CAPÍTULO XIX
“Qué lindo que era verlos caminando
un alma sola dividida en dos
La orilla de ese mar los encantaba
quedaba todo quieto alrededor
Hermosa fue la vida que llevaron
la suerte no les quiso dar un sol
Curioso es que su risa iluminaba
hasta el día que ese mal se la llevo
quedaba todo quieto alrededor
Hermosa fue la vida que llevaron
la suerte no les quiso dar un sol
Curioso es que su risa iluminaba
hasta el día que ese mal se la llevo
Se queda con su foto en un rincón
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
El sigue con su vida recortada
sin clara fue una vida sin color
La imagen de sus ratos mas felices
hasta ahora siguen siendo su motor
sin clara fue una vida sin color
La imagen de sus ratos mas felices
hasta ahora siguen siendo su motor
Se queda con su foto en un rincón
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
La siente
La escucha
La espera
Y sueña...”
La escucha
La espera
Y sueña...”
Maria
Betânia, que estava no portão de casa, não acreditou quando viu um carro da
polícia chegar com seu marido atrás. Ele sorria. Ela também. Eles correram e se
abraçaram chorando. Não acreditavam no que havia acontecido. Não podiam crer
que tinham passado por um terrível pesadelo. A menina foi correndo e gritou:
- Papai!
Papai!
- Oh!
Filhinha...
- Papai, me
disseram que o senhor estava no céu. Como é lá?
O pai
sorriu abraçado à esposa e à filha mesmo em meio às lágrimas.
- Senhor... Guarde nossos amigos onde quer que
eles estejam...
Asaph
olhava desolado os escombros do que sobrou da explosão. Estava sério. Caminhava
pelo que restou de sua Clínica. A linha amarela demonstrava: “não ultrapasse”.
Ele encostou na parede carbonizada e via instrumentos clínicos contorcidos. Ele
acariciava a parede. Queria que tudo tivesse sido diferente. Mas não o foi.
Agora todos sabiam de sua dor. Um carro parou em frente à clínica. Uma mulher
saiu e chamou.
- Senhor
Asaph?
- Sim, sou
eu!
- Uma carta
para o senhor. – ele pegou e achou aquilo muito estranho. Ele abriu e leu. Era
uma carta de pedido de perdão e um chamado para assinar um documento que
autorizava o governo a reconstruir seu hospital sem ele precisar pagar um
centavo!
Ele sabia
que aquilo não traria de volta as vidas perdidas naquele local. Ele ajoelhou e
começou a orar. Ele amassou o papel e na metade da oração rasgou aquele papel.
Não queria nada que viesse do governo...
- Senhor... Guarde-os e permita-me revê-los.
Não sei como estão eles agora, mas peço apenas que eles estejam bem...
Anderson
segurava a Andrés no colo. Mark segurava Mayara. Os três homens os seguiam. Mas
sem armas. Estavam diferentes. Eles chegaram num precipício. Mark chorava.
Anderson também. No fim daquele precipício, as ondas batiam violentamente nas
rochas. Ambos não quiseram enterrar a Mayara e Andrés. Eles oraram ao Senhor
por um tempo e chorando precipitaram os corpos de Mayara e Andrés no mar. Eles
ajoelharam chorando ali. Os corpos deles foram caindo e logo o mar lhes
engoliu. A dor era grande. O vento batia em seus rostos. Os homens olhavam para
o céu. Existia um Deus. Alguém Inexplicável. Anderson e Mark sabiam quem era
esse Deus. Eles os seguiriam e ajudariam a saírem daquela ilha para saber mais
sobre o Deus que os cegou e os curou...
- Guarde-nos de todo o mal. Pedimos seus
milagres.. Somente Tu podes fazer milagres. Tire-nos de nossas aflições...
Ao abrir os
olhos, tudo estava embaçado. Olhou para o teto e algumas pessoas estranhas
estavam ao redor de Natália...
- Oi! – Disse uma criança...
- Adonde estoy? – Perguntou Natália. Logo
percebeu que estava numa cama. Estava com outras roupas.
- Ah? –
Perguntou a garotinha.
- Quién son ustedes. Lo que se me ocurrió?
– Perguntava em espanhol.
- Ela fala espanhol! Disse um homem de cabelos grisalhos. Logo um
adolescente chegou e começou a conversar com ela.
- Onde estou?
- Você está numa casa na praia de Camburiú. Santa Catarina.
- Como assim? Brasil?
- Sim! Um pescador achou você boiando numa ilha próxima daqui...
Na mente de Natália as cenas de sua fuga vieram na sua cabeça como um
relâmpago e a realidade caiu como um manto. Seu coração disparou... “Estou
livre! Estou Salva!”. Ela começou a chorar. O adolescente que conversa com ela
não entendeu nada. Natália tocou em seu próprio corpo. Estava bem. O Milagre.
Só poderia ser... Pensava em Amanda.
- Pai... Ajude aos nossos
inimigos encontrar redenção de suas almas. Dê a eles a chance de encontrar a Ti.
Dê a eles vida suficiente para que eles te encontrem.
Nelsa e German estavam no local marcado esperando por Samanta. Ela
chegou de carro.
- Me ajude aqui German! – Disse Samanta. – Por favor.
Ele foi até
o capô do carro e tiraram dele um corpo envolto em um plástico preto. Com toda
a violência ela jogou o corpo no chão. Logo,
um corpo de uma mulher foi descoberto por causa da violência com a qual
jogaram no chão.
- Quem é
ela? – Perguntou Nelsa.
Samanta
sorriu diabolicamente.
Eles
estavam num lugar escuro e deserto.
- Essa
Nelsa, sou eu!
Nelsa e
German não entenderam.
- Como
assim? – Perguntou German.
Samanta
sacou uma arma e deu dois tiros em Nelsa que voou longe. Um tiro na testa e um
tiro no peito. German olhou para. “Por que?”.
Era a pergunta que faria. Mas não deu tempo! Um tiro na cabeça foi o
suficiente. Samanta jogou gasolina no corpo da “Samanta” que ela tinha trazido
e ateou fogo.
- Ordem
superiores amigos! Vocês já não
servem mais. – Suspirou Samanta. Ela deu partida no carro e foi embora.
No jornal
do dia seguinte diriam que os três médicos que trabalhavam para o governo
haviam sido mortos brutalmente.
- Senhor... Livra-nos dos nossos temores e nos
ajude a suportar até o momento que o Senhor quer que suportemos.
A cela de
Maurício se abriu. Ele segurava duas peças de roupa em suas mãos. Era a hora de
sair. Ele foi caminhando pela cela e não acreditava que estava livre. Ele havia
sido liberado do assassinato de seu pai. Iria aguardar o julgamento em
liberdade, mas Maurício estava mais livre do que todos imaginavam. Ele sorria.
A cima de suas roupas, um livro preto que seria usado para sua fuga, foi usado
para a libertação de sua alma.
.
- E ajudes a recuperar, se for de Sua Vontade,
aquilo que perdemos um dia... Para Tua Glória!!!
Duas filas
de policiais foram formadas de um lado e de outro no corredor dentro do
Departamento de Polícia de Canelones. Moisés caminhava por ele com sua antiga
farda novamente. Aquele que um dia se excluiu de sua corporação por ameaças,
agora voltava com honras. Todos ali sorriam. Moisés estava calado. Ele olhava
para o céu e o seu único pensamento era agradecer a Deus.
- E ajude-nos a descobrir toda a verdade que
ainda está oculta. Ajuda-nos Pai...
Alfredo
estava diante do Túmulo de sua esposa e filho. Olhava. Pensava. Era o preço por
fazer o que fazia. Agora como o novo Presidente no Uruguai. O lugar que era seu
antes. Valia a pena o preço. Alfredo pensava. Sim! Valia! Ao menos para ele!
Várias
câmeras mostravam-lhe diante do túmulo e as notícias sempre eram a mesma.
Falando do presidente que havia perdido a família. Todo o Uruguai chorava junto
a Alfredo a perda de sua família.
- ... Em Nome de Jesus Cristo... Amém.....
Ricardo e
Tiago se levantaram e sorriram. O primeiro sorriso talvez em meio a toda aquela
dor e perseguição.
- E o que
você vai fazer agora? – Perguntou Ricardo.
- Voltar ao
Brasil. Relatar à missão tudo o que aconteceu. Preciso saber se Mayara e os
outros morreram ou não. Preciso descobrir. Mas não creio que estejam! Creio que
com Alfredo no poder agora, tudo vai se estabilizar. Vou fazer algo que não
gostaria. Dar adeus a esse país que amei e amo do fundo de minha alma.
- Mas são
os caminhos de Deus para nós. Não conseguimos entender realmente. Mas
precisamos aceitá-lo. Entender eu sei que não entenderemos ainda que
compreendamos algumas coisas.
- E você o
que pensa em fazer?
- Não sei
Tiago. Safira e Paulo me fizeram um convite para ir com eles. Não sei se irei.
Tenho certo receio deles.
- Mas por
que? Eles não estão lutando contra esse tal Império?
- Talvez
sim. Foi essa mulher que ajudou a fuga de meu irmão e dos outros da Fortaleza
onde eles foram seqüestrados. Mas há algo nela que eu temo. Não sei o que é.
Mas tenho um tempo pra decidir. Ela fez o mesmo convite para Asaph, Ignácio e
Moisés. Você acha que eles vão?
- Não sei,
não os conheço bem. Se não fosse por tudo o que aconteceu eu não os conheceria.
O que mais me assustou é que cada um eles já havia sido envolvido.
Ricardo, ouvindo
Tiago falar pensou um pouco e disse:
- Eu não
sei o que é esse Império, mas sinto algo. O Império está em todo o lugar, à
espreita. Esperando. Estão bramando como leão. Buscando a quem pessoa engolir e
destruir como disse a Bíblia. Sabe o que sinto Tiago? Embora eu não saiba
realmente quem eles são, uma coisa sei, todos nós estamos envolvidos com o
Império. Ou com ele, ou contra ele!
- Depois de
tudo que passamos, depois de tudo que vi, depois de tudo que você me contou,
sinceramente, eu sinto o mesmo.
- Isso não
acabou, Tiago. Ainda não! – Ricardo olhava pela janela da casa. O vento
balançava as folhas da árvore. O soprar do vento invadiu a casa. – Eles ainda
estão lá. Esperando, pra darem o próximo passo. A próxima cartada.
Ricardo se
questionava sobre o que seus pais que morreram há vários anos tinham haver com
tudo aquilo.
A b W
Havia um
som de murmúrio. Vozes. Isso fez com que ela despertasse. Havia um peso no seu
pescoço. Ao levantar os olhos viu cerca de dez pessoas ali. Todas exclamavam
não saberem o que estavam fazendo ali... Todas estavam da mesma forma. Com uma
espécie de coleira amarrada ao pescoço e uma corrente que levava até a parede.
“Eu ainda estou aqui!” pensou a mulher...
- Não! Não! Gritava –
Me tirem daqui! Me tirem daqui! Gritava Amanda. Os que estavam dentro daquele
poço estavam ali pela primeira vez. Não sabiam quem era Amanda, não sabiam seu
nome. Apenas achavam que estava ali como eles. Amanda sentiu o peso da
realidade de estar ali ainda. Seu papel: O mesmo que Natália.Palácio Legislativo do Uruguai |
CAPITULO XXI
RUMO AO
BRASIL
22
de março de 2006. 22:23h.
Tocaram a
campainha de Ignácio. Ele foi a porta atender.
- Vim me
despedir meu amigo. – Disse Asaph.
Ignácio lhe
abraçou.
- Tudo isso
aqui me lembra Clara, Asaph. Não posso mais ficar aqui realmente.
- Então vai
embora mesmo.
- Amanhã de
manhã bem cedo estarei indo para a nossa casa de veraneio em Rocha. Onde
escaparíamos. Lá eu tenho poucas recordações de Clara. Prefiro ficar lá. Se
tudo tivesse dado errado nós todos teríamos ido para lá. Mas agora aquela casa
vai ser meu refúgio. – Ignácio falava e sua voz ecoava pois já não havia
móveis. Tinha dado e vendido quase todos eles e já tinha vendido a apartamento.
No dia seguinte o novo proprietário já estaria ali. – Agora sem Clara. Ficarei
um tempo lá.
- E você
aceitou o convite daquela tal Safira?
- Não!
Tenho o telefone dela, mas não quero. Não quero perder mais nada Asaph. Creio
que esse tal Império já está fora do país. Nós não nos encontraremos mais.
Então não tenho porque me envolver, nem tenho desejo de vingança a nada. Graças
a Deus.
- Sim...
Entendo.
- Amanhã é
o pronunciamento de Alfredo como o novo presidente. Disseram ser uma festa
durante todo o dia. Vai ter vários grupos de música. Ele disse que vai fazer
uma homenagem especial à Clara. Eu não quis ir apesar de ter me convidado. Não
quero.
- Respeito
sua decisão meu amigo.
- Obrigado
Asaph.
- Conte
comigo sempre ok?
- Sim!
Contarei...
23
de março de 2006. 8:00h.
Samuel
assistia na TV o pronunciamento do novo presidente do Uruguai. Aquele
pronunciamento marcava uma festa que duraria todo o dia. Estava Alfredo ali e
dezenas de outras pessoas no palanque. A secretária do presidente estava ao seu
lado. Outros homens importantes ao seu redor. Alguém ali naquela cena
chamou-lhe a atenção. Samuel levantou do seu sofá assustado. Ele reconheceu
alguém ali. Aquilo disparou seu coração.
Ele andou
de um lado pro outro. Colocou a mão na cabeça. Suspirava forte. Não podia ser.
Era ela! Era ela! Aquele rosto o assombrou durante todos aqueles dias! Tinha
que ser ela!
Ele decidiu
algo. Certo ou não o faria. Não ligava mais para nada. Desde a morte de seu
irmão tinha mudado completamente. Faria o que deveria ser feito. Pensava assim.
A b W
10:45h.
Ignácio pôs
a mochila no chão com algumas roupas. Olhava a casa de veraneio. Estava
arrumada como ele e Clara haviam deixado. Nunca a usaram. Estava preparada para
o mês de férias deles que seria em abril. Geladeira, fogão, telefone com
secretária eletrônica e tudo o mais. Não conseguia parar de pensar nela. Olhou
a casa ao redor. Tirou a poeira do sofá e sentou nele.
Ligou a TV,
na festa da posse do presidente Alfredo que duraria todo o dia. Como os
uruguaios são bem envolvidos com a questão política, sabia que a festa todo o
tempo passaria na TV. Desejava que depois de tudo que Alfredo passou ele
pudesse ser um bom presidente. Ao olhar na parte da pequena parede divisória da
cozinha e sala, percebeu que a luz de recados da secretária eletrônica piscava
sem parar. Caminhou até ele achando ser estranho aquilo por não haver dado
aquele número para ninguém até aquele momento. Ele apertou o botão.
- Você tem
uma mensagem! – Dizia a secretária.
A voz que
Ignácio ouviria seguir, o faria desabar!
- Amor... –
Voz ofegante – Amor...
A mensagem
que Clara tinha deixado para Ignácio o deixou estarrecido.
Ignácio
lembrou que ela morreu na explosão do carro do Alfredo. Glória viu a explosão.
Lembrou de Saulo falando algo sobre a perícia. O enterro... Ignácio ficou
atônito. Na TV a imagem de Alfredo acenando para todos.
-
Aaaaahhhh!!!! – Ignácio jogou uma cadeira na TV espatifando-a.
A b W
12:02h.
As coisas
na casa onde moravam os missionários estava vazia. Todas as coisas
encaixotadas. Ricardo apareceu com uma mochila nas costas.
- Tiago
estou indo.
- Já vai?
- Sim!
Decidi. Irei com Safira. Ela disse que
sairá do país às dez da noite.
- E pra
onde você vai?
- Ela disse
que eu vou pra Espanha.
- E o seu
irmão? Você não vai voltar para estar com ele? Ricardo! Escute. Não sabemos o
que é tudo isso! Não temos noção de nada. Apenas entramos e...
- E agora
não há como sair! Vou até o fim! Se há algo em relação à nossa família quero
saber o que é. E se essa for a única maneira de proteger Carlos, meu irmão, eu
vou fazer!
- Mas você
mesmo me disse que não acreditava nessa Safira.
- Sim, não
confio. Mas preciso que você faça uma coisa. – Disse Ricardo dando-lhe um papel
para ele – Escute. Você vai para o Brasil e vai procurar esse endereço no Rio
de Janeiro. É a casa de uma menina chamada Carol. Ela e mais seis pessoas
incluindo meu irmão estão escondidos. Safira queria que eles desaparecessem
pois segundo ela o Império os perseguiria. Mas eles estão com planos próprios.
Agora eles não estão mais aparecendo de uma forma visível para as pessoas.
Todos pensam que eles viajaram. Mas eles deixaram um diário pra mim com
coordenadas. Eles não falaram pra mim do que se tratava com medo de telefone
estar grampeado e nem por e-mail com medo de ser rastreado. Mas eles estão
lutando a parte de Safira e Paulo. O que eles querem, nem eu sei. Por favor.
Ajude meu irmão. Conte pra ele o que você viveu aqui! Eles não sabem que eu não
vou. Vá em meu lugar! Logo entraremos em contato... Tiago, faça isso por mim.
Por favor.
- Sim
amigo. Eu irei para São Paulo. Verei minha família e logo depois estarei lá. Ricardo,
a Bíblia diz que um abismo chama outro abismo. Você acha que é certo se
aprofundar contra tudo isso que não sabemos o que é?
- Não sei,
Tiago. Mas quero saber. Eu preciso saber! Eu não estou pedindo pra você entrar
comigo nessa. Só peço que você cuide de meu irmão pra mim.
Eles se
abraçaram e Ricardo se despediu.
Tiago ficou
observando o amigo virar a esquina. Pensava em nunca mais encontrar Ricardo
novamente. Que sorte na qual eles haviam se submetido!
Tiago
limpava as casa quando aquele telefone que havia ganho tocou.
- Alo!
- Tiago!
- Sim sou
eu!
- Preciso
que saiba de uma coisa.
- Antes de
dizer qualquer coisa, preciso saber quem você é, senão desligarei o telefone.
Silêncio.
- Meu nome
é Uelignton. Sou legista. Era noivo de Yolanda. Eles desapareceram com o corpo
dela. Eu sei quem você é Tiago e confio em você. Acompanhei você de longe!
Tiago já
estava cansado de ser observado.
- Sim, o
que você quer!
- Escute
amigo. Saia o quanto antes do país. Eles ainda estarão atrás de você. Não
somente você! Matarão a Moisés, a Ignácio, a Asaph, Aline, Samuel, Glória e
Saulo. Vocês precisam se esconder o quanto antes.
- Mas
acabou! Nós desmascaramos eles!
- Não
acabou rapaz! Isso não acaba assim.
- Mas como?
- Escute.
Vocês pensaram estar lutando pelo bem, mas vocês foram usados. Protagonistas de
algo maior! Vocês colocaram o mal na frente!
- Como
assim!? – O pulsar do coração de Tiago estava acelerado. Do que se tratava
aquilo? Seria mais uma mentira? Alguém tentando colocar Tiago em outra
enrascada? Improvável! – Mas, do que está falando. Me explique!
- Eu fiz os
testes clandestinamente no corpo de Clara, a secretária. A que morreu na
explosão do carro do presidente Alfredo.
- Sim, e
aí?
- Ela
estava morta antes do carro explodir! – Explicou melhor.
Tiago sentou
no sofá. Ele ficou sem saber o que dizer. Acreditaria?
A b W
Ignácio
dirigindo seu carro como um louco pela estrada, estava estremecido de tanta
raiva. Queria chegar no local que estava Alfredo. Ele estava a ponto de
explodir. Sua tristeza era clara! A dor da traição mais ainda. Ele sabia. Tinha
sido traído. Estava tentando pôr sua mente em Deus. Mas não sabia se
conseguiria.
Com
quem falar? Pensou em ligar pra Tiago. Ele o fez.
A b W
16:12h.
A secretária do presidente, uma mulher
loira, cabelo curto de visíveis lentes azuis entrou no banheiro. Alguém a
observava. Ela pôs sua bolsa na pia e se olhava no espelho. Ela sabia que
estava totalmente diferente do que era. Seu rosto possuía traços um pouco
diferentes. Ela sabia que pouco notariam a grande mudança. Mas alguém havia
percebido. Ela passou batom vermelho suave. Ela baixou a cabeça e olhava a água
caindo da torneira livremente. Seus planos tinham dado certo. Para todos os
efeitos, Samanta estava morta, mas ela estava ali. Viva! Quando olhou para o
espelho, um vulto estava à espreita. O susto. Ela olhou pra trás.
- Quem é você? – Gritou para o homem que
a observava.
- Você! Foi você não foi?
- Do que você está falando? – Perguntou
Samanta fingindo não entender. Ela reconheceu quem era o homem que falava com
ela. Ela o tinha visto na TV.
- Hija
de p...! Você matou meu irmão e minha mãe! Eu estava na rua e vi você
saindo de casa. Minha casa! – Gritou.
Samanta, que agora atendia pelo nome de Denise
por haver mudado de identidade para ser a secretária do presidente, com a mão
na bolsa, buscava uma pequena arma que tinha lá.
- Ah! Você é o pobre coitado, Samuel.
Não é isso? Mais um cristão idiota.
- Eu não sou mais cristão! – Gritou ele.
- Hunf!
Isso é contigo!
Ela tiraria uma arma, mas uma senhora
entrou no banheiro e ao ver que havia um homem ali, não entendeu muito e saiu.
Ela correu para avisar o segurança. Samuel não ligou muito para ela. Samuel se
aproximou.
- Vá para trás! – Advertiu ela.
- Está com medo de quê? Vadias como você
não tem medo, não é? Você não tem medo de nada, não é? Você não teme a Deus.
Não teme aos homens. Não teme polícia. Você é uma piranha assassina! Sua
Maldita piranha! – Samuel começou a proferir muitos palavrões ofendendo-a. Ao
invés de Reprimi-lo, ela regozijava com isso.
- Vocês são tolos. Eu poderia te matar
agora. – Ela cria que ele não faria nada. – Mas não vale mais a pena. Um dos
nossos objetivos com vocês é esse que você está vivendo agora.
- ?
- Isso mesmo! Você é um idiota.
Samuel baixou a cabeça. Caminhou até
ela.
- Eu poderia matar você agora como fiz
com o maldito de seu irmão. Mas não vou me preocupar contigo. Com certeza em
poucos segundos o segurança estará aqui. Eu vou dizer que você tentou me violentar.
Samuel riu ironicamente.
- Você não vai dizer nada!
- É? Certeza? E por que?
- Você já estará morta.
Uma faca cortou a garganta de Samanta.
Ela não viu. Samuel arrancou a faca que estava no seu bolso e cortou sua
garganta num ato violento. Tão forte que seu sangue espirrou no espelho fazendo
um “C” gigantesco com ele. Samanta pôs a mão na garganta, o sangue esguichava.
O banheiro foi enchendo de sangue.
Suas pernas balançaram. Ela caiu. Seu
olhar mostrava seu espanto com a atitude de um homem que antes tinha sido um
cristão. O ódio de Samuel era tal que ele agachou ao lado dela.
- E vou atrás de todos aqueles que foram
responsáveis pela morte do meu irmão e de minha mãe. – O ódio em suas palavras
era visível.
Olhou friamente ela tentar pedir ajuda.
Seu sangue escorreu até seu pé. Ele escutou passos em direção ao banheiro. Olhou
para a janela. Fugiria. Onde está o arrependimento por haver feito aquilo? Não
o encontrou. Samuel naquele dia decidiu ir até as últimas coisas. Virou as
costas conscientemente para Deus. Ao menos era assim que pensava.
Naquele fim de tarde, não era somente Samuel
que havia decidido agir... Outros estavam com quase o mesmo pensamento.
A b W
Alfredo estava sentado na sua cadeira
presidencial. Sozinho, em sua sala no Palácio Legislativo, pensava no meio
daquele imenso salão. Havia vários quadros espalhados pelas paredes. Artigas, o
homem da história uruguaia mais venerado olhava
pra ele. Havia outros quadros. Com
exceção do de Artigas, cada quadro mais grotesco que o outro. Pinturas
pós-modernas. Ele estava cansado depois de intermináveis discursos. O telefone
de sua mesa toca. Pelo botão que piscava sabia que era da secretária que ficava
ao lado de fora da porta.
- Pois não?
- Senhor Presidente – Disse a
secretária. – há um senhor chamado Ignácio querendo falar contigo. Ele disse
ser viúvo de Clara.
- Sim, deixe-o entrar.
Ignácio entrou pela porta grande de
sua sala. Passou por dois seguranças e passou por mais uma porta, maior que a
primeira.
Ao ver Ignácio, Alfredo se levantou
demonstrando um grande sorriso por revê-lo.
- Como você está Ignácio? Andei
muito preocupado com você. Como tem passado? Você viu a homenagem que fiz a
Clara e...
- Cale essa boca Alfredo! – Gritou
Ignácio.
Alfredo ficou quieto.
Olhou para ele tentando entender o que
estava acontecendo.
- O que houve Ignácio?
- O que houve? Você me pergunta o
que houve? Tome isso! Disse Ignácio jogando uma fita nas mãos de Alfredo quase
caindo no chão.
- O que é isso!?
- Uma fita de uma secretária
eletrônica. Ponha ela ali e ouça! Agora!
Alfredo olhava para Ignácio
tentando entender. Mas o obedeceu. Pôs na sua secretaria eletrônica. Logo se
ouviu a voz de alguém conhecido. Era a voz de Clara!
- Amor... Amor... – A voz de Clara
estava ofegante – Eu descobri algo. Eu tentei ligar pra você, mas não consegui
e sei que o plano era ir para nossa casa de veraneio, então sabia que logo você
estaria aí meu amor. Escute: Há algo errado. Entrei no escritório de Alfredo.
Era a voz daquela mulher lá do seu hospital. Eu tenho certeza! Era ela. Aquela
tal Nelsa. Ela deixou um recado na secretária dizendo que Alfredo tinha que
pagar o assassino de sua esposa e filho. Ela o chamou de BETA, e Nacho... – A
medida que Alfredo ouvia a voz de Clara, como sempre fazia quando estava
nervoso, girava seu anel para um lado e por outro. – Eu sei, eu tenho certeza,
é ela. Somente os íntimos de Alfredo tem o telefone que tem o numero de sua secretária
eletrônica. Amor, eu não sei o que pensar. - Pausa. Respirar ofegante. – Fomos
enganados! Fomos traídos, meu Deus! – Pausa – Agora preciso descobrir os reais
motivos de Afredo. Nacho, meu querido Nacho, eu te amo e sempre vou te amar com
minha vida. Se algo me acontecer, saiba: Eu sempre te amei. Você é o único
verdadeiro amor de minha vida. Sempre foi! Te amo... Preciso ir, acho que ele
chegou.
Ignácio quase se emocionou ao ouvir
tais palavras.
- Tiago, meu amigo brasileiro me
ligou. Um legista que fez autópsia clandestinamente em Clara disse que ela já
estava morta quando o carro explodiu.
Alfredo olhou para Ignácio e com
seu anel com a letra “BETA” do alfabeto grego, girava para um lado e para o
outro...
- Você Ignácio, merecia Clara. É
tão corajoso quanto ela. – Ria. – bem, eu queria te deixar vivo, sinceramente.
Mas já sabe que depois de nossa conversa você não sairá vivo. Não sabe?
- Então me explique seu maldito!
Por que enganar a todos nós? Por quê?
- Vocês eram apenas pequenas peças
de nosso grande plano! É claro que desde o início essa história tornou
proporções maiores e melhores do que esperávamos. – Dizia Alfredo calmamente,
sentando novamente em seu grande sofá. – É bem simples:
Embora a acusação de que Maurício
fosse clara e que ele realmente matou o pai, ele usava a nossa droga. A droga
que o fez obedecer. A mesma que fez aquelas pessoas tentarem matar vocês no
mercado. Mais cedo ou mais tarde se fizessem testes em Maurício descobririam
que ele estava realmente drogado.
Poderíamos forjar os exames, mas
quisemos não arriscar. Outra coisa, ficaria muito claro eu assumindo logo
depois. Me investigariam seguramente. Então forjei minha própria traição a
minha esposa. Eu sempre a traí mesmo. Fingi ser o marido arrependido. Então pra
ficar mais emocionante, mandei matar minha esposa e filho. É claro, sempre
colocando a culpa no governo de Boulevart.
Pobre coitado. – Dizia com certo
sarcasmo. – Ele foi apenas outra marionete nossa. O amigo do câmera de Glória,
o repórter que trabalhava para ela, na verdade forjou todas as acusações pra
nós. É claro, o CD com as datas das mortes era real, mas a intenção era sempre
por a culpa no governo Amarillo. Os Ditadores! – Ele ria – A
risada de Alfredo era diabólica – Vocês nos ajudaram, e muito! Gente como Tiago
e Asaph, sim, queríamos matar. Mas eles tornaram mais interessante toda a
questão. E a fuga deles de nossas mãos, tornou-se mais interessante. Você pode
perceber isso pela ótima gravação que Glória fez de vocês. Foi até um pouco
cômico ver vocês me defenderem... Obviamente, nossa intenção era matar vocês,
mas, as coisas mudaram com o tempo. A idéia inicial era matar apenas você
Ignácio. Colocaríamos todas as provas que foi o governo e Clara com certeza
procuraria Glória, com sugestão minha, é claro, e denunciaríamos o governo
Amarillo.
Era o toque final. A saída de
mestre necessária! E foi tão rápido! Mais rápido do que esperávamos. Agora,
olha lá fora. – Disse caminhando até a janela – O povo está me aclamando.
Faixas nas ruas. Tudo o mais! Isso, graças a você! Graças a Clara!
Ignácio estava indignado. Não podia
acreditar em tudo que ouvia naquele exato momento. Era nojento. Ignácio sentiu
o próprio mal naquela sala. As pinturas se moveram nos quadros!? Não... não!
Era só impressão por tanto ódio que sentia naquele instante. Parecia que o peso
da maldição estava ali como uma nuvem que fazia Ignácio suar. Sua dor era
grande. Ele não conseguia dizer uma palavra.
- Eu vou...
- Você vai o que Ignácio? Me matar?
Você não pode! Não aqui! Logo te pegarão! E pelo que sei, você se tornou um
desses cristãos idiotas, não foi? Sei que dói, mas não tem o que fazer não é? –
Ele foi sarcástico: – Não matarás! Está escrito...
Ignácio baixou a cabeça. Ele tinha
razão. O que fazer? Matá-lo? Não poderia. Não teria essa coragem. Mesmo ele
merecendo. Contar às autoridades? Cria que não! Talvez o mal que dominava era
maior que ele imaginava. O mais cruel era saber que ele, sua doce Clara e todos
ali haviam posto aquele homem no Governo. Um maldito assassino!
- Deus cobrará de você! Isso eu
sei...
Ao dizer isso, Alfredo soltou uma
gargalhada diabólica.
- Deus? Quem é Deus!? Deus, aquele
velho sentado no seu trono? Ele não se importa! Ele não está nem aí pra vocês!
Ele não quer vocês. Deus nunca vai vir a essa Terra. Ele criou a cada um para
deixar a sua própria sorte.
- Chega! – Gritou Ignácio – Deus se
importou comigo! Ele me deu seu Filho Jesus. Saiba que Deus é mais real do que
você e eu! Ele tem tudo em Suas mãos para fazer o que Ele desejar. Ele poderia
nos deixar a nossa própria sorte porque pecamos! Mas Ele nos amou...
- Você vai pregar para mim Ignácio?
– Alfredo ria. – Eu o conheço muito bem. Isso me fez estar longe dele!
Ignácio se calou por um momento
tentando entender o que Alfredo dizia. Parecia não ser Alfredo quem falava.
A voz de Alfredo, depois de dizer
muitas palavras de blasfêmias contra Deus, pareceu se acalmar. Ele olhou para
Ignácio.
- Eu poderia te matar aqui. Mas não
vou sujar meu tapete. Você sairá por essa porta. Ninguém acreditará em você. Poderei
forjar qualquer coisa contra você! Qualquer coisa. As pessoas acreditarão. Você
me ajudou Ignácio, lembra? À medida que Alfredo falava, ele mostrava-se muito
seguro de tudo. – Então, ninguém acreditará em ti! Saiba, você sairá de minha
sala, e em menos de vinte e quatro horas, seguirão você e te matarão.
Ignácio olhou para ele e não temia.
Não entendeu por que não temia, mas sabia que aquelas palavras de Alfredo não o
amedrontaram.
- Eu vou embora, mas eu sei de uma
coisa: Deus me protegeu até agora. Se ele quiser me proteger ainda, ele o fará,
se não quiser, não tem problema! Eu estarei com Ele.
Alfredo não esboçou nenhuma reação
diante daquelas palavras. Ignácio virou as costas e saiu. Em seu coração a
certeza de que seria morto a qualquer momento, apesar de não temer. Ele olhou
buscando Safira mas não a encontrou. Ela disse que estaria ali, mas não estava.
Talvez tenha sido melhor assim. Ele saiu pela rua e olhou aquelas pessoas ainda
ali no comício. Muita gente cantando, dançando. Ignácio se sentiu mal por ter
ajudado a pôr aquele homem no poder. O homem que matara sua esposa. Ele entrou
no carro. Deu a partida e se foi...
Alfredo apertou um botão de sua secretária.
- Pede para um dos seguranças entrarem
por favor.
- Pois
não! – Disse a secretária.
Quando o homem entrou Alfredo deu uma
ordem a ele.
- Viu o homem que saiu daqui?
- Vi, sim senhor!
- Então o encontre e o mate! Ele sabe demais.
- Sim! Ainda hoje, senhor Beta!
Alfredo deu todas as coordenadas para o
segurança. Ele saiu. Quando passou pela
primeira porta, ele foi atingido por algo e caiu desmaiado.
Alfredo olhava pela janela a festa na
rua. A gritaria. A euforia. Ele sorria pelo plano tão bem elaborado. Sentiu que
alguém entrou à sua sala. Ele não desviou o olhar da rua. Estava quieto. Pensou
ser o segurança. Ele voltou seu olhar para a pessoa...
- Está faltando alguma co...? Quem é
você? – Perguntou à mulher que se aproximava.
- A Justiça! – Disse Yolanda. A mulher
espanhola. Ela girou no ar com um chute que fez Alfredo cambalear até sua mesa.
Ele se levantou rapidamente e foi até sua mesa. Ele se levantou rapidamente e é
sua mesa. Ele se levantou rapidamente e é sua mesa. Tentou ligar para sua
secretária. Mal sabia ele que ela estava desmaiada por causa do formol que
puseram em seu rosto. Como um relâmpago, Yolanda, Prendeu sua mão com uma faca
fazendo-o gritar.
- Cale sua maldita boca! – Gritou
Yolanda dando-lhe um soco no rosto. Sangue escorreu pelo lado de sua boca.
A dor foi imensa. Yolanda demonstrava
ser uma mulher dura.
- O que você quer sua maldita?
- A Justiça! Vocês pagarão por tudo!
Alfredo tentava gritar, mas sabia que
àquela altura, apenas o fato daquela mulher ter conseguido entrar ali, demonstrava
que seus seguranças, no mínimo, estavam desmaiados. Yolanda, caminhou até Alfredo
e olhou no seu dedo o anel escrito “BETA”.
- Isso me pertence! – Disse tirando-o de
sua mão.
- Quem é você!? – Diga! Gritava com a voz um pouco estranha
devido ao sangue e aos dentes quebrados.
- Eu já disse. A justiça de vocês! Vocês
não vencerão essa guerra!
Alfredo temeu. As pinturas nos quadros
pareciam dançar. Havia algo ruim ali realmente inexplicável. O olhar de Yolanda
estava vazio. Era duro e frio. Ela se aproximou dele.
- Vocês todos encontrarão o fim que
merecem.
- Me mate se quiser, mas outros irão
atrás de vocês!
- Eu não vou te matar seu idiota! Você
ainda é o presidente! O que eu preciso eu tenho. – Disse segurando o anel na
sua frente. – Além do mais, quando a corja de teus superiores souberem que você
perdeu o anel, eles mesmo cuidarão de você!
Alfredo estava cheio de ódio, mas sabia
que o que ela falava era verdade! Tentava sair, mas a faca estava prendendo sua
mão à mesa.
- Maldita! Vagabunda, me tire daqui!
Ela olhava-o com desprezo. Ele girou e
deu um chute em seu rosto. Ele desmaiou.
Yolanda olhou mais uma vez para o anel e
saiu. Alfredo ficou ali desmaiado, caído
sobre a mesa de sua sala. As pinturas nos quadros dançavam. Aquela sala não
havia um ser vivo. Ao menos visível.
No
Parque Rodô.
Uma mulher sentada tomava um sorvete.
Logo outra chegou perto dela e mais dois homens. Safira e Henrique, Uelignton e
Yolanda.
- Onde está Paulo? – Perguntou Yolanda.
- Ele está com Clarice e agora Ricardo.
- Ele então decidiu ir com vocês? – Yolanda
se referia à Ricardo.
- Sim. Isso foi bom, já que precisamos
tê-lo conosco até que entendamos qual o propósito do Império com ele. Não
sabemos se ele é o escolhido! – Disse
Safira. – E Tiago?
- Ele está voltando para o Brasil. São
Paulo. Ele tem o telefone que Yolanda deu a ele. Ele pensa que ela está morta.
Será melhor assim – Disse Uelington. – Pode ser que precisemos dele no futuro,
e é bom que ele pense que Yolanda está morta.
Yolanda estendeu a mão e deu um anel a
Safira.
- Temos mais esse agora, então!
- Sim! Nosso tempo está se esgotando.
- Eu sei! – Disse Safira. – Mas precisamos de ajuda. E
essa gente, sim, nos poderá ajudar. O império está deixando rastros e
precisamos segui-los.
- Quais são os próximos passos?
- Iremos para Espanha. Nós cinco.
- Certo! – Disse Yolanda. – e quanto a
nós?
- Você e Uelignton ficarão aqui, pois
talvez serão úteis aqui na América Latina. Precisamos descobrir tudo o que
pudermos sobre a APLA. Ela pertence ao Império ou será apenas mais uma farsa?
- Não sabemos. Por isso vocês tem que
estar aqui!
Eles concordaram.
- Ricardo já sabe sobre a família dele?
- Não Yolanda! Ele sabe que tem algo
haver com sua família, mas não tudo. Precisamos deixar isso claro para tê-lo
conosco. Eu prometi proteger seu irmão.
- Mas como? Você não vai pra Espanha?
- Antes, vão Ricardo e Henrique apenas.
Depois iremos Clarice, Paulo e eu.
Yolanda e Uelignton olharam para Safira
e sentiam que seu papel estava cumprido.
Se despediram.
Ao longe um homem os observava.
- Então vocês estão agindo ainda, não é
verdade? – Dizia um homem para si mesmo com um binóculo. Esse era Steve! Em sua
mão, um anel com a sigla GAMA.
Ricardo no aeroporto de Montevidéu
pensava no irmão. Paulo e Clarice estavam com ele.
- Como tudo isso chegou a esse ponto!?
- Não sabemos, Ricardo, mas você não
sente que você precisa fazer o que está fazendo?
- Ao passo que sinto que preciso
fazê-lo, sinto também que temo muito!
- Eu sei de perto o que eles são
capazes, Ricardo, mas precisamos fazer... – Disse Clarice.
Todos ali tentavam se consolar, sem
saber como.
- Paulo, cuide do meu irmão. Por favor.
- Estarei ao seu lado, Ricardo. Fique
tranquilo.
- Você me promete?
- Prometo.
Ricardo partia para a Espanha. Henrique,
amigo de Safira, seguiria pro mesmo local dois dias depois.
Eles se despediram.
Clarice olhou para Paulo.
- Como você cumprirá sua promessa,
Paulo?
- Sei que não será fácil, Clarice, mas
eu o farei! Alguma vez deixei de cumprir uma promessa?
- Não amor, nunca...
Eles se abraçaram. Sentiam que o pior
ainda estava por vir.
24
de Março. 16:33
Tiago, olhou para a casa que durante um
bom teve morou com seus amigos. Sem notícias dos seus amigos, sem comunicação
com a igreja do Brasil e com sua base missionária sentia-se triste. Um
missionário frustrado. Sentia que não tinha cumprido sua missão. Deus o que vim fazer aqui? Pensava.
Chegava o tempo de deixar o país que
tanto amava. Em duas semanas tinha visto de tudo. Tristeza, morte, sangue, etc.
O que mais tinha pra ver? Na verdade não queria ver mais nada.
Pegou sua mala e saiu da casa. Olhou
para a única árvore que tinha em frente à sua casa. Quantas coisas viveu
naquele lugar. Baixou a cabeça e ficou a pensar em tudo que tinha ocorrido. Ao
levantar os olhos viu um carro com vidros insulfimados parado em frente. Seu
coração disparou.
As portas do motorista e carona se
abriram. Ele ficou assustado, mas logo se acalmou.
Moisés e Asaph estavam esperando-o.
- Vocês aqui!
Os dois foram até ele e o abraçaram.
- Obrigado por tudo, amigo. – Disse
Moisés.
- Pelo que?
- Através de você encontramos quem
realmente precisava ser encontrado: Jesus Cristo. – Disse Asaph.
Moisés sorriu.
Tiago então lembrou-se do que havia
pensado há poucos minutos, Se tinha valido a pena sua ida ao Uruguai. Naquele
momento sentia que sim.
Eles entraram no carro e partiram.
Samuel ao longe olhava pra eles. Estava
triste.
- Perdoe amigo, por não me despedir de
você. Mas não sou mais o mesmo! Me vingarei deles. Me vingarei... – Ele
saiu.
A casa dos missionários ficava vazia
finalmente. Tiago se desfez de tudo. Mas deixou na mesinha de entrada a foto
dele, Mayara e dos outros que não sabia o paradeiro. Um marco de que um dia
eles estiveram ali. O sorriso na foto mostrava a alegria de um dia ter estado
naquele país tão maravilhoso...
FIM
Em Maio 2012 - Lançamento do Livro
Império III - Aniquilação
Alan,
ResponderExcluirEstou realizando um trabalho de incentivo a leitura com os jovens da minha igreja. Recebo ótimas referências da série Imperio.
Como faço para adquiri-lo?