* Daniel, Ronald, Amanda e Natália, na fuga, separam-se de Mark, Andrés e Mayara. Daniel se revela como um dos líderes do Império, intitulado GAMA. Ela mata Ronald. Natália se joga do precipício ao mar. e Amanda nega a Cristo.
* Ricardo encontra-se finalmente com Tiago. Juntos à Moisés, Asaph e Ignácio seguem para a casa de uma pessoa que saberia de Mateo, o pastor que Tiago encontrou na praia e que morreu mesmo depois de várias tentativas de salvá-lo.
* Saulo e Glória chegam para falar com Clara e Alfredo, mas o carro onde Clara estava explode.
*Anderson volta ao normal e conta como ficou naquele estado ruim. Mayara e Andrés revelam-se apaixonados um pelo outro.
*Suzana e Marcelo, pais de Andrés, não cedem às exigências de Dólios em negarem a Cristo e são assassinados.
CAPITULO XVII
O VERDADEIRO ENCONTRO
19:58h.
Havia
muitos policias no estacionamento onde houve a explosão. A TV estava ali. As
câmaras e tudo o mais. Alfredo explicava tudo o que tinha ocorrido aos
investigadores. Ele chamou Glória e Saulo que explicaram mais ainda. Alfredo se
aproximou de Saulo e Glória. Glória ainda não tinha se recomposto por causa de
Clara. Ainda não acreditava no que tinha ocorrido. Não conseguia falar com
Ignácio. Estava muito condoída com tudo.
-
Glória, Saulo, esse é meu investigador particular. Seu nome é Steve. Ele é
americano e está aqui no Uruguai há três anos investigando os Amarillos. Se você concordar, nós
gravamos e amanhã colocaremos no ar tudo o que aconteceu.
-
Por que você não deixou que tudo isso viesse às claras antes? – Perguntou Saulo.
-
Eu não poderia. – Alfredo ficou como constrangido com a pergunta. – Clara não
contou a vocês?
-
Sim, Alfredo, contou. – Glória sabia que Alfredo falava da sua traição à
esposa. – Não precisa falar.
-
Com as provas que vocês tem, e com tudo que já investiguei, faremos com que a
Aliança Internacional venha e desmascaremos tudo o que o governo Amarillo fez. Não se preocupe. – Disse
Steve.
-
Nós temos as gravações feitas por outras pessoas que estavam envolvidas e foram
vítimas disso tudo. Nós precisaremos trazer tudo à tona. Não sei quanto isso
vai nos custar, mas custou a vida de minha amiga e tenho certeza que ela
levaria isso à frente!
-
E a de minha família.
Saulo
ficou envergonhado por fazer Alfredo quase falar de sua traição.
-
Outra coisa Glória, quando eu der minha entrevista, você vai me fazer um favor.
-
Qual?
-
Me faça a pergunta se traí minha esposa.
-
Como?
-
Isso o que eu disse. Me faça a pergunta! Minha esposa estava vindo de outra
cidade para ouvir isso de meus lábios. Eu devo isso a ela. Eu devo isso ao Povo
de nosso país.
-
Mas...
-
Por favor, somente faça...
-
Ok. - Gloria, como repórter jamais perderia um furo desse e de constranger um
entrevistado se fosse preciso para ter um furo de reportagem. Mas em meio à
tudo aquilo, não queria fazê-lo. De contrapartida era importante fazer o que
Alfredo estava pedindo. – E quando poderemos ir com tudo ao ar?
-
Faremos isso amanhã de manhã às sete horas. Que todo o Uruguai Saiba que isso
foi o golpe de Estado e reuniremos todos nas ruas e pediremos o controle do
país outra vez.
-
Mas o Exército...
-
Há mais gente do nosso lado do que você imagina Glória. Sabemos até mesmo de
uma ilha que nem no mapa está que é um campo de concentração dos Amarillos e da Nova Ordem Uruguaia para
quem não está de acordo com o governo. Sabemos também de alguns acordos deles
com APLA. Nós ainda não a desmascararemos, mas iremos um passo de cada vez.
Logo toda essa rede política maldita será desfeita.
-
Deus te ouça...
-
Não acredito em Deus! – Disse Steve. Curto e grosso.
-
Tá, não importa! Maneira de dizer. – Falou Glória meio que desconcertada com o
corte de Steve.
Saulo
caminhou até perto do carro que tinha explodido e que já estava com o fogo
controlado. Eles haviam tirado o corpo carbonizado. Era de uma mulher. Saulo
logo percebeu um homem reclamando.
-
Era eu quem tinha que fazer essa perícia. Era eu! – Gritava com um policial.
-
Olha, foram ordens superiores que fizeram com que os americanos investigassem.
-
Essa corja de safados! Eles não querem que eu investigue a verdade!
Saulo
caminhou até o homem para escutar sua conversa. Ele desconfiou do homem.
-
Por que está nervoso amigo. Você é da perícia. – Assim... Direto! - Quem é você
rapaz?
-
Sou Saulo, camera-man do canal sete!
-
Ah tá. Você quer que eu fale as coisas pra você e saia tudo no canal sete essa
noite.
-
Ok. Se não quer dizer não tem problema. Toma meu cartão. A propósito. Assista o
canal Sete amanhã, às sete da manhã!
O
jovem Uelignton da ficou a observar a atitude daquele homem que saiu logo após
lhe dar seu cartão. Na entendeu muito. Saiu sem dar muita importância ao fato
pois não era mais para ele estar ali na cena do crime.
Naquela
noite mesmo. Alfredo filmaria sua entrevista. Glória sabia dos riscos. Saulo
também. E agora tinham o misterioso Steve. Parecia ser alguém confiável. Steve
foi mostrando para eles provas contundentes de tudo que investigara durante os
três anos que estava ali no Uruguai. Cada coisa assustava ainda mais a Glória e
a Saulo. Isso só fazia com que eles desejassem denunciar tudo pela manhã.
Temeram pelas próprias vidas também. Steve prometeu protegê-los durante aquela
noite. E ele o faria com certeza. Ele era mais do que um investigador.
A b W
20:04h.
Uma
buzina insistente era ouvida em frente à casa de Humberto. Ele foi atender. Ele
não conhecia ninguém mas o rapaz que se aproximou timidamente disse algo que
com certeza faria Humberto estremecer mais do que já tremia infelizmente pelo
mal de Parkson que sofria a mais de doze anos.
-
“Em todo o tempo ama o amigo e na
angústia nasce o irmão.” – Disse Tiago.
-
Mateo! – Ele chorou.
Tiago
não resistiu ao ver a emoção do velhinho e o abraçou.
-
Entrem por favor.
Os
cinco entraram. Pareciam que eram os guerreiros de uma nova ordem! Humberto ao
olhar para eles viu armaduras como aquelas medievais. Haviam espadas em suas
mãos. Eles não viam. Mas Humberto via. Ele sorriu em meio às suas lágrimas.
Humberto
foi até seu quarto caminhando lentamente. Os outros lhe observavam. Moisés
tremia de impaciência. “Alguém poderia
passar a marcha desse velho”. Pensava. Moisés bufava. Estava mais
interessado de acabar logo com aquilo, mas Tiago tinha que demonstrar sua
atitude cristã de novo cumprindo sua palavra.
–
Droga!
Pensava Moisés.
Uma coisa não se podia negar. Tiago era um
cristão de verdade! Ele não pregava como muitos crentes fazem, mas ele vivia o
que cria apesar de toda aquela situação adversa. Moisés percebia isso.
-
Está aqui! – Disse Humberto entregando-lhe uma fita.
-
O que é isso? – Perguntou Tiago.
-
É uma gravação que Mateo fez com a mulher que disse ter tido relações com ele.
Aqui ela confessa que tudo foi uma armação para separá-lo de sua família e
separá-lo de toda Igreja. Mateo era um homem conhecido. Não somente aqui no
Uruguai como também em outros países. Quando se soube de sua suposta traição,
todos lhe abandonaram. Inclusive sua família.
-
Isso é uma prova de que ele era inocente.
-
Sim!
-
E por que Mateo não mostrou isso para a Igreja? Por que ele não fez isso? Por
que o senhor não mostrou isso para a família dele? Por que? – Tiago estava
indignado.
O
velhinho sorriu para ele. Suas rugas demonstravam experiência de anos e anos.
Humberto demonstrava uma tenra serenidade. Estava tranqüilo. Ele então disse:
-
Mateo... Meu melhor amigo, pastor Mateo era um homem íntegro. Ele jamais se
deixou inflamar por nada. Seu caráter era impecável. Não tinha como ninguém
acusá-lo de nada. Ele amava Jesus mais do que qualquer outra pessoa que já
conheci. Sua paixão por Jesus Cristo às vezes o fazia adoecer.
–
Aqui no Uruguai e nos lugares por onde passei nunca vi ninguém como ele. É gente
como ele que incomoda as trevas. A Luz
brilhou nas trevas e as trevas não a compreenderam! Mateo não queria que as
pessoas acreditassem nele pela prova que ele tinha. Ele queria que as pessoas
acreditassem nele por tudo que ele sempre foi e sempre representou para elas.
Ele ajudou muita gente. Ele amou a muita gente.
–
Ele se doou para muitos e no fim o que
ele recebeu? Abandono. Gente que não cria nele. Infelizmente a igreja prega
amor, mas nós ainda estamos vivendo muito longe disso. Por isso as trevas estão
tomando espaço entre nós. A verdade é que as trevas não saiu ainda de dentro da
maioria de nós. Quando Mateo desapareceu todos disseram que ele havia fugido de
vergonha. Ninguém quis procurá-lo. Ninguém. Nem mesmo sua família.
–
A igreja então foi definhando, definhando e fechou. Hoje é apenas um galpão
vazio com madeiras pregadas na porta com um cartaz rasgado escrito “Vende-se”.
Mateo lutou toda uma vida para erguer aquela igreja, e quando digo ‘igreja’,
não estou falando sobre os tijolos. Estou falando sobre pessoas. Isso dói
demais.
-
Mas eu não entendo! Por que ele não voltou atrás? Por que ele não lutou?
Perguntou Ignácio Indignado.
-
Ah! Filho, há muito que aprender. A verdadeira Cruz de Cristo não é como muitos
pregam aí. O Caminho que Jesus pregou para todos nós não foi um caminho de vida
boa, mas um caminho de renúncias onde descobrimos que Deus é Senhor e Ele
sempre fará o que lhe apraz.
–
Hoje, muitos convidam, mas não para Jesus, e sim, para um Deus que pode dar
boas dádivas. Logo as pessoas não estão indo a Jesus, e sim, às coisas que
Jesus supostamente pode oferecer. Mas quando Jesus fazia o convite, ele chamava
as pessoas para carregarem sua cruz. Negarem a si mesmas. Por tudo que vocês
passaram até agora, vocês viram de forma material aquilo que acontece no
espiritual. Uma guerra. Uma guerra que vai além do Bem contra o Mal. Mas a
guerra que ocorre no coração do homem. Dele deixar Deus mudar sua vida ou não.
Como exatamente ocorre no teu coração.
-
Mateo sabia quem era Jesus, sabia que ele não seguia a Cristo como um religioso,
mas como um verdadeiro filho que deu sua vida e morte nas mãos de seu Único e
Verdadeiro Mestre!
-
Mas precisou ele morrer para que isso acontecesse? Para cumprir os planos de Deus?
- Esbravejou Asaph.
Humberto,
nesse momento baixou a cabeça e puderam ver olhos cheios de lágrimas. Ficou
quieto por um instante com a afirmação de Asaph. Virou-se para eles e disse
mudando de assunto um pouco.
-
Saibam, não sei quem são vocês, mas sinto paz em vocês e sei Que Deus luta ao
lado de vocês. – Ele pegou a mão de Ricardo e esfregou seu dedo em cima de onde
tinha a “marca”. – de todos vocês! – Disse olhando Ricardo fixamente fazendo o
coração de Ricardo disparar. – Não importa o quanto vocês perderam ou perderão e
sei que alguns de vocês perderam muito! – Disse olhando para Asaph da mesma
forma que olhou Ricardo. Ele sempre dava uma pausa e voltava a falar. Asaph
baixou a cabeça e quase chorou. – Sei que até que estão tendo conflitos
internos sem saber o que é verdade ou não. Se acreditar em Deus ou não. –
Olhava para Moisés nesse momento. Moisés baixou a cabeça desconcertado. – E sei
que ainda há muitas lágrimas a serem derramadas. – Disse tocando a Ignácio no
ombro, mas não olhou em seus olhos. Humberto teve certo pesar ao dizer isso
para Ignácio, era como se ele soubesse o que cada um tinha passado nas últimas
48 horas. – Mas saibam. Deus escolheu vocês para algo maior do que vocês
imaginam.
-
E como o senhor sabe disso!? – Perguntou Moisés.
Humberto
apenas sorriu. Ele olhou para ele, diretamente em seus olhos e disse:
-
Deus sabe, filho. Deus sabe!
-
Então está me dizendo que Deus fala contigo? Que as trevas estão lutando, e que
trevas são essas? Perguntava Moisés quase que irado...
Humberto
segurou a mão de Moisés.
-
Filho. – Sua calma quase chegava a irritar até mesmo Tiago, mas sua serenidade ao
mesmo tempo acalmava todos que estavam à sua volta e sua segurança, de certa
maneira, assustava. – Escute, quanto tempo você tem lutado contra Deus? Você
está guerreando ao lado dEle mas não se tornou filho ainda. Somente Jesus pode
fazer isso: Mudar sua vida. Você já provou de tudo nessa vida. Está na hora de
provar a Deus. Saiba disso. Deixa Deus mudar a sua vida. Olhe pra vocês! Será
que tudo isso é coincidência? Foi o destino que juntou vocês? Não! Deus o fez.
Por mais que esteja tudo obscuro ainda, logo vocês verão Deus. Ele já viu
vocês. Ele escolheu vocês antes mesmo que o mundo fosse formado. Ele está com
vocês. Ele ama e deu Seu Filho por vocês. Por você...
Enquanto
Humberto falava, Tiago se lembrava da visão que havia tido. A voz de Deus. Tudo
que tinha acontecido até agora. De onde havia tirado forças para passar tudo
que tinha passado nas ultimas 48 horas? Os livramentos. Ignácio e Asaph não
conteram a emoção e as lágrimas começaram a brotar intensamente. Ricardo
esfregava sua mão direita numa angústia terrível e chorava no seu canto também.
O mesmo sucedia a Tiago. Havia uma paz indescritível naquele lugar. Quem era
aquele senhor? Seu rosto brilhava. Havia algo diferente. Moisés chorou. Ele
caiu de joelhos. Ele tinha entendido algo em meio àquelas palavras que nunca
havia entendido antes. Entendeu porque aconteceu tudo aquilo em seu
departamento de polícia. Entendia o fatídico encontro com Tiago e a ajuda a
Mateo. O hospital. O rio. As fugas. Tudo! Deus usou tudo aquilo para dar aquilo
que ele recebia naquele exato momento.
-
Eu quero... – Disse ele – Eu quero Jesus.
Uma
paz indizível enchia a sala de Humberto. Deus estava ali. Só poderia estar. Que
paz era aquela que nunca, nenhum deles, exceto Humberto havia sentido? Eles
escutavam o coração deles falar com eles. Mas era o coração de cada um ou uma
voz que falava no mais íntimo daqueles homens? Algo acontecia. Em cada um.
Agora, todos entendiam que eles não foram levados ali à toda. Tudo ocorreu com
um propósito.
Moisés
não continha suas lágrimas. O coração deles estavam inflamados com algo que não
podiam expressar. Mas era quase palpável!
***
-
Antes que vocês se vão, quero lhes dizer algo. Não lutem com armas humanas. A
nossa guerra não é contra carne ou sangue, mas contra os Principados e
Potestades que atuam nas Regiões Celestiais. – Ao dizer isso, Humberto tocava
seu próprio peito ao lado do coração.
-
Entendo. – Disse Ricardo.
-
Humberto, me diga agora onde mora a esposa de Mateo.
-
O nome dela é Noélia. Ela vive na esquina dessa rua..
-
Obrigado Humberto.
Moisés
foi o último a sair. Ele parou na porta e virou-se pra Humberto. Não disse
nada, apenas caminhou até ele e o abraçou. Ficaram assim alguns minutos.
Calados. Os outros olharam por um momento para a cena, mas seguiram em direação
ao carro. Preferiram deixar aquele momento sem dizerem alguma palavra.
Todos
se despediram. Antes de ir ao destino deles, eles parariam em frente à casa de
Noélia.
***
Todos
estavam calados no carro olhando Tiago se dirigir à porta de Noelia. Ele tocou
a campainha duas vezes. Uma jovem senhora atendeu. Cabelos negros. Olhos
castanhos. Veio à porta junto a uma jovem de mais ou menos 22 anos
aparentemente. A senhora estranhou um jovem tocando a campanhia àquela hora.
Ela foi até a porta. Não tinha visto os outros dentro do carro. Só tiveram a
visão deles observando-os ao chegar no portão.
-
Pois não?
-
Senhora Noélia?
-
Sim, sou eu...
-
Vim lhe trazer uma encomenda. Sou servo de Deus. Sirvo a Jesus Cristo como
creio que a senhora o serve também. Espero que a senhora escute essa fita, por
favor.
Noelia
pegou a fita um pouco desconfiada. Olhava para Tiago encarando-o. Sua filha não
entendia nada. Nem mesmo ela. Tiago hesitou por um momento em dizer outra
coisa, mas disse:
-
Mais uma coisa antes que eu vá embora. Seu marido pediu para dizer que te ama e
ama seus filhos grandemente. Ele jamais esqueceu de vocês, nem da senhora, nem
de seus filhos.
Aquela
palavra estremeceu a Noelia e a sua filha.
-
Mas.. Mas.. Mateo? Você o viu? Você sabe onde ele está? – Perguntou ela. Os
olhos lacrimejados.
Tiago
olhou para seus amigos no carro. Eles tinham escutado. Todos desviaram o olhar
tristes.
-
Ele está com o Senhor Jesus agora. Ele me pediu para dizer que ele sempre amou
vocês.
Nem
Noelia nem a filha conseguiram dizer nada. Tiago também se entristeceu ao dizer
o que disse e seus olhos demonstraram a dor de seu próprio coração. Ele deixou
as duas e sem dizer mais uma única palavra voltou para o carro. Moisés que
agora dirigia deu a partida no carro. As duas ficaram no portão sem dizer uma
única palavra uma para a outra. Noelia olhou novamente a fita que tinha nas
mãos. Ela ficou pensando. Ouviria naquela noite a prova de que seu marido era
inocente. Isso a faria tomar uma decisão além de causar grande dor e
arrependimento em si mesma, na filha e nos outros filhos que estavam dentro de
casa.
A b W
22:50h.
-
Vocês acham que ainda devemos fazer isso? – Perguntou Asaph.
-
Bem Asaph. Eu quero fazer – Disse Ignácio – Se juntarmos as peças desse grande
quebra-cabeça. O desaparecimento dos amigos de Tiago. O CD que estava nas mãos
de Saulo e Glória. O cd que Esdras tinha falando de uma ilha e de supostas
maneiras de tortura. A história que Ricardo nos contou. Tudo o que aconteceu a
ele no Brasil. A história de Mateo. O que nos aconteceu até agora e a própria
forma com que Tiago encontrou Mateo na praia. Indica a direção que está essa
tal ilha. Tudo que Clara contou sobre esse governo. Então podemos crer que tudo
se encaixa. Só não encaixa essa questão de que a maioria dessas pessoas sejam
cristãs, pastores e missionários. O que tudo isso significa? Não sabemos. Mas
vamos descobrir. Ou sentaremos e esperaremos que eles venham e nos matem.
-
E isso, com certeza eles farão! – Disse Ricardo.
Moisés
chegou com uma chave não mão. Eles deduziram que era a chave de uma lancha.
Tiago
então perguntou.
-
Não teve que roubar, não é?
-
Ah que nada, eu coloquei uma arma na cabeça de um cara e disse: “ou me dê a
chave ou vou te matar”. Então ele não me deu e eu estourei os miolos dele.
-
O que!? Exclamaram Ignácio e Tiago juntos.
Moisés
riu.
-
Calma! Calma! Brincadeira. – Dizia rindo. – Eu encontrei uma amigo que me deu a
chave de sua casa que é aqui em frente. Podemos dormir lá ao invés de sairmos
agora à noite. Ele tem uma lancha e me emprestou. Ao amanhecer fazemos o que
temos que fazer. O que acham?
-
Mas com a lancha desse tal amigo? – Perguntou Asaph. – Você não contou o que
vamos fazer não é? Não podemos envolver mais ninguém...
-
Calma Asaph. Eu sei. Esse homem na verdade não é um amigo assim: ele me deve
alguns favores. Não dá pra explicar agora. Foi o melhor meio que tive do que
roubar ou usar uma autoridade que não tenho mais. Ele estava parado ali com uma
mulher. Ele não vai dormir em casa mesmo essa noite. Então disse do que
precisava. Ele me deu as chaves e me emprestou a lancha. Só não disse que
estava com outros quatro amigos. Mas me preveniu para sairmos amanhã de manhã.
Essa hora à noite, é loucura!
-
E vamos perder mais tempo?
-
Não creio. Creio que vamos ganhar tempo. Poderemos descansar. – Disse Tiago a
Ignácio.
-
Verdade Tiago. Você tem razão.
Eles
então decidiram descansar. Foram para a tal casa. Linda. Puderam tomar um
banho. Ali criam que ninguém estariam atrás deles. Comeram. Pensaram. Fizeram
planos. Descansaram. Oraram. O único que não descansava era Ignácio, preocupado
com Clara. Tentou várias vezes ligar do telefone daquela casa para ela, mas não
conseguia. Tentou ligar pra Alfredo, mas seu telefone não atendia tampouco. Ele
estava literalmente preocupado. Mas tentou esfriar a cabeça e dormir um pouco.
Dormiu ali mesmo no sofá.
Tiago
orava. Lembrava de tudo que havia passado. Pedia a Deus que tudo pudesse
terminar logo. Moisés, por sua vez, olhava da janela pensando na decisão que
havia tomado. Orava. Pelo menos tentava fazê-lo à sua maneira. Asaph já dormia.
De igual forma Ricardo dormia. Ele voltou a ter seus pesadelos. A Marca. Ele
havia aceitado a marca! Por que? Era obscuro tudo aquilo. Era doloroso. Temia.
No sonho. Naquele pesadelo, o temor era grande!
Moisés caminhou até a varanda da casa que dava de frente ao Rio de La Plata... A lua brilhava no céu. Ele pensou sobre o que tinha ocorrido com seu coração. Ouvia o som das pequenas ondas baterem nas rochas abaixo da varanda. Pensava...
- Obrigado Deus. Não sei que você ainda, mas gostei de ter te encontrado. Eu preciso de Você. Me ajude a ser diferente de tudo que sou. Eu não sou uma boa pessoa... Você sabe disso. Mas me ajude, por favor. Me ajude... - Ele inclinou a cabeça e mais uma vez chorou. Tentava entender o que acontecia com ele mesmo.
Naquele instante ela estava sozinho, mas sentia que Alguém estava ao seu lado. Alguém invisível, mas real. Mais real do que tudo que tinha conhecido antes.
Ele olhou pro céu mais uma vez, e, mesmo em meio às lágrimas, sorriu.
Continua...
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