17 de fevereiro de 2012

IMPÉRIO II - PARTE 21 - ÚLTIMO CAPÍTULO


No Livro Império II - O Massacre no País Celeste

* Ricardo, depois de tudo que viveu no Rio de Janeiro ao ver seu irmão Carlos seqüestrado por uma terrível organização, quase morre para tentar salvá-lo. Ele descobre que sua esposa Júlia estava envolvida com o Império (nome dado pelos próprios membros) e que sua ida ao Uruguai como Missionário, era na verdade um plano do Império. Estarrecido com tal situação ele decide, mesmo depois de ter tomado um tiro, ir ao Uruguai e se encontrar com o grupo de Missionários, incluindo seu melhor amigo Tiago, e tentar descobrir o quão importante ele era para tal organização.

* Tiago, amigo de Ricardo, ao orar na praia deserta de Ciudad de La Costa, em Canelones, por volta das 19 horas, encontra um senhor quase morto, desmaiado nas praia onde orava. Na tentativa de salvar tal homem, ele passa diversas experiências.  Conhece o jovem Moisés que era um policial afastado da ordem; Ignácio (apelidado de Nacho) Médico no Hospital das Clínicas, hospital mais importante de Montevidéu; e Asaph, outro médico de um hospital particular. Juntos vão tentar salvar a vida de Mateo e descobrem que ele foi um pastor afastado e que estava desaparecido. Além disso, vivem uma corrida para salvar a própria vida sendo perseguidos por pessoas que acreditam serem ligadas ao governo. Um rastro de sangue é deixado por onde passam. Pouco a pouco eles vão se conhecendo e confiando um no outro e percebendo que o que eles vivem não era mera coincidência.

* Samuel, grande amigo de Tiago e dos outros missionários da casa onde esperavam o amigo que viria do Brasil, é o primeiro a ajudar Ricardo nas suas perseguições. Ele, um rapaz religioso, tenta sempre depositar sua fé em Cristo em tudo que faz e luta por todos os meios para ajudar Ricardo em sua estranha busca. Ele revela a Ricardo que todos seus amigos desapareceram. Samuel tem sua família assassinada. Sua mãe e Esdras, seu irmão, são mortos por Samantha. Ele que sempre discordou contra o irmão que estava sempre com o Governo, ainda mais depois que a ditadura fora instalada no país, tem suas convicções abaladas depois da morte da família. Ele vê o rosto da assassina de seu irmão.

* Clara, esposa de Ignácio, fiel secretária do ex-presidente assassinado pelo próprio filho Maurício, tenta por todos os meios persuadir Alfredo, ex vice-presidente, a lutar pra reassumir o cargo. Ela descobre que o novo governo do Uruguai está envolvido com a morte do Presidente e a renúncia de Alfredo e luta ao lado do marido descobrindo que o que ele está passando está envolvido com o que está vivendo. Ela reúne forças com Glória, sua amiga, repórter do canal do Sete para tentar destronar a nova Ditadura. Ela começa a se aprofundar em tal busca e acaba morrendo numa explosão no carro de Alfredo.   

* Mark, Mayara, Roberta, Edgar e Anderson, missionários que moravam na mesma casa que Tiago e amigos também de Ricardo, são presos pelo governo e levados a uma espécie de ilha. Edgar morre e Anderson está diferente. Os outros três passam por provações juntos a outras pessoas e percebem que todos provem de lugares diferentes da América Latina e todos envolvidos com questões religiosas. Roberta morrer no princípio e eles coneseguem fugir com outros. Depois que alguns morrem na masmorra que estavam, conseguem fugir com Andrés, um jovem que tem seus pais, Marcelo e Suzana, mortos por não aceitaram as ofertas do governo. Natália, Amanda, Ronald e o jovem Daniel, vem de países diferentes e estão na mesma situação, mas conseguem fugir. Ronald é morto por Daniel que se revela como Gama, um dos líderes do Império. Natália se jogo do penhasco ao mar e Amanda nega a Cristo. Anderson volta ao normal e foge com Andrés, Mark e Mayara dos perseguidores da tal ilha.  Na fuga, Mayara e Andrés se apaixonam.

* Ricardo finalmente encontra Tiago e seus amigos e tentam finalmente desmascarar tudo que está acontecendo. Tiago conhece Yolanda que sabe e muito do governo e diz pra ele que não é realmente a Ditadura ou o governo do novo presidente que está por trás de tudo que ocorre no país deixando o Uruguai um caos. Eles seguem para o desfecho daquilo que para eles se tornara o verdadeiro massacres no país denominado pelo futebol LA CELESTE.

CAPÍTULO XVIII
JUNTOS ATÉ O FIM




13 de Março
7:09h.

A noite foi tranqüila em todo Uruguai, Ninguém sabia ainda, mas no jornal do canal 7, às sete e dez da manhã, uma notícia abalaria o país e mudaria sua história para sempre. Ninguém suspeitava de nada. O que ocorreria, seria mais forte do que a morte do presidente no mês anterior. Mais do que o abdicar do cargo do vice presidente. Após aquela notícia uma grande manifestação haveria. Uma manifestação tal, que nem mesmo o Exército, dominado pelas ordens do autoritário presidente e da Nova Ordem Uruguaia conteria. Na verdade, muitos, a maioria deles se voltaria contra o próprio presidente. Mas uma hora antes da grande notícia, cinco homens ainda guerreavam contra suas próprias forças contra aquilo que ainda desconhecia. Parte do sofrimento deles estava perto de acabar.

6:02h.
O sol ainda não tinha aparecido, Ignácio e os outros entraram na lancha do “amigo” de Moisés. Eles estavam ansiosos. Queriam descobrir a tal ilha. Ricardo deu a partida na lancha. O ronco do motor na água, eles se foram. De longe um homem observava. Ele discou o número.
- Eles partiram... Sim... Todos eles... Como nós esperávamos! Creio que eles, sim, irão para a ilha! Já temos duas lanchas atrás deles.... Sim... é o suficiente...

Dois minutos depois que eles partiram, outras duas lanchas foram atrás deles. Entretanto eles apenas perceberiam isso alguns minutos depois.

A b W

Anderson despertou pensando em tudo que tinha acontecido com ele. Duvidava ainda, mas tentava acreditar que Deus o havia perdoado por negá-lo dias antes. O Sol já brilhava. Ele viu algo se mexer entre as árvores alguns metros mais adiante. 
- Mark! Sussurrou. – Mark, há alguém ali!
Mark acordou um pouco confuso. Mas logo percebeu o perigo se aproximar. Ambos foram caminhando lentamente até o local. Queriam saber o que realmente acontecia. Temiam. Mas foram. Ambos pegaram as armas que tinham. Passaram por algumas moitas, árvores. Estavam há alguns metros do que Anderson pensou ter visto. Ao chegarem lá perto. Nada. Não havia ninguém. Teria sido impressão? Talvez. Mas parecia real. O que teria sido?

Mayara e Andrés ainda estavam deitados no chão coberto de folhas. Andrés abriu os olhos e viu o rosto de Mayara em frente ao seu. Estava sereno. Tranqüilo. Poderia sentir um leve sorriso em seus lábios. O céu estava ali. Andrés sentia isso. Ele sorriu. Que sentimento era aquele que surgia em meio aquela adversidade? Não entendia o porquê. Crack! Algo se quebrou. Um som de um galho seco partindo-se. Andrés automaticamente levantou-se e foi pegar sua arma que estava ao seu lado. Onde estava a arma? Não estava ali! Anderson? Mark? Onde estavam?
- Mayara! – Chamou Andrés.
Mayara levantou ao ouvir sua voz. Ah? Mayara se levantou aos poucos. Andrés olhava algo. O olhar de Mayara se desviou para o mesmo lugar onde Andrés olhava. Ela temeu. Sua mão automaticamente segurou as mãos de Andrés. Um, dois, seis, dez homens armados com armas apontadas para eles. Andrés engoliu a seco. Mayara sentiu seu coração pulsar.
- Vocês acharam que realmente poderiam escapar de nós? – A voz de uma mulher. Era a mesma que estava onde eles estavam presos. Disse saindo de trás dos homens armados.
Andrés e Mayara não responderam. Mayara apertou mais forte sua mão.
- Onde estão os outros? – Perguntou a mulher.
Andrés e Mayara estavam calados.
Anderson e Mark estavam voltando quando viram o que acontecia. O coração de Mark disparou. Ele fez menção de correr. Anderson o impediu.
- Preciso ir lá! – Sussurrou.
- Se for, eles matarão você também!
- Mas?
- Não Mark... Eles deverão prendê-los outra vez!
- Mas não podemos ficar aqui esperando...
- Mark, olhe para eles. Eles são muitos! A não ser que você queira matá-los....
Aquelas palavras cortaram seu coração. Não sabia o que fazer? Tornar-se um deles? Como eles? Guerrear? Matar? Não poderia! 
Mark olhou novamente entre as árvores escondido a cena que se seguia.
- Me respondam! – Gritou a mulher.
- Não sabemos! – Respondeu Andrés.
Ela sorriu.
- Vocês são uns idiotas pensando que poderiam escapar de nossa fortaleza. Dessa Ilha! Vocês são uns tolos!
- Por que nos manter presos aqui? O que fizemos a vocês?
- O que fizeram? – Ela ria – Vocês existem! Vocês estão contra o governo!
- Por que o governo Amarillo é tão terrível a esse ponto!? O que fizemos a vocês!? Gritou.
- Governo Amarillo Ãh? – Ela ria sarcasticamente. Os homens riram também. – Onde vocês pensam que estão?
Andrés não entendeu muito aquelas palavras.
- Andrés, moleque idiota! Antes que você morra quero que saiba que seus pais estão mortos. Nós os matamos. Matamos a Susana e matamos aquele maldito pastor Marcelo!
Aquilo dilacerou a alma de Andrés.
- Co-como assim?
- Simples. Você estava aqui unicamente para que eles pudessem fazer parte de nossa organização! Como fizemos com Natália, Ronald, Amanda, Carmen, Roberta... Como fazemos com todos. Você acha que prendemos vocês somente para que vocês abandonem a porcaria da fé que possuem? Não! Queremos mais! Queremos que sejam uns dos nossos.
Andrés nesse momento chorava. Mayara o abraçou.
- Vocês são uns malditos! – Gritou Andrés.
- Cale sua boca, seu porco idiota! – Ela o xingava de todos as formas. – Ouçam os dois! Ou neguem sua fé agora ou morram!
Mayara que até aquele momento estava acuada, falou.
- Não! Não negaremos nossa fé. Morreremos se preciso for! Mas não negaremos nossa fé! Jesus Cristo é nosso Senhor...
- Palavras! Zombava – Mark! Apareça! Só falta você! Gritava a mulher, a mesma que os viu sair do lugar que estavam presos. Ela não desconfiava que Anderson estivesse com eles.

A b W

Ricardo e os outros não acreditam no que viam. Eles tinham avistado uma ilha. Estavam bem próximos.
- Não acredito no que vejo! Uma ilha que não está no mapa... – Sussurrou Asaph.
- Pessoal! – Temos companhia. – Disse Tiago olhando para trás ao ver que outras duas lanchas se aproximavam.
Moisés pegou suas armas.
- Essa gente não desiste!
Estavam mais e mais perto. Tiros.
- Se abaixem! – Gritou Ignácio.
O medo. Estavam próximos da ilha.
- Atire neles! – Gritou Asaph.
- Calma! – Preciso que eles cheguem perto! Gritou Moisés.
- Deus! Nos ajude! – Sussurrou Ricardo. Ele tentou por mais velocidade na lancha. Ele sabia que estava no máximo que poderia colocar.
As lanchas se aproximavam. Os tiros eram mais freqüentes. Asaph viu uma bala passar um pouco acima de sua cabeça. Pesadelo! Tinha que ser um pesadelo! Não poderia morrer! Não agora! Um helicóptero surgiu do nada! Era o que faltava. Mais tiros! Um tirou atingiu uma lancha. Mas não a de Ricardo. Teriam errado? A lancha explodiu jogando os homens na água em chamas.
- O que é aquilo!? – Exclamaram todos.
Teriam errado?
Outros tiros agora eram disparados contra o helicóptero. Moisés levantou a arma contra o helicóptero que não estava tão alto.
- Abaixe sua arma! – Gritou Ignácio
- Eles vão nos matar!
- Espere um pouco! Eles devem estar do nosso lado!
- Mas quem são “Eles”?
Todos olhavam para cima. A ilha estava muito perto. A uns cem metros. Logo estariam onde deveriam estar. O tiroteio continuava. O helicóptero e a lancha. Eles observam. Mais um tiro. A lancha partiu em pedaços. Quem estava dentro dela provavelmente tinha morrido. O helicóptero deu a volta e passou por cima deles bem baixo. Todos engoliram a seco. Seria a vez deles. Moisés com a arma em mãos. Ricardo já tinha diminuído a velocidade. O helicóptero estava um pouco acima da cabeça deles. Eles temeram. Ele deu uma “meia parada” e perceberam que uma mulher os olhava. Na verdade olhava mais para Ricardo. O helicóptero partiu em direção à ilha. Ninguém entendeu nada. Quem era aquela mulher? Seu olhar era penetrante. Havia um homem ao seu lado. Ambos olhavam para eles. Eles estavam atônitos.

Eles pararam quase perto da praia. Asaph, Ricardo, Moisés e Inácio desceram na água e arrastaram a lancha até a areia. Tiago ficou dentro. Haviam decidido que Tiago ficaria ali. Pouco à frente eles viram algo semelhante a um pequeno castelo. Entrariam ali. Moisés repartiu suas armas com Asaph, Ignácio e Ricardo.
- Não sabemos o que vamos ver! Não sabemos o que espera por nós!
Eles foram caminhando. A praia estava deserta. Tiago sentado orava. Pedia a Deus para que os ajudasse de alguma forma. Não sabia o que era aquilo. Queria entender!
O telefone que Yolanda lhe havia dado tocou. O coração dele disparou. Ele atendeu receoso.
- Alo?
- Yolanda?
- Ela não está aqui...
- Quem fala?
- Meu nome é Tiago...
A voz do outro lado se calou. Apenas escutava. Foi um silêncio que angustiava a Tiago.
- Bem... Yolanda me deu esse telefone... Eu não sei o que fazer...
Silêncio.
- Por favor. Seja quem for você, me diga o que está acontecendo.
Silêncio.
Apenas uma respiração ofegante do outro lado. Tiago olhava o mar. A ilha. O céu! O que estava acontecendo?
- Ela te deu esse telefone?
Ufa! Ao menos respondeu!
- Sim.. Ela me deu antes. Antes de.
- Antes de que?
- Antes de morrer!
Silêncio.
Outra vez! Droga!
- Bem, ela... Eu e ela estávamos conversando na estrada e então um caminhão... Não sei de onde ele apareceu e atingiu o carro onde estávamos... E...
O som de que do outro lado indicava que tinham desligado.
 - Alo! Alo! Por favor! Alo!
Tiago estava só. Não via mais seus amigos.
Seu coração disparado.
Eles entraram dentro do suposto castelo. Tinha uma porta quebrada. Estava podre. O lugar estava imundo. Havia um grande pátio. Paredes destruídas. Parecia que ninguém havia estado ali durante anos. O que era aquilo? Um lugar sombrio. As paredes cheias de umidade. Limo por todos os lados. Muitos pássaros em todo o canto. Muitas folhas de árvore espalhadas. Estava como abandonado. Tinha cheiro de carne podre por todos os lados.
As folhas em um lugar se moveram. Moisés percebeu. Um homem veio do lado em direção a Asaph. Moisés estava um pouco mais a frente que Asaph. Ele apontou a arma para o homem. Do meio daquelas folhagens surgiu uma mulher. Da porta por onde eles entraram um homem. E em direção a Ricardo uma outra mulher. Asaph, Moisés, Ricardo e Ignácio ficaram um de costas para o outro com as armas em punho. Tinham medo, mas quem eram aquelas pessoas?
Os quatro que caminhavam em direção a eles estavam sem armas. Era visível. O coração de Ricardo disparou ao olhar aquela mulher que vinha em sua direção. Ele a reconheceu. Era a mulher que aparecia em seus sonhos. Ele ficou estático. Seu braço tremia. Todos ali queriam respostas. Mas ninguém sabia o que pensar. Ninguém sabia por onde começar. Os quatro começaram a se aproximar mais e mais...
- Ninguém dê mais um passo, se não eu atiro! – Gritou Moisés.
Eles ficaram quietos. Os quatro pararam.
- Quem são vocês? – Perguntou Ricardo...
- Ricardo! – Disse um dos homens. Você se lembra de mim?
Ricardo olhou para trás de onde vinha a voz. Seu coração disparou.
- Você aqui!? Como?

A b W

- O que vocês estão esperando? – Gritava  a mulher. – Neguem a Cristo, neguem a fé de vocês ou morram os dois!
Lágrimas escorriam pelo rosto de Andrés pensando em seus pais. Lembrava de sua infância. Quantas vezes seu pai lhe ensinava o caminho de Cristo? Andrés que sempre foi uma criança e logo um adolescente muito complicado. A paciência de seu pai ganhou seu coração.
- Filho, eu já disse pra você que essas pessoas não são de boa índole... Deixa Cristo entrar na sua vida agora filho...
- Pai! Eu não quero Cristo! Eu não quero religião...
- Filho.. – dizia seu pai amavelmente. – Jesus não é uma religião. Creia nisso!
- Eu não quero saber disso! Ele fechou a porta do seu quarto onde seu pai estava conversando com ele e passou pelo quarto dos pais. A porta estava aberta e sua mãe de joelhos diante da cama. Ele seguiria, mas voltou e quis ver aquela cena. Sua mãe orava:
- ... Não sei porquê! Mas, Senhor, tenha misericórdia de meu filho. Ele não sabe o que está fazendo. Eu dou minha vida por a dele se isso fizer com que ele te receba e creia em Ti! Por favor, mude seu coração. ela soluçava à medida que orava. Andrés chorou. Logo sentiu uma mão no seu ombro. Seu pai. Ele o abraçou.
Eram imagens tão reais como se acontecesse naquele exato momento. Mayara olhou para Andrés e tocou no seu rosto enxugando suas lágrimas. Andrés olhou para ela e sorriu. Mayara sabia que aquele sorriso era misturado com a dor.
- Mark! – Apareça senão matarei seus amigos! – Gritava.

- Você não vai. – Sussurrou Anderson. Mark se angustiava. – se você aparecer lá eles os matarão, assim como você. – Mark abaixou a cabeça. Anderson pôs a mão sobre seu ombro tentando consolar.

Ela olhou para eles novamente. Ela gritava mais e mais alto o nome de Mark.
- Eu vou contar até dez! Se vocês não negarem vossa fé ou Mark não aparecer, eu matarei vocês aqui!
Mayara olhou para Andrés e sussurrava.
- Vamos morrer?
- Não sei. Mas não vamos negar nossa fé em Cristo!
- Verdade, não podemos. – Eles olharam para trás e viam as rochas atrás deles. Estavam encurralados. Realmente não tinha pra onde fugir.
- Um! – Gritou ela.
- Foi tão bom te conhecer apesar de tudo isso. – Disse Andrés sorrindo e abraçando-a.
- Eu digo o mesmo Andrés. – Ela sorria.
- DOIS!
- Eu queria Ter a oportunidade de estar mais ao seu lado...
- Você pode me abraçar forte?
- TRÊS!
Andrés a abraçou mais forte. Ela recostou a cabeça no peito de Andrés. Era o seu refúgio e os braços de Mayara eram o refúgio de Andrés. O coração de Mayara estava acelerado. O mesmo com Andrés acontecia. Não era medo. Era uma sensação maravilhosa apesar da situação.
- QUATRO!
- Eu vou lá! – Disse Mark.
- Não, não vai! – Anderson segurou-o firmemente.
- CINCO!
Mayara alisou o rosto de Andrés olhando para ele sorrindo.
- Se Deus me desse a oportunidade de viver, gostaria de viver ao seu lado até o fim de nossas vidas.
- Eu também Mayara. Mas acredito que viveremos juntos até o fim de nossas vidas... - Disse sorrindo, apesar de expressar profunda tristeza com seu olhar. – Mas não sabemos os caminhos de Deus para nós.
- Eu sei! Ele sabe de todas as coisas. Ele tem o controle de tudo.
- Sim, ele tem...
- SEIS!
- Eu gostaria de te amar...
Mayara sorriu. Ela sentia o mesmo.
Mayara esticou os pés e o beijou.
- SETE!
- Vamos estar com Cristo finalmente, Andrés.
- Sim. Morrerei com honra como meus pais. Por várias vezes pensei que largaria a Cristo por causa de meus pecados, mas agora sinto que darei verdadeiramente minha vida por Ele.
- Seja ele adorado.
- OITO!
- Te amo...
- Também te amo...
- NOVE! - A mulher estava furiosa, pois eles não negavam e nem mesmo Mark aparecia.
Mayara o abraçou forte. Andrés a envolveu em seus braços.
- DEZ!
Os homens engatilharam as armas.
- Estou com medo, apesar da paz que sinto! – Sussurrou Mayara.
- Fica firme. Dentro de um pouco estaremos com Cristo... – Suspirou Andrés.

Silêncio.

As aves voaram.
Mark fechou os olhos.
As águas batiam com toda a força nas rochas.
O tempo parou.
Anderson abraçou Mark com toda a firmeza que podia.
Ambos, Mayara e Andrés, fecharam os olhos.
A mulher olhou para os dois abraçados e com desprezo no olhar virou as costas e deu o sinal para os homens.
Os tiros.
Um, dois, três, quinze, dezesseis, Trinta... Dezenas de tiros. Os tiros pegavam nas rochas logo atrás deles. Atravessando-os. Dúzias de tiros. Uma fumaça logo se levantou. Parecia que os tiros ecoavam por toda a ilha. Mark gemia. Anderson olhou toda a cena. Não queria chorar. O Sol brilhava entre as nuvens.
A poeira começou a baixar. Os tiros já haviam cessado. Todos os homens e a mulher olhavam na direção de onde estavam Mayara e Andrés. A cena que veriam então era inacreditável. A poeira tinha baixado completamente. Os corpos de Mayara estavam ensangüentados. Vários furos. Mas o que era aquilo? Eles estavam de pé!
Abraçados e em pé! Impossível! O impacto de apenas uma bala os teriam jogado no chão. Nenhum deles acreditava no que viam. Mark e Anderson olhando aquela cena estavam estupefatos. O que estaria acontecendo ali? O que era aquilo? A mulher sentiu medo. Aquilo era impossível. Ela se aproximou deles. Os rostos de ambos estavam intactos apesar dos tiros. Ela olhou para eles bem próximo ao rosto. Havia serenidade no rosto dos dois. Os homens começaram a largar as armas. Uma luz brilhou acima de Mayara e Andrés.
Mark não viu, Anderson não viu. Mas a mulher e cada um daqueles homens viram. Um a um foi caindo de joelhos tremendo. Ela estava estática. Ela queria falar mas não conseguia. Ela olhou na direção de Anderson e Mark. Ela os viu. Mark e Anderson a viram. Seus olhares se cruzaram como se toda aquela mata houvesse desaparecido. Ela tentava falar mas não podia. Estava como que engasgada.
Seus olhos estavam cheios de pavor. Estavam estatelados como se tivesse visto o próprio demônio. Talvez como se tivesse visto algo que lhe tivesse causado muito medo. Ela podia ouvir as batidas de seu próprio coração. Ela tentou andar, mas não podia. Suas pernas estavam petrificadas. Ela estendeu a mão direita na direção de Mark. Ele se pôs de pé completamente se separando de Anderson.
Os homens também estavam estáticos.
Mark olhava nos olhos dela. O braço dela tremia. Ela levou a mão esquerda no peito. Sentiu uma dor tremenda. Indescritível. Seus olhos começaram a ficar vermelhos. Sangue começava a sair de seu nariz. Os homens assistiam aquela cena imóveis. Sangue começou a sair de seus ouvidos, boca, olhos, nariz como se tivesse aberto uma torneira. Ela caiu no chão, imóvel, morta. Os homens temeram e deixaram as armas ali e quase todos saíram correndo. Ficaram apenas três. A mulher estava ensangüentada no chão. Sangue havia saído por todas as cavidades de seu corpo. Ela estava pálida como se todo o seu sangue tivesse esvaído de seu corpo.
Mayara e Andrés, mortos abraçados e de pé. Mark, vendo a cena começou a caminhar em direção a eles. Anderson tentou detê-lo mas não conseguiu. Ele deu um passo de cada vez até chegar diante de Mayara e Andrés. Mark chorava.
- Deus, por que? – Foi a única frase que conseguiu dizer. Mark ficou parado diante dos corpos de Andrés e Mayara. Não queria tentar entender mais aquela cena. estendeu a mão lentamente em direção a Andrés e Mayara. Apenas tocou no rosto de Mayara.
Como em câmera lenta os braços de Andrés largaram o corpo de Mayara, assim como os seus o dele. Andrés caiu para trás e Mayara no colo de Mark. Os três homens que sobraram ali, estavam atônitos.         
Mark ajoelhou e começou a orar em voz alta. Já não tinha medo de morrer. A verdade é que ele orava pedindo para que ele estivesse com Cristo naquele momento. Ele pedia a morte também. Anderson caminhou até Mark. Ele passou pelos homens ajoelhados. Olhou para eles por uns segundos. Eles não se moviam. Anderson se ajoelhou ao lado de Mark. Abraçou o amigo e ambos choraram desconsoladamente.
Alguns minutos depois uma voz interrompeu aquele momento.
- Por favor. – Era uma voz de homem como se quase não conseguisse falar. – Por favor... Nos ajudem!
Mark e Anderson olharam para trás. Um daqueles homens tentava falar. Os três estavam de joelhos e chorando. Mark se levantou. Anderson o seguiu.     
  - Por favor... Nos ajudem... O que.. O que aconteceu aqui? Quem era... Quem era aquele homem?
Anderson olhou para Mark tentando entender o que ele estava dizendo.
- Que homem? O que vocês mataram? – Disse Mark gritando com certo tom de raiva.
- Não! – Disse outro. – Tinha um homem entre os dois. Ele era enorme e...
- E tinha as mão furadas. Mas não víamos o seu rosto! Brilhava como o sol... – completou o terceiro.
Mark e Anderson caíram em si. Eles haviam tido uma visão de Jesus.
- Mas...
- Por favor... Nos ajude! – Disse o primeiro – Estamos cegos!
Um milagre tinha acontecido ali. Mark e Anderson jamais haviam visto um milagre tão terrível quanto aquele.
- Esse homem. – Dizia um deles – Falou que vocês orariam por nós. Quem é esse homem!? – Gritou desesperado.
Mark se agachou ao seu lado e pôs a mão em seu ombro.
- O nome dEle é Jesus. Foi por Ele que Mayara, Roberta, Andrés, Carmen e os outros morreram. Eles não morreram por uma religião. Eles morreram por Jesus. O que vocês estão fazendo aos cristãos, vocês não estão fazendo diretamente a eles. Estão fazendo a Jesus Cristo. Vocês estão perseguindo a Cristo! Esse Homem que vocês viram. – Nesse momento eles choravam desconsoladamente. Mark parou de falar pois a voz do choro deles era maior. Os três estavam deitados no chão de bruços naquele instante. Mark os deixou ali. Anderson olhava para o céu.
Apesar de toda a tristeza que os envolveram naquele lugar, Anderson sentia paz... O vento soprava suave. Mark deixou os homens ali por um momento e baixou perto do corpo de Mayara. Ele a acariciava.
- Deus, vale a pena tudo isso? – sussurrava Mark. – Deus, perdoe minha falta de fé, mas como suportar isso? Como? Tenho medo! – Ele se debruçou sobre o corpo de Mayara. – Deus. – Ele gritava. – não posso continuar. Não posso! – Ele orava em inglês. – Eu não posso ir além. Me ajude a não vacilar em minha fé... – Enquanto ele falava ele acariciava o rosto de Mayara. Ela parecia que dormia. Se aquele sangue não estivesse sobre o corpo dela, ele não diria que ela estava morta. O mesmo com Andrés. – Deus... Como queria estar contigo agora...
O som de alguém andando atrás dele cortou os seus pensamentos. Um dos homens que estava deitado cambaleava pois não enxergava nada. Ele quase caiu mas Mark se levantou rapidamente e o segurou.
- Por favor, eu quero pedir perdão a esse Jesus que você disse. Eu não sabia que o perseguia. Me perdoe por matar seus amigos. Me perdoe. – Ele chorava.
Algo segurou as pernas de Mark. Outro havia se arrastado até eles, pois também não enxergava. Havia se guiado pela voz de Mark.
- Eu também lhe peço perdão. Eu quero Jesus.
A mesma coisa fez o terceiro, abraçando a Mark por trás. Mark se viu com os três homens ali. Ele então, mesmo em meio à sua tristeza, disse:
- Jesus Cristo perdoa vocês! Eu perdôo vocês! – Aquelas palavras eram pesadas ao seu coração, porém verdadeiras. Anderson olhando aquilo caminhou até os quatro e os abraçou também. Os cinco ali viviam algo que jamais pensaram em viver. Algo tinha mudado no coração de todos ali. Os três homens provaram algo que jamais tinha provado antes. Mark e Anderson sentiram mais alguém ali com eles. Sabia que não era uma presença meramente humana. Havia alguém mais ali. Alguém que era maior que o universo. Entretanto estava ali. Os homens começaram a ver imagens turvas a medida que Mark orava. Ao fim da oração de Mark eles já enxergavam completamente. Mark orou quase duas horas. Todos acompanharam aquela oração.

A b W

- Paulo!? O que você faz aqui? – Exclamou Ricardo.
- Eu vim te ajudar Ricardo.
- E quem é essa mulher? – Dizia apontando para a mulher que se aproximava dele – Eu a vejo nos meus sonhos todo o tempo.
- Essa é Safira! Ela nos ajudou na fuga naquele seqüestro no Rio de Janeiro. Ela me ajudou assim como a minha esposa Clarice... – Dizia apontando para a mulher no outro lado e depois apontou para o outro homem – Junto a Henrique.
- E... Mas como vocês nos acharam?
- Ricardo, é bem simples... – Dizia Safira. – Quando você ficou internado no hospital eu pus em seu punho um microship. O mesmo que o Império usa para colocar nas pessoas que estão baixo o comando deles. Eu o modifiquei para que fosse uma espécie de localizador caso acontecesse algo. Eu queria te falar, mas não pudemos aparecer devido a muitas coisas que ocorreram conosco. Paulo foi com um dos líderes da organização e até esse momento eles não sabem que ele os pertence. Viemos para o Uruguai, pois sabíamos que o presidente tinha sido assassinado e que o próximo passo do Império era pôr alguém deles no governo. Colocamos o microship em você, pois queríamos te dar cobertura caso pudéssemos sem que o nosso trabalho fosse descoberto. Descobrimos muita coisa.
- O que vocês estão dizendo Ricardo? – Perguntou Moisés, pois eles falavam em português e muita coisa Moisés não entendeu. Ricardo explicou resumidamente em espanhol para Ignácio e Asaph também.
- O tempo todo eu pensava que eu de alguma forma havia entrado para o lado deles! – Dizia Ricardo aliviado.
- Desconfiávamos que você viria pra cá tentar descobrir o que tinha acontecido e o que aconteceria caso tivesse vindo. Então deparamos com tantas situações que não pudemos nos encontrar. A pessoa que tomava conta de você no hospital não encontrou você. –  Enquanto Safira falava, Ricardo lembrava rapidamente do dia que saiu do hospital. O levantar aturdido. As lembranças de Júlia lhe traindo e dizendo dos planos para o Uruguai. O salvar a vida do irmão tomando um tiro em seu lugar. O ligar pro irmão e o decidir ir para Uruguai mesmo com o pedido do irmão para que ele não o fizesse. O comprar identidade falsa. As imagens turvas da Safira lhe observando. Tantas imagens passando como num flash. –  ...Ainda mais porque descobrimos que você estava sendo seguido. Conseguimos prender alguns, mas não todos. E há muito a fazer aqui, mas não poderemos ficar. Também queríamos saber se você quer fazer parte conosco e continuar lutando contra essa organização.
- Meu irmão e...
- Seu irmão está bem por enquanto...
- Como assim por enquanto?
- Bem... Depois que vocês saíram daquele inferno eu sabia que o Império não deixaria isso barato pra você. Paulo, Clarice, Henrique, eu e outros decidimos protegê-los. Um a um estamos fazendo com que eles desapareçam como se algo estivesse acontecendo. Estamos dando “desculpas” para todos que eles estão indo com suas famílias para longe do Rio de Janeiro. Já conseguimos fazer com que a maioria deles de certa forma desapareça, Mas seu irmão, Patrícia, Fábio, Carol, Pietro e Isaías não querem. Pedimos para que pastor Alex dissesse isso para eles sem que ele mencionasse que nós estamos fazendo isso. Nós não podemos aparecer Ricardo. Estamos trabalhando no oculto. Ainda tem que ser assim. O Império procurou pastor Alex. Eles ameaçaram matar um por um caso ele não trabalhasse para eles. Eles pensam que pastor Alex trabalhará para eles, porém estão enganados. Antes que eles hajam, estamos agindo primeiro. Perdemos uma. Luciana passou para o lado deles. Eles deram um mês de prazo para pastor Alex decidir. E somente pastor Alex sabe parte do que é realmente o Império. 
- Eu tentei ligar para o meu irmão e...
- Não faça mais isso! – Disse Paulo – Eles grampearam todos os telefones de todos que estavam naquele evento e eles tem os passos de cada um. Eles sabiam que você  viria para o Uruguai. Eles sabiam que mais cedo ou mais tarde você estaria com os seus outros amigos missionários. A idéia deles era prender seus amigos e fazer você trabalhar para eles como fazem com a maioria das pessoas que prendem. Eles a prendem e as usam para que os outros trabalhem para eles. As torturam, as maltratam até que eles neguem sua fé e faça com que outros façam parte dessa organização! 
- Por que esse interesse em mim?
- Não sabemos – Disse Clarice. – Mas algo tem haver com sua família. E ainda não descobrimos.
- Como assim, com minha família?
Veio à mente de Ricardo o dia que arrancaram o anel de sua mãe. O assalto! Teria sido um assalto? Ele estava no chuveiro quando criança tomando banho com seu irmão, Carlos. O anel! O anel! Eles apenas levaram o anel! Que anel era aquele? “Proteja seu irmão” Disse seu pai antes de morrer! Uma confusão se formava na cabeça de Ricardo. O que era aquilo que Clarice, Paulo e Safira contavam? Asaph, Ignácio e Moisés estavam completamente confusos. Ricardo tentaria explicar mas não sabia se eles entenderiam.
- E o Uruguai? Por que o Uruguai?
- Não sabemos completamente o que está havendo aqui! Disse Henrique. – Apenas sabemos que o presidente desse país estaria envolvido com o Império. Sabemos que ele é um dos líderes.
- E que provavelmente seja o BETA!  
- Meu Deus! – Ricardo pôs a mão na cabeça. Tentava não entrar em parafusos. Estava com medo. Confuso. O que o Império queriam com ele? Somente ser mais um que trabalharia para eles? Por que não o mataram? Por que a sede em sua vida? Ele sentou no chão estarrecido.
- Ricardo – disse Safira – Traduza para os seus amigos o que vou dizer... Sei que é difícil isso tudo mas tente...
Ricardo se levantou e traduziria o que Safira dizia. A princípio foi difícil engolir tudo aquilo, mas logo eles acreditaram.
- O Império, chamamos assim não porque eles tem esse nome, mas por que são uma organização que não tem registro ou coisas assim. Eles trabalharam infiltrados em todas as outras organizações com um objetivo comum de dominar, de ter o controle. Eles estão aqui no Uruguai com grandes objetivos, somos uma organização criada e como eles, sem nome, sem identidade, para que também não nos descubram. Estamos lutando há anos, não só para destruí-los como também descobrir seus reais objetivos. Eles não tem uma pátria, eles não tem um líder que saibamos, mas tem vinte e seis lideres espalhados pelo mundo.
Um morreu e sabemos o paradeiro de cinco e sabemos que um está aqui no Uruguai e sabemos de seus objetivos e planos para esse país. Para cada país eles tem um propósito. Eles sabem que o Uruguai é  um país pequeno e conta com uma população de apenas três milhões. Dez por cento está fora do país. Eles envenenariam o país e nos próximos dois anos. O ano de governo do presidente a população seria quase toda extinta.
“Como?” Vocês poderiam perguntar. Isso seria feito normalmente eles envenenaram vocês. Só não morreriam aqueles que cedessem as suas exigências. Olha nesse ano quantas pessoas já morreram. Muitos suicídios! Até que ponto isso é verdade? Muitos saíram do país para nunca mais voltar. Ate que ponto isso é verdade? Olha para o Exército na rua! Eles fazem parte do Império com certeza, mas não como parte dele e sim como parte do plano dele. Pensem! O contingente de pessoas não é muito grande para um exército onde sua população é de apenas três milhões? Eles pediram ajuda de muitas outras nações!
- A APLA? –  Perguntou Ignácio.
- Não sabemos se a APLA está envolvida... – Continuou Safira. – Nem sabemos se o governo Amarillo está envolvido. Talvez sim, mas talvez seja de uma forma indireta. E o Uruguai foi escolhido para ser uma sede das grandes do Governo do Império por dois motivos. Primeiro, pois sua população seria facilmente manipulada – Eles lembraram do Supermercado – Segundo, uma das mais importantes fontes de água doce do mundo está no Uruguai. Eles a dominariam. Isso daria para eles no futuro um poder que vocês não podem entender nesse momento....
Asaph, Moisés e Ignácio estavam atônitos. Cada coisa que Safira contava fazia muito sentido. Eles então lembraram da gravação que haviam feito. Pelo combinado iria ao ar naquele momento. O tal Império não mataria Alfredo por isso. Agora as Imagens de cada um apareceria na TV. Mas Estavam dispostos a seguir em frente.  Safira fez um convite aos quatro para seguirem com eles. Eles não deram resposta a princípio. Não sabiam se se juntariam a eles naquela batalha que sentiam haver apenas começado, mas prometeram pensar. Eles gastaram aais de uma hora ali falando e tratando de tudo.

Tiago já estava preocupado e muito preocupado. Seus amigos não apareciam mas não sairia dali.
Um pronunciamento havia começado. Todos os habitantes do país, naquela manhã parariam diante do canal 7 para ver o ex-presidente Alfredo falar e mais uma porção de desconhecidos. Desconhecidos que virariam pessoas bem conhecidas e como mártires seriam louvados.


                                                              CAPÍTULO XIX
O PRONUNCIAMENTO

Em todos os lugares muitos estavam atônitos com o que viam na TV. Quem eram aquelas pessoas que falavam de acontecimentos e com coragem contavam acusações contra o governo? O governo Amarillo. Começou com a apresentação de Glória dizendo de algo muito forte que passaria sobre o Governo Cruel dos Amarillos.
Todo o Uruguai estava atento. Primeiro um repórter falou sobre uma investigação de dois anos. O repórter que teve que sumir por uns tempos assim que o governo assumiu. Logo depois Alfredo falou do que houve. O porquê havia renunciado dois dias depois que havia sumido. Ele mostrou a gravação feita que Clara possuía em MP3. Ele apenas tirou uma parte da gravação mas falou do restante. Ele confessou sua traição a sua esposa. Isso aturdiu a todos. Falou da morte de sua esposa por um acidente e mostrou a gravação feita no telefone da ameaça.
Mostrou também o fax que havia recebido. Logo Glória falou de Clara e enquanto mostrava a foto dela, Glória se emocionou a medida que falava. Foi nítida uma lágrima. Então apareceu a entrevista de Clara, pouco antes de sua morte. Ela falou sobre tudo que o presidente anterior tinha dito pra ela. Ela também contou sobre a droga que Maurício havia se submetido. Eles mostraram cenas do Mercado. Mostrou gente agindo como animal.
Eles ainda não tinham provas de onde e como foi usada a droga, entretanto pegaram testemunhos daquelas pessoas que não se lembravam de nada. Logo entrou o esposo de Clara, Ignácio na entrevista. Ele falou de tudo que lhe tinha passado. Bem como Asaph, falando do hospital. Ele acusou o governo dizendo que tudo que lhe ocorreu e tinha testemunhas de que não foi um acidente em seu hospital. Apareceu a filmagem que fizeram com Aline.
Ela dizia, chorando, sobre todos os fatos ocorridos contra sua milícia e a milícia de Esdras. Ao citar o nome de Esdras ela chorou e eles não cortaram essa cena. Falou que ele havia sido morto. Ela contou sobre um Cd que tinham encontrado sobre torturas. A medida que ela falava, o conteúdo do Cd era mostrado. Glória voltou a falar e testemunhou da morte de Esdras mostrando o outro Cd com as datas marcadas da morte de muitas pessoas.
O interessante é que algumas mortes, segundo o que ela dizia, pareciam acidentes. Ela então falou de um lugar uma ilha que estava no Cd que Aline contava. Ela mostrou não somente as cenas mas foram no local e filmaram. Era como uma Ilha no Rio de La Plata. Essa filmagem tinha sido feita há mais ou menos dois meses atrás pelo repórter que investigava os Amarillos, Steve, o americano e até aquele momento estava guardada por ele.
A própria Glória soube no momento que fazia a reportagem. Logo após entrou Moisés falando de suas experiências na polícia citando todos os nomes que ele podia. Samuel falou de suas perseguições e disse ter visto a mulher que matara seu irmão. Por último, falou Tiago contando sobre todas as suas experiências, ele falou de Mateo. Falou que ele amava sua família e que foi uma vítima daquele governo. Steve, o americano, que estava no país há dois anos também contou sobre sua experiência nos dois anos de investigação ao Governo e disse que havia muito mais coisas por trás de tudo aquilo do que eles imaginavam. Então, para confirmar o que ele dizia, se mostrou a cena de algumas pessoas sendo libertas.
Alguns pastores que foram detidos em uma determinada noite. Inclusive pessoas que haviam passado por supostos acidentes e estavam vivas! Maria Betânia que assistia a filmagem por um acaso viu seu esposo na TV! Como?  Steve era o único que não foi gravado e falava ao vivo. Ele fez questão de fazer com que os tais prisioneiros fossem soltos ao vivo também. Cada coisa que era dita assustava aos Uruguaios. Não somente no Uruguai aquilo era passado mas logo repercutiu pelo mundo o que era feito no Uruguai. Steve estava na sala de entrevistas e Glória com ele.  
- Depois de tudo isso, Steve, como você pensa que poderá nos ajudar?
- Bem, Glória, não somente o governo americano se dispôs a estar ajudando o governo Uruguaio e o país como também o governo Espanhol está disposto.
- E você acha que a APLA está envolvida com a NOVA ORDEM URUGUAIA e os AMARILLOS?
- Não temos essa informação ainda. Não sabemos se eles tinham alguma relação com todas as atrocidades que os Amarillos vem causando no país há anos. Entretanto estamos investigando.
- Muito bem Steve, creio que sua ajuda foi de grande valia ao país e nossa esperança é que o povo reaja a tudo isso. Algo interrompeu a entrevista e mesmo ao vivo, Glória pôs a mão nos ouvidos, olhou para baixo. – Cidadãos uruguaios, algo aconteceu nesse momento. – Dizia Glória olhando para a câmera novamente. – O presidente do Uruguai, acaba de se suicidar diante das câmeras de alguns amadores, se jogando do último andar do Palácio Legislativo.

Era como se uma imensa nuvem negra houvesse caído sobre o Uruguai. As pessoas falavam sobre o que tinha ocorrido. Tudo que se passava na TV já durava mais de duas horas. O Uruguai havia parado. As pessoas haviam saído pelas ruas com faixas com o nome “JUSTICIA”. Nas ruas de Montevidéu nunca tinha se visto nada parecido. As pessoas gritavam eufóricas o nome de Alfredo. Naquele dia o Exército não apareceu nas ruas. A liderança da APLA fez um pronunciamento no Chile dizendo não Ter nenhuma relação com as atrocidades causadas pelo governo Amarillo. As pessoas saíram nas ruas dos empregos. Os presidentes de outros países da América Latina ligados à APLA fizeram o mesmo pronunciamento que o Presidente do Chile. Várias pessoas pararam os carros. Muitos ouviam pelo rádio o que era dito.

9:56h.
Quando Tiago e todos os outros chegaram às margens da praia de Montevidéu, precisamente no porto, se era ouvido muita coisa. Estavam de certa maneira frustrados por pensarem encontrar algo aquela ilha e nada encontraram! Em Montevidéu as pessoas falavam das coisas que tinham acontecido e passado na TV. Ignácio ouviu algo sobre a ex-secretária do presidente. Ele correu com Asaph ao encontro de Glória no canal Sete. Moisés abraçou a Tiago e disse que logo se encontraria com ele
- Creio que nossa luta está chegando ao fim hermano.
Tiago e Ricardo decidiram ir até a casa de Tiago. Eles prometeram estar juntos logo e marcaram o local. Safira e Paulo disseram que logo entrariam em contato com Ricardo.
Eles se dividiram.
  
As coisas no Uruguai haviam mudado... E muito!

Quando Ignácio chegou na sede do Canal Sete olhou para Glória que estava numa mesa. Ela tinha rosas num jarro grande que acabava de ganhar do chefe do jornalismo por seu excelente trabalho. Ela olhava para aquelas rosas com certa repulsa. Lembrava da morte de sua amiga.
Ao ver Ignácio ela ficou parada alguns segundos. Logo seus olhos avermelharam e se encheram de lágrimas. Ignácio parado, pôs a mão na cabeça. Não podia crer. Não podia crer! Ele olhou para o lado. Asaph ao seu lado, pôs a mão no seu ombro. Glória se levantou e foi caminhando até a ele. Saulo chegou naquele momento e viu Ignácio. Não conseguiu dizer uma só palavra.
Ele encostou na parede e ficou observando Ignácio. Glória o abraçou. Ignácio depois de alguns segundos a retribuiu. A abraçou forte. Eles choraram. Seus soluços eram tão altos que todos que trabalhavam ali ouviram e pararam de trabalhar. Todos sabiam do que se tratava. Todos!
As pessoas foram se aproximando lentamente. Asaph abraçou aos dois ao mesmo tempo. Saulo pôs a mão no ombro de Ignácio. As pessoas estavam ao redor deles. Todos estavam com os olhos fitos no chão tentando de alguma forma demonstrar suas condolências.



CAPÍTULO XX
ADEUS URUGUAI

14:21h.
Tiago e Ricardo finalmente haviam chegado em casa juntos. Olhavam as coisas tentando entender o porquê de tudo. Na mente de Ricardo estava tudo aquilo que Safira e Paulo lhe tinham dito. Acreditaria? Não sabia. Tinha medo. O que pensar? Precisava ligar para Carlos. Mas, como?
Segundo Safira, os telefones estavam grampeados. Eles ainda estavam lá fora. À espreita. O que eles queriam? Qual era o desejo deles realmente? Segundo tudo o que tinham ouvido e vivido, eles lutavam contra a igreja. Por que esse desejo de lutar contra as pessoas que eram cristãs? Por que?
O medo invadia seu peito. Olhava a casa que ele moraria junto com seus amigos da missão cristã. Onde realmente estavam eles naquele instante? Pensava. Pensava. Queria respostas mas nenhuma tinha naquele instante. Estava triste. Foi ao Uruguai para obter respostas e o que viu foi um mar de sangue e a única coisa que ganhou foram mais dúvidas. Um verdadeiro massacre! Quantos haviam morrido? Não tinha noção. Como alguém, ou uma organização poderia ir contra, não apenas algumas pessoas, mas sim, uma nação inteira? Se o que Safira disse for verdade, talvez a queda dos Amarillos não seja uma derrota. Se o Império for tudo aquilo que Safira disse ser, então as coisas não parariam por ali? Deus? Onde estava Deus em meio a toda aquela situação? Por quê?
Tinha que haver respostas! Tinha que existir! Ricardo caminhou até o quarto onde estava Tiago. Ele segurava nas mãos uma foto de seus amigos. Uma foto que estavam ele, Edgar, Roberta, Anderson, Mayara, Mark e Samuel. Ele, triste, passava o dedo polegar na foto como se pudesse acariciá-los com isso. Tiago olhou para Ricardo.
- Tem que haver um motivo, Ricardo! Por que Deus deixaria isso tudo acontecer?
- Não sei Tiago. Eu também queria ter respostas. Mas não as tenho. Infelizmente! –  Suspirou fundo. –  Acredito que nem Deus nos queira dar! Creio que nos resta apenas uma coisa Tiago.
- Vamos orar. – Disse Tiago entendendo de antemão o que o amigo queria dizer.
- Sim. Vamos.
Os dois se ajoelharam diante da cama. Ele começou a fazer sua oração...

- Deus... Não entendemos o que o Senhor faz... E muitas vezes nos questionamos. Esquecemos que a coisa mais importante é estar contigo, Senhor. Não importa o quanto soframos. Não importa o quanto choremos. O Senhor tem o controle de tudo. Louvo o Seu Nome. Eu preciso que o Senhor me ensine, nos ensine a olhar somente para Ti. Sei que sofremos. Mas Você está conosco. Sei que perdemos muito, mas nos ensine a ver que o Senhor é a Pessoa mais importante...

***
 
Ignácio pôs um cd que havia ganhado de sua esposa no dia de seu aniversário. Era uma música de um grupo chamado No Te Va Gustar. O nome “Clara”. Ele pegou uma foto do casamento deles. Lembrava do tempo que andava com ela na praia de mãos dadas. Ele sentou no canto da casa ouvindo a música e com a foto na mão esquerda, pôs a mão direita no rosto e foi escorregando lentamente na parede até sentar no chão soluçando e chorando... A dor que invadia seu peito era indescritível.

Qué lindo que era verlos caminando un alma sola dividida en dos La orilla de ese mar los encantaba
quedaba todo quieto alrededor
Hermosa fue la vida que llevaron
la suerte no les quiso dar un sol
Curioso es que su risa iluminaba
hasta el día que ese mal se la llevo

Se queda con su foto en un rincón
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
El sigue con su vida recortada
sin clara fue una vida sin color
La imagen de sus ratos mas felices
hasta ahora siguen siendo su motor
Se queda con su foto en un rincón
y sueña encontrarla arriba
Escucha susurrar un disco viejo
que su clara una vez le regaló
La siente
La escucha
La espera
Y sueña...


***

- ...Ensina-nos Deus a recomeçar. Independentemente da dor que passamos. O passado não podemos mudar, Senhor, mas podemos em Ti mudar nosso futuro. Ajuda-nos a não nos desanimar diante das dificuldades. Por favor. Ajude-nos. Ajude-nos. Por favor! Nós precisamos de ti...  

***

Noélia chorava diante da Igreja que seu marido Mateo havia construído. Agora era apenas um galpão vazio com madeiras pregadas na porta. Uma placa dizia “vende-se”. Ela ajoelhou chorando, lembrando do que Tiago, aquele desconhecido havia dito.   
Lembrava das coisas que ouvira na fita e do que tinha acabado de ver pela TV. Ela já tinha tomado uma decisão. “DEUS me perdoe por tudo o que eu fiz. Me ajude a recomeçar, por favor!” Orava ela. Noélia se levantou novamente e arrancou a  placa vende-se e a destruiu. Com toda a fúria ela arrancou uma madeira que estava pregada na porta com prego e tudo. As farpas entraram em suas mãos. Ela gritou. Foi com toda a fúria e arrancou mais uma depois de muita dificuldade e caiu ao chão.  Tinha mais doze madeiras mais ou menos. Uma mão trêmula tocou o ombro de Noélia.
- É hora de recomeçar... – Disse Humberto sorrindo e entre lágrimas.
Algumas pessoas da igreja começaram a chegar. Eles se juntaram a Noélia. E com as mãos começaram a arrancar as madeiras que estavam na porta. Os filhos dela chegaram também. Eles estavam decididos a reconstruir. Não um templo de pedras, mas o legado que Mateo havia construído e que por mentiras e pecados, eles haviam deixado ser destruído.

***

-... Ainda que haja a dor. Deus. Dai-nos forças e não nos deixe, duvidar de ti. Por favor. Não nos deixe fazer isso...

***

- Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum... A tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante mim na presença de meus inimigos. Unges minha cabeça com óleo e o meu cálice transborda... – Dizia um pastor enquanto os caixões de Esdras e sua mãe eram baixados. Samuel abraçado à Aline que chorava. Ele estava quieto. Silencioso. De Aline se podia ouvir os gemidos por causa de Esdras. A dor que invadia Samuel era terrivelmente grande. Tão grande quanto sua raiva. Havia sim, um desejo de vingança nele. Samuel esqueceria talvez toda sua crença e não perdoaria.

***

- Pai, ajude-nos a lutar, mas não com nossas armas. Ajude-nos a lutar conforme Você quer que lutemos. Não como meninos na fé, mas como homens em Ti. Obrigado pelos livramentos que o Senhor nos deu... Obrigado pois Tu nos tem amado!

***

Maria Betânia, que estava no portão de casa, não acreditou quando viu um carro da polícia chegar com seu marido atrás. Ele sorria. Ela também. Eles correram e se abraçaram chorando. Não acreditavam no que havia acontecido. Não podiam crer que tinham passado por um terrível pesadelo. A menina foi correndo e gritou:
- Papai! Papai!
- Oh! Filhinha...
- Papai, me disseram que o senhor estava no céu. Como é lá?
O pai sorriu abraçado à esposa e à filha mesmo em meio às lágrimas.

***

- Senhor... Guarde nossos amigos onde quer que eles estejam...

***

Asaph olhava desolado os escombros do que sobrou da explosão. Estava sério. Caminhava pelo que restou de sua Clínica. A linha amarela demonstrava: “não ultrapasse”. Ele encostou na parede carbonizada e via instrumentos clínicos contorcidos. Ele acariciava a parede. Queria que tudo tivesse sido diferente. Mas não o foi. Agora todos sabiam de sua dor. Um carro parou em frente à clínica. Uma mulher saiu e chamou.
- Senhor Asaph?
- Sim, sou eu!
- Uma carta para o senhor. – ele pegou e achou aquilo muito estranho. Ele abriu e leu. Era uma carta de pedido de perdão e um chamado para assinar um documento que autorizava o governo a reconstruir seu hospital sem ele precisar pagar um centavo!
Ele sabia que aquilo não traria de volta as vidas perdidas naquele local. Ele ajoelhou e começou a orar. Ele amassou o papel e na metade da oração rasgou aquele papel. Não queria nada que viesse do governo...

***

- Senhor... Guarde-os e permita-me revê-los. Não sei como estão eles agora, mas peço apenas que eles estejam bem...

***

Anderson segurava a Andrés no colo. Mark segurava Mayara. Os três homens os seguiam. Mas sem armas. Estavam diferentes. Eles chegaram num precipício. Mark chorava. Anderson também. No fim daquele precipício, as ondas batiam violentamente nas rochas. Ambos não quiseram enterrar a Mayara e Andrés. Eles oraram ao Senhor por um tempo e chorando precipitaram os corpos de Mayara e Andrés no mar. Eles ajoelharam chorando ali. Os corpos deles foram caindo e logo o mar lhes engoliu. A dor era grande. O vento batia em seus rostos. Os homens olhavam para o céu. Existia um Deus. Alguém Inexplicável. Anderson e Mark sabiam quem era esse Deus. Eles os seguiriam e ajudariam a saírem daquela ilha para saber mais sobre o Deus que os cegou e os curou...

***

- Guarde-nos de todo o mal. Pedimos seus milagres.. Somente Tu podes fazer milagres. Tire-nos de nossas aflições...

***

Ao abrir os olhos, tudo estava embaçado. Olhou para o teto e algumas pessoas estranhas estavam ao redor de Natália...
- Oi! – Disse uma criança...
- Adonde estoy? – Perguntou Natália. Logo percebeu que estava numa cama. Estava com outras roupas.
- Ah? – Perguntou a garotinha.
- Quién son ustedes. Lo que se me ocurrió? – Perguntava em espanhol.
- Ela fala espanhol! Disse um homem de cabelos grisalhos. Logo um adolescente chegou e começou a conversar com ela.
- Onde estou?
- Você está numa casa na praia de Camburiú. Santa Catarina.
- Como assim? Brasil?
- Sim! Um pescador achou você boiando numa ilha próxima daqui...
Na mente de Natália as cenas de sua fuga vieram na sua cabeça como um relâmpago e a realidade caiu como um manto. Seu coração disparou... “Estou livre! Estou Salva!”. Ela começou a chorar. O adolescente que conversa com ela não entendeu nada. Natália tocou em seu próprio corpo. Estava bem. O Milagre. Só poderia ser... Pensava em Amanda.

***


- Pai... Ajude aos nossos inimigos encontrar redenção de suas almas. Dê a eles a chance de encontrar a Ti. Dê a eles vida suficiente para que eles te encontrem.

***


Nelsa e German estavam no local marcado esperando por Samanta. Ela chegou de carro.
- Me ajude aqui German! – Disse Samanta. – Por favor. 
Ele foi até o capô do carro e tiraram dele um corpo envolto em um plástico preto. Com toda a violência ela jogou o corpo no chão. Logo,  um corpo de uma mulher foi descoberto por causa da violência com a qual jogaram no chão.
- Quem é ela? – Perguntou Nelsa.
Samanta sorriu diabolicamente.
Eles estavam num lugar escuro e deserto.
- Essa Nelsa, sou eu!
Nelsa e German não entenderam.
- Como assim? – Perguntou German.
Samanta sacou uma arma e deu dois tiros em Nelsa que voou longe. Um tiro na testa e um tiro no peito. German olhou para. “Por que?”.  Era a pergunta que faria. Mas não deu tempo! Um tiro na cabeça foi o suficiente. Samanta jogou gasolina no corpo da “Samanta” que ela tinha trazido e ateou fogo.
- Ordem superiores amigos! Vocês já não servem mais. – Suspirou Samanta. Ela deu partida no carro e foi embora.
No jornal do dia seguinte diriam que os três médicos que trabalhavam para o governo haviam sido mortos brutalmente.

***

- Senhor... Livra-nos dos nossos temores e nos ajude a suportar até o momento que o Senhor quer que suportemos.

***

A cela de Maurício se abriu. Ele segurava duas peças de roupa em suas mãos. Era a hora de sair. Ele foi caminhando pela cela e não acreditava que estava livre. Ele havia sido liberado do assassinato de seu pai. Iria aguardar o julgamento em liberdade, mas Maurício estava mais livre do que todos imaginavam. Ele sorria. A cima de suas roupas, um livro preto que seria usado para sua fuga, foi usado para a libertação de sua alma.
.

***

- E ajudes a recuperar, se for de Sua Vontade, aquilo que perdemos um dia... Para Tua Glória!!!

***

Duas filas de policiais foram formadas de um lado e de outro no corredor dentro do Departamento de Polícia de Canelones. Moisés caminhava por ele com sua antiga farda novamente. Aquele que um dia se excluiu de sua corporação por ameaças, agora voltava com honras. Todos ali sorriam. Moisés estava calado. Ele olhava para o céu e o seu único pensamento era agradecer a Deus.

***

- E ajude-nos a descobrir toda a verdade que ainda está oculta. Ajuda-nos Pai...

***

Alfredo estava diante do Túmulo de sua esposa e filho. Olhava. Pensava. Era o preço por fazer o que fazia. Agora como o novo Presidente no Uruguai. O lugar que era seu antes. Valia a pena o preço. Alfredo pensava. Sim! Valia! Ao menos para ele!
Várias câmeras mostravam-lhe diante do túmulo e as notícias sempre eram a mesma. Falando do presidente que havia perdido a família. Todo o Uruguai chorava junto a Alfredo a perda de sua família.

***

- ... Em Nome de Jesus Cristo... Amém.....
Ricardo e Tiago se levantaram e sorriram. O primeiro sorriso talvez em meio a toda aquela dor e perseguição.

- E o que você vai fazer agora? – Perguntou Ricardo.
- Voltar ao Brasil. Relatar à missão tudo o que aconteceu. Preciso saber se Mayara e os outros morreram ou não. Preciso descobrir. Mas não creio que estejam! Creio que com Alfredo no poder agora, tudo vai se estabilizar. Vou fazer algo que não gostaria. Dar adeus a esse país que amei e amo do fundo de minha alma.
- Mas são os caminhos de Deus para nós. Não conseguimos entender realmente. Mas precisamos aceitá-lo. Entender eu sei que não entenderemos ainda que compreendamos algumas coisas.
- E você o que pensa em fazer?
- Não sei Tiago. Safira e Paulo me fizeram um convite para ir com eles. Não sei se irei. Tenho certo receio deles.
- Mas por que? Eles não estão lutando contra esse tal Império?
- Talvez sim. Foi essa mulher que ajudou a fuga de meu irmão e dos outros da Fortaleza onde eles foram seqüestrados. Mas há algo nela que eu temo. Não sei o que é. Mas tenho um tempo pra decidir. Ela fez o mesmo convite para Asaph, Ignácio e Moisés. Você acha que eles vão?
- Não sei, não os conheço bem. Se não fosse por tudo o que aconteceu eu não os conheceria. O que mais me assustou é que cada um eles já havia sido envolvido.
Ricardo, ouvindo Tiago falar pensou um pouco e disse:
- Eu não sei o que é esse Império, mas sinto algo. O Império está em todo o lugar, à espreita. Esperando. Estão bramando como leão. Buscando a quem pessoa engolir e destruir como disse a Bíblia. Sabe o que sinto Tiago? Embora eu não saiba realmente quem eles são, uma coisa sei, todos nós estamos envolvidos com o Império. Ou com ele, ou contra ele!
- Depois de tudo que passamos, depois de tudo que vi, depois de tudo que você me contou, sinceramente, eu sinto o mesmo.
- Isso não acabou, Tiago. Ainda não! – Ricardo olhava pela janela da casa. O vento balançava as folhas da árvore. O soprar do vento invadiu a casa. – Eles ainda estão lá. Esperando, pra darem o próximo passo. A próxima cartada.
Ricardo se questionava sobre o que seus pais que morreram há vários anos tinham haver com tudo aquilo.

A b W

Havia um som de murmúrio. Vozes. Isso fez com que ela despertasse. Havia um peso no seu pescoço. Ao levantar os olhos viu cerca de dez pessoas ali. Todas exclamavam não saberem o que estavam fazendo ali... Todas estavam da mesma forma. Com uma espécie de coleira amarrada ao pescoço e uma corrente que levava até a parede. “Eu ainda estou aqui!” pensou a mulher...
- Não! Não! Gritava – Me tirem daqui! Me tirem daqui! Gritava Amanda. Os que estavam dentro daquele poço estavam ali pela primeira vez. Não sabiam quem era Amanda, não sabiam seu nome. Apenas achavam que estava ali como eles. Amanda sentiu o peso da realidade de estar ali ainda. Seu papel: O mesmo que Natália.

Palácio Legislativo do Uruguai
CAPITULO XXI
RUMO AO BRASIL


22 de março de 2006. 22:23h.

Tocaram a campainha de Ignácio. Ele foi a porta atender.
- Vim me despedir meu amigo. – Disse Asaph.
Ignácio lhe abraçou.
- Tudo isso aqui me lembra Clara, Asaph. Não posso mais ficar aqui realmente.
- Então vai embora mesmo.
- Amanhã de manhã bem cedo estarei indo para a nossa casa de veraneio em Rocha. Onde escaparíamos. Lá eu tenho poucas recordações de Clara. Prefiro ficar lá. Se tudo tivesse dado errado nós todos teríamos ido para lá. Mas agora aquela casa vai ser meu refúgio. – Ignácio falava e sua voz ecoava pois já não havia móveis. Tinha dado e vendido quase todos eles e já tinha vendido a apartamento. No dia seguinte o novo proprietário já estaria ali. – Agora sem Clara. Ficarei um tempo lá.
- E você aceitou o convite daquela tal Safira?
- Não! Tenho o telefone dela, mas não quero. Não quero perder mais nada Asaph. Creio que esse tal Império já está fora do país. Nós não nos encontraremos mais. Então não tenho porque me envolver, nem tenho desejo de vingança a nada. Graças a Deus.
- Sim... Entendo.
- Amanhã é o pronunciamento de Alfredo como o novo presidente. Disseram ser uma festa durante todo o dia. Vai ter vários grupos de música. Ele disse que vai fazer uma homenagem especial à Clara. Eu não quis ir apesar de ter me convidado. Não quero.
- Respeito sua decisão meu amigo.
- Obrigado Asaph.
- Conte comigo sempre ok?
- Sim! Contarei...

23 de março de 2006. 8:00h.

Samuel assistia na TV o pronunciamento do novo presidente do Uruguai. Aquele pronunciamento marcava uma festa que duraria todo o dia. Estava Alfredo ali e dezenas de outras pessoas no palanque. A secretária do presidente estava ao seu lado. Outros homens importantes ao seu redor. Alguém ali naquela cena chamou-lhe a atenção. Samuel levantou do seu sofá assustado. Ele reconheceu alguém ali. Aquilo disparou seu coração.
Ele andou de um lado pro outro. Colocou a mão na cabeça. Suspirava forte. Não podia ser. Era ela! Era ela! Aquele rosto o assombrou durante todos aqueles dias! Tinha que ser ela!
Ele decidiu algo. Certo ou não o faria. Não ligava mais para nada. Desde a morte de seu irmão tinha mudado completamente. Faria o que deveria ser feito. Pensava assim.

A b W

10:45h.
Ignácio pôs a mochila no chão com algumas roupas. Olhava a casa de veraneio. Estava arrumada como ele e Clara haviam deixado. Nunca a usaram. Estava preparada para o mês de férias deles que seria em abril. Geladeira, fogão, telefone com secretária eletrônica e tudo o mais. Não conseguia parar de pensar nela. Olhou a casa ao redor. Tirou a poeira do sofá e sentou nele.
Ligou a TV, na festa da posse do presidente Alfredo que duraria todo o dia. Como os uruguaios são bem envolvidos com a questão política, sabia que a festa todo o tempo passaria na TV. Desejava que depois de tudo que Alfredo passou ele pudesse ser um bom presidente. Ao olhar na parte da pequena parede divisória da cozinha e sala, percebeu que a luz de recados da secretária eletrônica piscava sem parar. Caminhou até ele achando ser estranho aquilo por não haver dado aquele número para ninguém até aquele momento. Ele apertou o botão.
- Você tem uma mensagem! – Dizia a secretária.
A voz que Ignácio ouviria seguir, o faria desabar!
- Amor... – Voz ofegante – Amor...
A mensagem que Clara tinha deixado para Ignácio o deixou estarrecido.
Ignácio lembrou que ela morreu na explosão do carro do Alfredo. Glória viu a explosão. Lembrou de Saulo falando algo sobre a perícia. O enterro... Ignácio ficou atônito. Na TV a imagem de Alfredo acenando para todos.
- Aaaaahhhh!!!! – Ignácio jogou uma cadeira na TV espatifando-a.

A b W

12:02h.
As coisas na casa onde moravam os missionários estava vazia. Todas as coisas encaixotadas. Ricardo apareceu com uma mochila nas costas.
- Tiago estou indo.
- Já vai?
- Sim! Decidi. Irei com Safira. Ela  disse que sairá do país às dez da noite.
- E pra onde você vai?
- Ela disse que eu vou pra Espanha.
- E o seu irmão? Você não vai voltar para estar com ele? Ricardo! Escute. Não sabemos o que é tudo isso! Não temos noção de nada. Apenas entramos e...
- E agora não há como sair! Vou até o fim! Se há algo em relação à nossa família quero saber o que é. E se essa for a única maneira de proteger Carlos, meu irmão, eu vou fazer!
- Mas você mesmo me disse que não acreditava nessa Safira.
- Sim, não confio. Mas preciso que você faça uma coisa. – Disse Ricardo dando-lhe um papel para ele – Escute. Você vai para o Brasil e vai procurar esse endereço no Rio de Janeiro. É a casa de uma menina chamada Carol. Ela e mais seis pessoas incluindo meu irmão estão escondidos. Safira queria que eles desaparecessem pois segundo ela o Império os perseguiria. Mas eles estão com planos próprios. Agora eles não estão mais aparecendo de uma forma visível para as pessoas. Todos pensam que eles viajaram. Mas eles deixaram um diário pra mim com coordenadas. Eles não falaram pra mim do que se tratava com medo de telefone estar grampeado e nem por e-mail com medo de ser rastreado. Mas eles estão lutando a parte de Safira e Paulo. O que eles querem, nem eu sei. Por favor. Ajude meu irmão. Conte pra ele o que você viveu aqui! Eles não sabem que eu não vou. Vá em meu lugar! Logo entraremos em contato... Tiago, faça isso por mim. Por favor.
- Sim amigo. Eu irei para São Paulo. Verei minha família e logo depois estarei lá. Ricardo, a Bíblia diz que um abismo chama outro abismo. Você acha que é certo se aprofundar contra tudo isso que não sabemos o que é?
- Não sei, Tiago. Mas quero saber. Eu preciso saber! Eu não estou pedindo pra você entrar comigo nessa. Só peço que você cuide de meu irmão pra mim.
Eles se abraçaram e Ricardo se despediu.
Tiago ficou observando o amigo virar a esquina. Pensava em nunca mais encontrar Ricardo novamente. Que sorte na qual eles haviam se submetido!

Tiago limpava as casa quando aquele telefone que havia ganho tocou.
- Alo!
- Tiago!
- Sim sou eu!
- Preciso que saiba de uma coisa.
- Antes de dizer qualquer coisa, preciso saber quem você é, senão desligarei o telefone.
Silêncio.
- Meu nome é Uelignton. Sou legista. Era noivo de Yolanda. Eles desapareceram com o corpo dela. Eu sei quem você é Tiago e confio em você. Acompanhei você de longe!
Tiago já estava cansado de ser observado.
- Sim, o que você quer!
- Escute amigo. Saia o quanto antes do país. Eles ainda estarão atrás de você. Não somente você! Matarão a Moisés, a Ignácio, a Asaph, Aline, Samuel, Glória e Saulo. Vocês precisam se esconder o quanto antes.
- Mas acabou! Nós desmascaramos eles!
- Não acabou rapaz! Isso não acaba assim.
- Mas como?
- Escute. Vocês pensaram estar lutando pelo bem, mas vocês foram usados. Protagonistas de algo maior! Vocês colocaram o mal na frente!
- Como assim!? – O pulsar do coração de Tiago estava acelerado. Do que se tratava aquilo? Seria mais uma mentira? Alguém tentando colocar Tiago em outra enrascada? Improvável! – Mas, do que está falando. Me explique! 
- Eu fiz os testes clandestinamente no corpo de Clara, a secretária. A que morreu na explosão do carro do presidente Alfredo.
- Sim, e aí?
- Ela estava morta antes do carro explodir! – Explicou melhor.
Tiago sentou no sofá. Ele ficou sem saber o que dizer. Acreditaria?

A b W

Ignácio dirigindo seu carro como um louco pela estrada, estava estremecido de tanta raiva. Queria chegar no local que estava Alfredo. Ele estava a ponto de explodir. Sua tristeza era clara! A dor da traição mais ainda. Ele sabia. Tinha sido traído. Estava tentando pôr sua mente em Deus. Mas não sabia se conseguiria.
Com quem falar? Pensou em ligar pra Tiago. Ele o fez.

A b W

16:12h.
A secretária do presidente, uma mulher loira, cabelo curto de visíveis lentes azuis entrou no banheiro. Alguém a observava. Ela pôs sua bolsa na pia e se olhava no espelho. Ela sabia que estava totalmente diferente do que era. Seu rosto possuía traços um pouco diferentes. Ela sabia que pouco notariam a grande mudança. Mas alguém havia percebido. Ela passou batom vermelho suave. Ela baixou a cabeça e olhava a água caindo da torneira livremente. Seus planos tinham dado certo. Para todos os efeitos, Samanta estava morta, mas ela estava ali. Viva! Quando olhou para o espelho, um vulto estava à espreita. O susto. Ela olhou pra trás.
- Quem é você? – Gritou para o homem que a observava.
- Você! Foi você não foi?
- Do que você está falando? – Perguntou Samanta fingindo não entender. Ela reconheceu quem era o homem que falava com ela. Ela o tinha visto na TV.
- Hija de p...! Você matou meu irmão e minha mãe! Eu estava na rua e vi você saindo de casa. Minha casa! – Gritou.
Samanta, que agora atendia pelo nome de Denise por haver mudado de identidade para ser a secretária do presidente, com a mão na bolsa, buscava uma pequena arma que tinha lá.
- Ah! Você é o pobre coitado, Samuel. Não é isso? Mais um cristão idiota.
- Eu não sou mais cristão! – Gritou ele.
- Hunf! Isso é contigo!
Ela tiraria uma arma, mas uma senhora entrou no banheiro e ao ver que havia um homem ali, não entendeu muito e saiu. Ela correu para avisar o segurança. Samuel não ligou muito para ela. Samuel se aproximou.
- Vá para trás! – Advertiu ela.
- Está com medo de quê? Vadias como você não tem medo, não é? Você não tem medo de nada, não é? Você não teme a Deus. Não teme aos homens. Não teme polícia. Você é uma piranha assassina! Sua Maldita piranha! – Samuel começou a proferir muitos palavrões ofendendo-a. Ao invés de Reprimi-lo, ela regozijava com isso.
- Vocês são tolos. Eu poderia te matar agora. – Ela cria que ele não faria nada. – Mas não vale mais a pena. Um dos nossos objetivos com vocês é esse que você está vivendo agora.
- ?
- Isso mesmo! Você é um idiota.
Samuel baixou a cabeça. Caminhou até ela.
- Eu poderia matar você agora como fiz com o maldito de seu irmão. Mas não vou me preocupar contigo. Com certeza em poucos segundos o segurança estará aqui. Eu vou dizer que você tentou me violentar.
Samuel riu ironicamente.
- Você não vai dizer nada!
- É? Certeza? E por que?
- Você já estará morta.
Uma faca cortou a garganta de Samanta. Ela não viu. Samuel arrancou a faca que estava no seu bolso e cortou sua garganta num ato violento. Tão forte que seu sangue espirrou no espelho fazendo um “C” gigantesco com ele. Samanta pôs a mão na garganta, o sangue esguichava. O banheiro foi enchendo de sangue.
Suas pernas balançaram. Ela caiu. Seu olhar mostrava seu espanto com a atitude de um homem que antes tinha sido um cristão. O ódio de Samuel era tal que ele agachou ao lado dela.
- E vou atrás de todos aqueles que foram responsáveis pela morte do meu irmão e de minha mãe. – O ódio em suas palavras era visível.
Olhou friamente ela tentar pedir ajuda. Seu sangue escorreu até seu pé. Ele escutou passos em direção ao banheiro. Olhou para a janela. Fugiria. Onde está o arrependimento por haver feito aquilo? Não o encontrou. Samuel naquele dia decidiu ir até as últimas coisas. Virou as costas conscientemente para Deus. Ao menos era assim que pensava.   
 Naquele fim de tarde, não era somente Samuel que havia decidido agir... Outros estavam com quase o mesmo pensamento.

A b W

Alfredo estava sentado na sua cadeira presidencial. Sozinho, em sua sala no Palácio Legislativo, pensava no meio daquele imenso salão. Havia vários quadros espalhados pelas paredes. Artigas, o homem da história uruguaia mais venerado olhava pra ele.  Havia outros quadros. Com exceção do de Artigas, cada quadro mais grotesco que o outro. Pinturas pós-modernas. Ele estava cansado depois de intermináveis discursos. O telefone de sua mesa toca. Pelo botão que piscava sabia que era da secretária que ficava ao lado de fora da porta.
         
       - Pois não?
      - Senhor Presidente – Disse a secretária. – há um senhor chamado Ignácio querendo falar contigo. Ele disse ser viúvo de Clara.
      - Sim, deixe-o entrar.
     Ignácio entrou pela porta grande de sua sala. Passou por dois seguranças e passou por mais uma porta, maior que a primeira.
      Ao ver Ignácio, Alfredo se levantou demonstrando um grande sorriso por revê-lo.
    - Como você está Ignácio? Andei muito preocupado com você. Como tem passado? Você viu a homenagem que fiz a Clara e...
      - Cale essa boca Alfredo! – Gritou Ignácio.
      Alfredo ficou quieto. Olhou para ele tentando entender o que estava acontecendo.
       - O que houve Ignácio?
     - O que houve? Você me pergunta o que houve? Tome isso! Disse Ignácio jogando uma fita nas mãos de Alfredo quase caindo no chão.
       - O que é isso!?
       - Uma fita de uma secretária eletrônica. Ponha ela ali e ouça! Agora!
     Alfredo olhava para Ignácio tentando entender. Mas o obedeceu. Pôs na sua secretaria eletrônica. Logo se ouviu a voz de alguém conhecido. Era a voz de Clara!
       - Amor... Amor... – A voz de Clara estava ofegante – Eu descobri algo. Eu tentei ligar pra você, mas não consegui e sei que o plano era ir para nossa casa de veraneio, então sabia que logo você estaria aí meu amor. Escute: Há algo errado. Entrei no escritório de Alfredo. Era a voz daquela mulher lá do seu hospital. Eu tenho certeza! Era ela. Aquela tal Nelsa. Ela deixou um recado na secretária dizendo que Alfredo tinha que pagar o assassino de sua esposa e filho. Ela o chamou de BETA, e Nacho... – A medida que Alfredo ouvia a voz de Clara, como sempre fazia quando estava nervoso, girava seu anel para um lado e por outro. – Eu sei, eu tenho certeza, é ela. Somente os íntimos de Alfredo tem o telefone que tem o numero de sua secretária eletrônica. Amor, eu não sei o que pensar. - Pausa. Respirar ofegante. – Fomos enganados! Fomos traídos, meu Deus! – Pausa – Agora preciso descobrir os reais motivos de Afredo. Nacho, meu querido Nacho, eu te amo e sempre vou te amar com minha vida. Se algo me acontecer, saiba: Eu sempre te amei. Você é o único verdadeiro amor de minha vida. Sempre foi! Te amo... Preciso ir, acho que ele chegou.
       Ignácio quase se emocionou ao ouvir tais palavras.
       - Tiago, meu amigo brasileiro me ligou. Um legista que fez autópsia clandestinamente em Clara disse que ela já estava morta quando o carro explodiu.
     Alfredo olhou para Ignácio e com seu anel com a letra “BETA” do alfabeto grego, girava para um lado e para o outro...
    - Você Ignácio, merecia Clara. É tão corajoso quanto ela. – Ria. – bem, eu queria te deixar vivo, sinceramente. Mas já sabe que depois de nossa conversa você não sairá vivo. Não sabe?
     - Então me explique seu maldito! Por que enganar a todos nós? Por quê?
     - Vocês eram apenas pequenas peças de nosso grande plano! É claro que desde o início essa história tornou proporções maiores e melhores do que esperávamos. – Dizia Alfredo calmamente, sentando novamente em seu grande sofá. – É bem simples:
    Embora a acusação de que Maurício fosse clara e que ele realmente matou o pai, ele usava a nossa droga. A droga que o fez obedecer. A mesma que fez aquelas pessoas tentarem matar vocês no mercado. Mais cedo ou mais tarde se fizessem testes em Maurício descobririam que ele estava realmente drogado.
   Poderíamos forjar os exames, mas quisemos não arriscar. Outra coisa, ficaria muito claro eu assumindo logo depois. Me investigariam seguramente. Então forjei minha própria traição a minha esposa. Eu sempre a traí mesmo. Fingi ser o marido arrependido. Então pra ficar mais emocionante, mandei matar minha esposa e filho. É claro, sempre colocando a culpa no governo de Boulevart.
    Pobre coitado. – Dizia com certo sarcasmo. – Ele foi apenas outra marionete nossa. O amigo do câmera de Glória, o repórter que trabalhava para ela, na verdade forjou todas as acusações pra nós. É claro, o CD com as datas das mortes era real, mas a intenção era sempre por a culpa no governo Amarillo. Os Ditadores! – Ele ria   A risada de Alfredo era diabólica – Vocês nos ajudaram, e muito! Gente como Tiago e Asaph, sim, queríamos matar. Mas eles tornaram mais interessante toda a questão. E a fuga deles de nossas mãos, tornou-se mais interessante. Você pode perceber isso pela ótima gravação que Glória fez de vocês. Foi até um pouco cômico ver vocês me defenderem... Obviamente, nossa intenção era matar vocês, mas, as coisas mudaram com o tempo. A idéia inicial era matar apenas você Ignácio. Colocaríamos todas as provas que foi o governo e Clara com certeza procuraria Glória, com sugestão minha, é claro, e denunciaríamos o governo Amarillo.
      Era o toque final. A saída de mestre necessária! E foi tão rápido! Mais rápido do que esperávamos. Agora, olha lá fora. – Disse caminhando até a janela – O povo está me aclamando. Faixas nas ruas. Tudo o mais! Isso, graças a você! Graças a Clara!
    Ignácio estava indignado. Não podia acreditar em tudo que ouvia naquele exato momento. Era nojento. Ignácio sentiu o próprio mal naquela sala. As pinturas se moveram nos quadros!? Não... não! Era só impressão por tanto ódio que sentia naquele instante. Parecia que o peso da maldição estava ali como uma nuvem que fazia Ignácio suar. Sua dor era grande. Ele não conseguia dizer uma palavra.
       - Eu vou...
      - Você vai o que Ignácio? Me matar? Você não pode! Não aqui! Logo te pegarão! E pelo que sei, você se tornou um desses cristãos idiotas, não foi? Sei que dói, mas não tem o que fazer não é? – Ele foi sarcástico: – Não matarás! Está escrito...
    Ignácio baixou a cabeça. Ele tinha razão. O que fazer? Matá-lo? Não poderia. Não teria essa coragem. Mesmo ele merecendo. Contar às autoridades? Cria que não! Talvez o mal que dominava era maior que ele imaginava. O mais cruel era saber que ele, sua doce Clara e todos ali haviam posto aquele homem no Governo. Um maldito assassino!
     - Deus cobrará de você! Isso eu sei...
     Ao dizer isso, Alfredo soltou uma gargalhada diabólica.
    - Deus? Quem é Deus!? Deus, aquele velho sentado no seu trono? Ele não se importa! Ele não está nem aí pra vocês! Ele não quer vocês. Deus nunca vai vir a essa Terra. Ele criou a cada um para deixar a sua própria sorte.
     - Chega! – Gritou Ignácio – Deus se importou comigo! Ele me deu seu Filho Jesus. Saiba que Deus é mais real do que você e eu! Ele tem tudo em Suas mãos para fazer o que Ele desejar. Ele poderia nos deixar a nossa própria sorte porque pecamos! Mas Ele nos amou...
    - Você vai pregar para mim Ignácio? – Alfredo ria. – Eu o conheço muito bem. Isso me fez estar longe dele!
    Ignácio se calou por um momento tentando entender o que Alfredo dizia. Parecia não ser Alfredo quem falava.
     A voz de Alfredo, depois de dizer muitas palavras de blasfêmias contra Deus, pareceu se acalmar. Ele olhou para Ignácio.
    - Eu poderia te matar aqui. Mas não vou sujar meu tapete. Você sairá por essa porta. Ninguém acreditará em você. Poderei forjar qualquer coisa contra você! Qualquer coisa. As pessoas acreditarão. Você me ajudou Ignácio, lembra? À medida que Alfredo falava, ele mostrava-se muito seguro de tudo. – Então, ninguém acreditará em ti! Saiba, você sairá de minha sala, e em menos de vinte e quatro horas, seguirão você e te matarão.
      Ignácio olhou para ele e não temia. Não entendeu por que não temia, mas sabia que aquelas palavras de Alfredo não o amedrontaram.
      - Eu vou embora, mas eu sei de uma coisa: Deus me protegeu até agora. Se ele quiser me proteger ainda, ele o fará, se não quiser, não tem problema! Eu estarei com Ele.
     Alfredo não esboçou nenhuma reação diante daquelas palavras. Ignácio virou as costas e saiu. Em seu coração a certeza de que seria morto a qualquer momento, apesar de não temer. Ele olhou buscando Safira mas não a encontrou. Ela disse que estaria ali, mas não estava. Talvez tenha sido melhor assim. Ele saiu pela rua e olhou aquelas pessoas ainda ali no comício. Muita gente cantando, dançando. Ignácio se sentiu mal por ter ajudado a pôr aquele homem no poder. O homem que matara sua esposa. Ele entrou no carro. Deu a partida e se foi... 
Alfredo apertou um botão de sua secretária.
- Pede para um dos seguranças entrarem por favor.
- Pois não! –  Disse a secretária.
Quando o homem entrou Alfredo deu uma ordem a ele.
- Viu o homem que saiu daqui?
- Vi, sim senhor!
- Então o encontre e o mate! Ele sabe demais.
- Sim! Ainda hoje, senhor Beta!
Alfredo deu todas as coordenadas para o segurança.  Ele saiu. Quando passou pela primeira porta, ele foi atingido por algo e caiu desmaiado.

Alfredo olhava pela janela a festa na rua. A gritaria. A euforia. Ele sorria pelo plano tão bem elaborado. Sentiu que alguém entrou à sua sala. Ele não desviou o olhar da rua. Estava quieto. Pensou ser o segurança. Ele voltou seu olhar para a pessoa...
- Está faltando alguma co...? Quem é você? – Perguntou à mulher que se aproximava.
- A Justiça! – Disse Yolanda. A mulher espanhola. Ela girou no ar com um chute que fez Alfredo cambalear até sua mesa. Ele se levantou rapidamente e foi até sua mesa. Ele se levantou rapidamente e é sua mesa. Ele se levantou rapidamente e é sua mesa. Tentou ligar para sua secretária. Mal sabia ele que ela estava desmaiada por causa do formol que puseram em seu rosto. Como um relâmpago, Yolanda, Prendeu sua mão com uma faca fazendo-o gritar.
- Cale sua maldita boca! – Gritou Yolanda dando-lhe um soco no rosto. Sangue escorreu pelo lado de sua boca.
A dor foi imensa. Yolanda demonstrava ser uma mulher dura.
- O que você quer sua maldita?
- A Justiça! Vocês pagarão por tudo!
Alfredo tentava gritar, mas sabia que àquela altura, apenas o fato daquela mulher ter conseguido entrar ali, demonstrava que seus seguranças, no mínimo, estavam desmaiados. Yolanda, caminhou até Alfredo e olhou no seu dedo o anel escrito “BETA”.
- Isso me pertence! – Disse tirando-o de sua mão.
- Quem é você!? –  Diga! Gritava com a voz um pouco estranha devido ao sangue e aos dentes quebrados.
- Eu já disse. A justiça de vocês! Vocês não vencerão essa guerra!
Alfredo temeu. As pinturas nos quadros pareciam dançar. Havia algo ruim ali realmente inexplicável. O olhar de Yolanda estava vazio. Era duro e frio. Ela se aproximou dele.
- Vocês todos encontrarão o fim que merecem.
- Me mate se quiser, mas outros irão atrás de vocês!
- Eu não vou te matar seu idiota! Você ainda é o presidente! O que eu preciso eu tenho. – Disse segurando o anel na sua frente. – Além do mais, quando a corja de teus superiores souberem que você perdeu o anel, eles mesmo cuidarão de você!
Alfredo estava cheio de ódio, mas sabia que o que ela falava era verdade! Tentava sair, mas a faca estava prendendo sua mão à mesa.
- Maldita! Vagabunda, me tire daqui!
Ela olhava-o com desprezo. Ele girou e deu um chute em seu rosto. Ele desmaiou.  
Yolanda olhou mais uma vez para o anel e saiu.  Alfredo ficou ali desmaiado, caído sobre a mesa de sua sala. As pinturas nos quadros dançavam. Aquela sala não havia um ser vivo. Ao menos visível.

No Parque Rodô
Uma mulher sentada tomava um sorvete. Logo outra chegou perto dela e mais dois homens. Safira e Henrique, Uelignton e Yolanda.
- Onde está Paulo? – Perguntou Yolanda.
- Ele está com Clarice e agora Ricardo.
- Ele então decidiu ir com vocês? – Yolanda se referia à Ricardo.
- Sim. Isso foi bom, já que precisamos tê-lo conosco até que entendamos qual o propósito do Império com ele. Não sabemos se ele é o escolhido! – Disse Safira. – E Tiago?
- Ele está voltando para o Brasil. São Paulo. Ele tem o telefone que Yolanda deu a ele. Ele pensa que ela está morta. Será melhor assim – Disse Uelington. – Pode ser que precisemos dele no futuro, e é bom que ele pense que Yolanda está morta.
Yolanda estendeu a mão e deu um anel a Safira.
- Temos mais esse agora, então!
- Sim! Nosso tempo está se esgotando.
- Eu sei! –  Disse Safira. – Mas precisamos de ajuda. E essa gente, sim, nos poderá ajudar. O império está deixando rastros e precisamos segui-los.
- Quais são os próximos passos?
- Iremos para Espanha. Nós cinco.
- Certo! – Disse Yolanda. – e quanto a nós?
- Você e Uelignton ficarão aqui, pois talvez serão úteis aqui na América Latina. Precisamos descobrir tudo o que pudermos sobre a APLA. Ela pertence ao Império ou será apenas mais uma farsa?
- Não sabemos. Por isso vocês tem que estar aqui!
Eles concordaram.
- Ricardo já sabe sobre a família dele?
- Não Yolanda! Ele sabe que tem algo haver com sua família, mas não tudo. Precisamos deixar isso claro para tê-lo conosco. Eu prometi proteger seu irmão.
- Mas como? Você não vai pra Espanha?
- Antes, vão Ricardo e Henrique apenas. Depois iremos Clarice, Paulo e eu.
Yolanda e Uelignton olharam para Safira e sentiam que seu papel estava cumprido. 
Se despediram.
Ao longe um homem os observava.
- Então vocês estão agindo ainda, não é verdade? – Dizia um homem para si mesmo com um binóculo. Esse era Steve! Em sua mão, um anel com a sigla GAMA.


Ricardo no aeroporto de Montevidéu pensava no irmão. Paulo e Clarice estavam com ele.
- Como tudo isso chegou a esse ponto!?
- Não sabemos, Ricardo, mas você não sente que você precisa fazer o que está fazendo?
- Ao passo que sinto que preciso fazê-lo, sinto também que temo muito!
- Eu sei de perto o que eles são capazes, Ricardo, mas precisamos fazer... – Disse Clarice.
Todos ali tentavam se consolar, sem saber como.
- Paulo, cuide do meu irmão. Por favor.
- Estarei ao seu lado, Ricardo. Fique tranquilo.
- Você me promete?
- Prometo.
Ricardo partia para a Espanha. Henrique, amigo de Safira, seguiria pro mesmo local dois dias depois.
Eles se despediram.
Clarice olhou para Paulo.
- Como você cumprirá sua promessa, Paulo?
- Sei que não será fácil, Clarice, mas eu o farei! Alguma vez deixei de cumprir uma promessa?
- Não amor, nunca...
Eles se abraçaram. Sentiam que o pior ainda estava por vir.

24 de Março. 16:33

Tiago, olhou para a casa que durante um bom teve morou com seus amigos. Sem notícias dos seus amigos, sem comunicação com a igreja do Brasil e com sua base missionária sentia-se triste. Um missionário frustrado. Sentia que não tinha cumprido sua missão. Deus o que vim fazer aqui? Pensava.
Chegava o tempo de deixar o país que tanto amava. Em duas semanas tinha visto de tudo. Tristeza, morte, sangue, etc. O que mais tinha pra ver? Na verdade não queria ver mais nada.
Pegou sua mala e saiu da casa. Olhou para a única árvore que tinha em frente à sua casa. Quantas coisas viveu naquele lugar. Baixou a cabeça e ficou a pensar em tudo que tinha ocorrido. Ao levantar os olhos viu um carro com vidros insulfimados parado em frente. Seu coração disparou.
As portas do motorista e carona se abriram. Ele ficou assustado, mas logo se acalmou.
Moisés e Asaph estavam esperando-o.
- Vocês aqui!
Os dois foram até ele e o abraçaram.
- Obrigado por tudo, amigo. – Disse Moisés.
- Pelo que?
- Através de você encontramos quem realmente precisava ser encontrado: Jesus Cristo. – Disse Asaph.
Moisés sorriu.
Tiago então lembrou-se do que havia pensado há poucos minutos, Se tinha valido a pena sua ida ao Uruguai. Naquele momento sentia que sim.
Eles entraram no carro e partiram.
Samuel ao longe olhava pra eles. Estava triste.
- Perdoe amigo, por não me despedir de você. Mas não sou mais o mesmo! Me vingarei deles. Me vingarei... – Ele saiu.     
A casa dos missionários ficava vazia finalmente. Tiago se desfez de tudo. Mas deixou na mesinha de entrada a foto dele, Mayara e dos outros que não sabia o paradeiro. Um marco de que um dia eles estiveram ali. O sorriso na foto mostrava a alegria de um dia ter estado naquele país tão maravilhoso... 



FIM



Em Maio 2012 - Lançamento do Livro 
Império III - Aniquilação





Um comentário:

  1. Alan,

    Estou realizando um trabalho de incentivo a leitura com os jovens da minha igreja. Recebo ótimas referências da série Imperio.

    Como faço para adquiri-lo?

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