nessas horas que precisamos parar de buscar os paliativos e realmente clamar a Deus, mesmo na angústia, mesmo na descrença, mesmo em meio ao pecado, em meio a dor, em meio a solidão, em meio a noite escura da alma, ao lado do passageiro sombrio, na desavença do ser, no orgulho do “eu”...
Clamar ao único que entende aquilo que não entendemos. Ao único que realmente pode estar ali. Na mais profunda dor inimaginável da alma que Ele possa estar presente sentado ao lado, ouvindo, entendendo e, mesmo calado, trabalhando (ainda que pareça clichê). Oh quão maravilhoso é o surgimento da Presença de Deus (ainda que Ela esteja sempre lá) nos mais terríveis momentos de solidão e trevas! Mais uma vez isso demonstra sua Maravilhosa Graça. Mais uma vez provei isso essa semana.
Dessa vez o declararei mais nitidamente. A dor não foi fácil, mas a Presença de Deus nessa semana me trouxe lágrimas, me trouxe esperança e me fez tocar mais uma vez na Sua incomparável Graça. Falar é fácil, seja compartilhando com outros ou pregando nas igrejas, mas Deus nos convida a parar de falar um pouco e a crer mais! Ele me convidou e eu aceitei esse convite...
06.11 – Minha Costela.

Cheguei a Campinas pela manhã vindo de Apiaí. Fui direto pra casa onde as meninas da missão estão hospedadas junto à Driellen. Mas fui direto dormir já que não havia dormido da viagem de Apiaí à São Paulo. Só vi a hora que meu amor apareceu, me deu um beijo no rosto, e foi fazer um encontro missionário. Mais tarde tive que levantar e ir ao ensaio com o pessoal da 8ª Igreja do Nazareno. Ensaiaríamos uma peça teatral chamada Segurando as Cordas. Uma pantomima na verdade.
Ensaiamos. No meio do ensaio, numa posição errada, enquanto eu interpretava o papel de Jesus sendo crucificado, me joguei e cai em cima do meu amigo que estava agachado. Minhas costelas foram direto no seu joelho e fiquei uns segundos sem poder respirar. Senti tanta dor e pensei que tinha quebrado.
Mesmo com dor continuamos o ensaio e à noite apresentamos a peça. Foi muito bom. Vi muitas pessoas ouvirem o chamado de Deus às missões. Driellen e Mireli foram adotadas pela igreja para irem ao campo missionário o que fiquei muito feliz. A dor continuava. Ficamos juntos, Dri e eu após o culto.
07-09.11 – Monte Verde.

Passei a manhã da segunda com Driellen e as meninas e na parte da tarde voltei pra base. Tive um contratempo ridículo na rodoviária de Campinas. Cheguei em cima da hora pra pegar o ônibus pra Camanducaia, mas o motorista não me deixou entrar. Fiquei extremamente irado com ele. Cheguei mais tarde do que gostaria em Monte Verde além de pegar um ônibus a mais.
Os dias passaram tranqüilos. E com poucas pessoas na base o tempo livre me fez refletir e meditar mais na Palavra de Deus e orar um pouco mais.
10.11 – O Impacto de Daniel.

Estou quase terminando minha leitura anual da Bíblia. Na verdade uma leitura semestral, pois eu mesmo dividi os capítulos da Bíblia de uma maneira que lendo de 04 a 06 capítulos por dia eu a termine em seis meses. Essa semana era a semana de Daniel. Como a leitura me fazia regozijar!  Apesar de já tê-lo lido várias vezes, essa fora especial. Eu parecia realmente provar mel ao paladar. Foi maravilhoso.
Li Daniel e sabendo que ministraria em São Paulo no domingo, senti como se o Pai me direcionasse a estudar esses textos e sobre eles ministrar nesse dia. Tal impacto me fez prostrar diante do Pai mais intensamente no dia seguinte.
11.11 – A Visitação.

Quebrantado. Talvez seja essa a palavra. Talvez seja a melhor para expressar o que aconteceu no meu quarto. As lutas diárias estão aí. Perdas. Dores. Lágrimas. Angústia. Escuridão e Luz. Às vezes passamos momentos em que parece que o Pai está em silêncio. Mas não somente isso, parece que ele não está dando atenção suficiente ou nenhuma às nossas aflições.
À noite, sozinho em meu quarto, após ler o livro de Daniel e algumas páginas do livro de John Piper “Completando as Aflições de Cristo”, algo me impulsionou a orar e durante duas horas não consegui fazer outra coisa. Orava, clamava, intercedia, louvava ao som de Thalles Roberto... Meu Deus! Como expressar tal visitação? Naquele instante sentia que as trevas de minha alma se dissipavam. Era como se uma Luz brilhasse na mais torpe escuridão. E brilhou! Sinceramente não queria sair de lá. Não queria “descer” de lá.
Embora oremos todos os dias e leiamos a Palavra todos os dias (ou tentemos ao menos), momentos como esses podem ser extremamente raros. Mesmo “trabalhando” para o Pai, muitas vezes não “deixamos” Deus ser Deus em nossas vidas. Não damos o tempo devido ao Senhor e nos enchemos de tudo menos da Presença do nosso Pai.
Ali foi momento de oração, de choro e de clamor. Queria que aquele momento não acabasse. Queria que aquele momento fosse eterno. Explicá-lo... Impossível. Mas estar na Presença de Deus, perto da Luz, longe das Trevas é uma grande dádiva que o Pai nos dá... Não queria dormir, não queria outra coisa que não fosse Aquela Presença. Sozinho, eu e meu amigo Jesus compartilhamos tanto... Só soube chorar...
12.11 – Reencontrando Meu Amigo Jorge.  

Pela manhã, Margareth e Mark me deram uma carona até São Paulo. Como Jorge só chegaria mais tarde, eu fiquei por ali na rodoviária do Tietê e fui ao Shopping D e lá vi o filme Gigantes de Aço. O filme muito bom, mas infelizmente no Cinemark o filme travou duas vezes e parecia que eu estava vendo um filme pirata!
De lá fui pra Engenheiro Goulart onde me encontrei com meus amigos da Assembléia de Deus do Pira e foi muito bom estar lá. Jorge me encontrou e levou-me pra sua casa em Guarulhos. Ele e sua esposa e a família de sua esposa me receberam muito bem e fiquei super feliz em estar com eles.
A semana terminava me fazendo meditar muito sobre tudo que vivi ao lado do Senhor e no dia seguinte o PAI me reservaria um dia especial me fazendo ver algo que há muito não via. Obrigado Senhor...
Leitura Bíblica da Semana: Daniel 01-12; Apocalipse 01-06.
Livro da Semana: Completando as Aflições de Cristo de John Piper.

"ESCURIDÃO"
"Diante da escuridão que cai sobre nossas almas,
 Deus derrama da Sua Graça...

Embora apenas uma gota dessa Graça fosse o suficiente
Para purificar-me de todo o mal,
...
Ele escolheu derramar um oceano sobre mim.
Não que não haja poder em 'apenas' uma gota,
E não tivesse poder suficiente em Seu Amor e Sua Graça,
Mas um oceano é derramado,
Pra que eu perceba se há sede suficiente em mim
Pra beber dessas águas,
Mergulhando profundamente nesse Oceano.

Percebo nessa batalha,
Que a guerra não é meramente da Luz conta a Escuridão,
Mas a luta que existe dentro de minha própria alma
É entre o prazer que sinto na Luz,
E o prazer que sinto nas Trevas.

A graça é mar que lava,
E luz que ilumina a escuridão do meu pecado,
E que me faz querer ser purificado,
Na única cor que que apaga as manchas do mal,
O Vermelho daquele Sangue Santo
Derramado naquela Cruz.

Oh! Graça que me alcançou.
Obrigado Deus por teu Infinito Amor..."
Alan Vieira

Nenhum comentário:

Postar um comentário