19 de maio de 2011

DIÁRIO Nº 20 - RELATO DE MOCHILEIRO 9 - AUSANGATE, O INDOMÁVEL


Algumas coisas em nossas vidas precisam ser feitas, por mais que nos amedrontem as vezes. Um dia poderemos olhar pra trás e dizer: "EU FIZ".

Nos dias 10 e 11 de Maio aconteceu uma das melhores viagens de minha. Uma das melhores experiências que tive e as fotos, as gravações e os escritos não conseguirão descrever a emoção maravilhosa que foi estar naquele lugar maravilhoso. Estar lá foi o clímax! cada cena jamais será esquecida e o que senti e ouvi ficarão, por muito, muito tempo em minha memória.

Ausagante, a montanha indomável, assistiu minha viagem. Ele sorria pra mim enquanto eu entrava em suas terras. Um inexperiente explorador, com apenas a emoção da viagem tinha a grata oportunidade de adentrar suas terras e contemplar toda sua imponente aparência, fazendo dele o rei daquele lugar!

10.05 - POVO TINKI

Quase não dormi durante toda a noite com medo de perder a hora á que tínhamos de despertar bem cedo pra nossa viagem. Vinícus e eu saímos do Hostel por volta das 6 da manhã. Chalex nos levou até à parada de ônibus e de lá seguimos até o povo Tinki, junto a Alfredo, um jovem de 21 anos que seria nosso guia.

Chegamos ao povo Tinki e vimos um lindo povo com seus trajes e seus costumes vivos e bem aparentes! Depois de 3 horas de ônibus, tomamos café da manhã no povo Tinki. Detalhe, o café da manhã foi arroz, ovo e batatas fritas além de um chá de coca. Esse é o costume daquele povo. Uma espécie de almoço no lugar do café. Dali seguimos mais uma hora de Taxi até uma parte que seria o início de nosso caminhar.

VINÍCIUS.

Vinícius se tornou uma pessoa especial pra mim. Um brasileiro que conheci no hostel muito sincero em suas opiniões. No meio do caminho tivemos uma conversa que foi bem forte por termos opiniões muito distintas sobre alguns assuntos. Entretanto, isso, de forma alguma nos impediu de termos uma boa relação durante a viagem e nos fez mais amigos!

O VERDADEIRO INÍCIO.

O táxi nos deixou numa parte e um rapaz nos aguardava com dois cavalos. Alfredo e ele armaram os cavalos e começamos a caminhada que seria de 4 horas. As visões que tivemos enquanto caminhávamos eram incríveis. Lagos maravilhosos. Animais nunca antes vistos por mim...

Depois de andarmos mais de 4 horas, finalmente chegamos ao lugar de nosso acampamento. O rapaz que foi à frente com os cavalos já havia montado o acampamento. Duas barracas! Local: Uma espécie de vale diante das montanhas dos andes. uma visão maravilhosa!

Perto de nós, um lago maravilhoso nos encantava! os animas perto de nós nos atraía de uma forma nunca antes sentida. Ali me sentia perto do céu!


A NOITE E A LUA

Depois de jantarmos (Alfredo nos preparava tudo), Vinícius foi pra nossa barraca e Alfredo e o outro rapaz pra deles. Estava escuro e com minha lanterna fui à uma pedra um pouco distante de nossas barracas e fui orar. O som da água, o frio que me cercava, as estrelas que iluminavam o céu assim como a Lua que me iluminava tímida me faziam pensar em Deus como talvez nunca antes pensei. Ali orei... Ali deitei sobre a rocha e comecei a lembrar de uma canção muito antiga... E cantei:

"Nosso Deus é soberano
Ele reina antes da fundação do mundo...
A Terra era sem forma e vazia
E o Espírito do Nosso Deus se movia sobre a face das águas..."

Não tinha como não chorar.

Comecei a olhar a Lua... Ali eu comecei a poetizar. Escrevi algumas coisas à luz da lanterna no meu diário e uma poesia foi escrita. Essa em breve postarei aqui...

Fui dormir. Extasiado estava. Um sentimento impossível de descrever. Estava ansioso pelo que o dia seguinte nos reservava.

11.05 - NEVE!

Levantamos às 3 da manhã. Tomamos um chocolate com água quente. Alfredo, Vinícius e eu começamos à caminhar. Caminhamos cerca de 2 horas por caminhos e pedras até que por volta das 4:50 da madrugada tocamos na neve. Eu tirei a luva que usava e toquei na neve! Foi incrível.

Alfredo então começou a nos preparar pra o que viria a seguir. Colocou grampos nos nossos tênis. Envolveu nossos calcanhares com um pano. Nos pôs um cinturão. Nos deu uma picareta e começamos a subir.

Ali estava caminhando sobre a neve. Depois de algum tempo já víamos o AUSANGATE embora fôssemos ao LA CAMPA. (5505 metros). A visão do AUSANGATE era impressionante, principalmente depois que o sol apareceu. Uma nuvem envolvia a ponta do Ausangate. por muitas vezes paramos para contemplá-lo como uma criança diante de um bolo de chocolate na vitrina. Estávamos extasiados!

Quando chegamos a certo ponto, Alfredo amarrou uma corda em nós. Eu fiquei no meio, Ele na frente e Vinícius atrás. Estávamos a uma certa distância um do outro. Houve vários caminhos íngremes pelo qual passamos.

Colocamos os óculos por causa da claridade e em um dado momento, ao olhar pra Alfredo e perceber que tínhamos que obedecer EXATAMENTE a tudo que ele dizia por ele ter a experiência e por ser ele o nosso guia, eu lembrei de JESUS como nosso guia. Era como se Deus falasse comigo ali. Eu só conheci Alfredo realmente ali, naqueles dias. Mas eu não conhecia suficiente pra ser chamado de meu AMIGO, mas ele era o meu GUIA! Eu precisava confiar plenamente nele e não sair do caminho nem fazer nada que ele não me permitisse ou dissesse.

Comecei a perceber que meu relacionamento com Jesus precisava e precisa ser daquela maneira, mesmo que não conheça JESUS plenamente como não conhecia a Alfredo plenamente! Independente de conhecer ou não Ele é o Meu GUIA E PRECISO CONFIAR PLENAMENTE NELE!!! ELE SABE O CAMINHO E ELE SABE O QUE PRECISAVA SER FEITO! Pensando nisso eu passei a escalar e chorar ao mesmo tempo. Estava de óculos e eles não perceberam que eu chorava! Muitas coisas mais foram ditas ao meu coração, mas não escreverei aqui agora.

Quando paramos eu disse a Alfredo: Você me lembra uma Pessoa que é Muito importante pra mim! Ele não me perguntou quem e eu também não o disse. Obviamente eu falava sobre Jesus!

PAREDE OCA!

Em dado momento, Alfredo ainda estava à frente. Eu segundo e Vinícius por último. Ao escalarmos uma parte íngreme, ao estacar a picareta no gelo, ela foi direto assim como minha mão. Percebi que estávamos numa parede oca e havia vários buracos. Ao olhar pra baixo percebi o quão alto estávamos e como era fundo o buraco naquela parede.

Eu tremi! Gritei a Alfredo sobre aquilo e ele me disse pra me acalmar e continuar subindo sem olhar pra baixo. O medo foi tanto (tenho acrofobia) subi o mais rápido possível apesar de estar extremamente cansado! Ao chegar onde Alfredo estava abracei-o como uma criança abraça o pai e fiquei ali respirando fundo e ele todo o tempo tentava me acalmar.

Depois fiquei com vergonha da minha atitude, mas Alfredo em momento algum me criticou por aquilo. Mas te confesso que aquilo me deu tremendo medo. Depois que descemos, Alfredo me disse que o "abismo" era mais fundo do que eu imaginava.

LA CAMPA.

Depois de horas e horas caminhando e escalando, finalmente chegamos ao LA CAMPA a mais de 5 mil e 500 metros de altura. Foi uma grande emoção! Foi uma das aventuras mais incríveis que já fiz em toda minha vida. Alfredo, Vinícius e eu estávamos no La Campa às 7:40 da manhã do dia 11 de Maio de 2011. Agradeci a Deus por tamanho privilégio de alcançar o topo de uma das montanhas da Cordilheira Andina.

De lá víamos o Ausangate e contemplávamos toda a beleza daquela natureza. Uma ave cruzou o céu e era como se zombasse de nós nos dizendo que ela podia chegar ali sem muito esforço. De qualquer maneira louvava a Deus por sua Criação!

Simplesmente emocionamte.

Essa viagem será impossível esquecer. Tanto pra mim com pra Vinícius foi uma das melhores experiências de nossas vidas!

PRÓXIMO RELATO: O retorno do La Campa, Uma Difícil Descida.




Um comentário:

  1. Nossa...(lendo sem fôlego)
    Muito feliz por você e cada experiência adquirida,
    Que Deus continue te abençoando e que num futuro muito próximo (mas muito próximo mesmo!) possamos nos encontrar.
    Fica com Deus
    Sinta meu enorme abraço

    Amanda

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